terça-feira, 18 de março de 2014

ESTA EUROPA, NÃO É A NOSSA EUROPA



A nossa República espoliada da sua independência e autonomia política e económica em consequência da sua entrada para uma Europa que deveria ser dos Estados e das Nações, mas que se transformou numa espécie de grande mercado de capitais. Onde burocratas da alta finança decidem sobre matérias de Estado sem legitimidade democrática e patriótica.

Aderimos a uma Europa dos Estados e das Nações. Dos Povos e das Culturas. Que rejeita a  Europa Federal onde os grandes são gigantes e os pequenos são insignificantes. É urgente restaurar essa Europa dos povos, da diversidade cultural e religiosa, onde os credos e as raças são a sua força e a sua razão de ser.

A uniformidade económica da Europa com a criação do Euro, a possibilidade de um governo europeu, de um Estado federal úno e tentacular, desprezou os povos, as culturas e marginalizou os diferentes e periféricos. Despertou os velhos fantasma do passado, como sejam os nacionalismos, os patriotismos estreitos e reaccionários, conduziu os povos para lançar estigmas sobre os do Sul e os do Norte. Os ricos e os pobres. Os pretos e os brancos. Os Católicos e os Protestantes. Os de cá e os de lá. Os que trabalham e os que gozam. Os que sabem poupar e os que gastam.

Esta Europa não une, mas divide. Esta Europa não integra mas desintegra. Esta Europa não é solidária mas hipócrita.

A Europa é assim uma grande praça de capitais, com um parlamento a fazer de conta, que trata de assuntos menores, mas que ratifica os programas que reduzem a vida dos povos a um pagar de impostos sem legitimidade social, política e económica.

Uma Europa que vive numa espécie de Palácio de Versalles, enquanto os seus povos, estados e nações empobrecem, mergulham num pessimismo coléctivo sem retorno aparente. Uma Europa que paga milhões aos seus deputados europeus e burocratas e carrega impostos e miséria aos povos das nações. Esta não é a Europa de Antero, de Pessoa, de Camões, Vitor Hugo, Cervantes, Rabelais, Rousseau, Kant, e tantos outros.

Mas qual é a nossa Europa?

 Com a sua soberania refém de um sistema financeiro de capitais globalizados e imorais, deixou de cuidar do seu povo, da sua pátria e da sua Nação.

O país está na rua, na praça, na net a discutir e a manifestar a sua total oposição a um programa político e a um governo que não representa a nação e o povo português. A política de representação ficou bloqueada, o sistema já não dá resposta às dificuldades e aos problemas que os portugueses enfrentam.

Primeiro foi o desemprego, depois o medo e agora é a frustração de todos aqueles que não encontram no governo actual capacidade de liderar uma nação e um povo.

O Pântano está aí. As corporações militares, judiciais e de defesa já passaram pela rua. Já demonstraram o seu agravo pela forma como vamos destruindo uma nação e um estado democrático.

Os órgãos de soberania entupiram. Respira-se um ambiente podre, monótono e asfixiante.Ninguém responde pela sua responsabilidade. Desde o Presidente da Républica ao Governo que a capacidade de lucidez deixou de ser uma regra e uma marca de água.

O retorno do Dr Relvas e a forma como este governo apresenta as suas políticas é quase sempre um epifenómeno de comunicação e de constrangimento político.

A população urbana protesta e pede Demissão.
Demissão do Governo. Demissão do Presidente da Republica. Demissão da Trouika e da Europa.

O pão falta nas casas, o trabalho é uma metáfora nos centros de formação, a inquietação das famílias é um drama. A frustração e a raiva acompanham-nos no dia a dia.

A comemoração do 25 de Abril é inquietante e provocadora. Quem imaginaria que passados 40 anos de Abril o povo tivesse que vir para a Rua não para festejar mas para lutar por pão, habitação e trabalho...

A Educação está pobre e doente. Está numa espécie de coma. Os professores em estado de frustração, de desalento, de empobrecimento. Os alunos sem rei nem roque. Sem perspectivas de nada. A educação está doente em virtude de todas estas maldades políticas.

As famílias em estado de miséria económica, perdem o trabalho, a casa e a dignidade. Perdem o emprego, o pão e a habitação.

Os doentes enlatados em corredores de morte e de vergonha social. Os Hospitais fecharam as portas à coesão e à solidariedade social.

Crianças, jovens e velhos pedem esmola pelas ruas da minha cidade.

A sociedade em estado de ruína é uma espécie de palco onde corruptos, mafiosos, engravatados e doutores decidem por uma Nação inteira.

É nas Torres de Vidro que advogados e vilões decidem em nome dos agiotas que condenam um povo, uma pátria e uma nação a um estado vegetativo.

A Assembleia da Republica é uma metáfora politica, onde se brinca com os nossos milhões e se dá pão e fome a uma Nação.

O suicídio, a vergonha, a miséria encoberta deste povo não podem impedir de celebrar o 25 de Abril.

Vamos acreditar que em 25 de Abril, se pode novamente dar Futuro a Portugal.

A República não pode comemorar o 25 de Abril: Portugal nega Estado Social aos mais pobres e vulneravéis

Portugal é um dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) em que os apoios do Estado são menos generosos para as famílias mais pobres. A conclusão surge num relatório divulgado esta terça-feira de manhã. 

A OCDE aconselha, por isso, Portugal a analisar com muito cuidado a maneira como gasta o dinheiro nos apoios sociais. A primeira prioridade, refere a organização, deve ser para com as famílias mais desprotegidas, lembrando, por exemplo, que seis em cada 10 desempregados não recebem qualquer tipo de apoios. 


O documento diz ainda que as ajudas de retaguarda para as famílias mais pobres são baixas e mesmo o Rendimento Social de Inserção (RSI), em 2011, não ia além de metade da linha de pobreza: cerca de 210 euros por mês. 


O relatório nota também que, enquanto na maior parte dos países da OCDE foram tomadas medidas para reforçar os apoios sociais aos mais pobres, as reformas levadas a cabo em Portugal desde 2010 tornaram esses benefícios menos acessíveis, resultando numa queda de 30% no número de beneficiários. 


Uma segunda prioridade é a ajuda às famílias mais desfavorecidas, de modo a beneficiarem da recuperação económica. 


O relatório nota que as desigualdades em Portugal se mantêm entre as mais elevadas da Europa e que os 30% com maior rendimento recebem mais transferências em dinheiro – incluindo pensões – do que os 30% com menor rendimento. Pior só mesmo a Turquia e o México. 


Um em cada seis jovens anos não estuda nem trabalha Um em cada seis jovens entre os 15 e os 24 anos não estavam a trabalhar, estudar ou ter formação em Portugal no quarto trimestre de 2012. O país apresenta, assim, a oitava taxa NEET mais elevada entre os países da OCDE. 


Segundo dados divulgados esta terça no relatório "Society at a Glance 2014", Portugal tinha uma taxa NEET (sigla que se refere a jovens que não estão a trabalhar, estudar ou em formação) de 15,3%. 


A percentagem está longe da observada na Grécia (27,4%), que lidera actualmente a lista, seguida da Turquia (26,7%), de Itália (21,4%), do México (21,1%), de Espanha (19,6%), República Checa (18,5%) e Irlanda (16,7%). 


Mas é superior à taxa média dos 33 países que pertencem à organização: 12,6%. 


A crise e consequente subida da taxa de desemprego, especialmente a juvenil, que em 2013 alcançou pela primeira vez os 40% em Portugal, estarão na origem de uma subida de 1,5 pontos percentuais da taxa NEET entre o quarto trimestre de 2007 e igual período de 2012. 


Na média dos países da OCDE, a taxa NEET também subiu, mas a um ritmo mais baixo, passando de 11,5% em 2007 para 12,6% em 2012

quinta-feira, 6 de março de 2014

Europa - Bonjour Tristesse!..


Os acontecimentos da Crimeia em pleno contexto de guerra civil na Ucrânia denunciaram como frágil é esta construção de uma Europa burocrática e pouco ou nada democrática. Ao longo destes anos governos, elites políticas e económicas, partidos do arco governativo foram alienando a soberania do Estado e da República Portuguesa em troca de uma Europa que nos pregavam dia a dia, como o reino do mercado e da liberalidade.

Uma Europa que se apresentava como um Mercado Único e Europeu em prol da sociedade, da empregabilidade, da subsidiaridade, da coesão entre o Norte e o Sul. Uma Europa que pregava e distribuía cartilhas contra a soberania dos estados e apresentava como única via um federalismo centrado no eixo Paris-Bona. 

A nossa elite ilustrada e estrangeirada, com formação e implantação nas cidades europeia ocidentais, combatia o regime do Estado Novo e sonhava com um Portugal Moderno e Europeu. O 25 de Abril possibilitou esse milagre político e cultural, derrubando uma regime moribundo e instalado, reformando as estruturas e as elites políticas, libertando os Povos Africanos de uma guerra já sem sentido e sem honra.

Com a implantação da democracia em Portugal pós 25 de Abril Portugal foi integrado na CEE, CE e agora UE. Um processo que teve como protagonistas Mário Soares, Cavaco Silva, Freitas do Amaral, Ramalho Eanes. Os partidos do "centrão" (CDS,PSD,PS) fizeram uma convergência estratégica para a entrada de Portugal na CE. Um processo de negociação enclausurado dentro dos directórios destes partidos, no qual o Povo da Nação não teve nem participação activa nem directa.

A cidadania e a Republica foram capturadas pelos directórios dos partidos que duvidavam do europeísmo dos seus povos. A elite decidiu em nome de Portugal e do Futuro de Portugal. Abandonamos a nossa matriz atlântica, fechamos os portos, abatemos as frotas, substituímos as fábricas de conserva por mega planos de regeneração urbana. Criando frente urbanos densificadas e especulativas em Viana do Castelo, Matosinhos, Aveiro, Ovar, Algarve, Porto, etc.

As discussões e as duvidas nunca foram submetidas a debate e a escrutínio popular. Foi tudo muito burocrático e fora dos instrumentos da democracia participada. A sociedade e as suas elites culturais, económicas e sociais foram ignoradas e estigmatizadas neste processo. Os lideres partidários verdadeiros arautos da boa nova, apresentavam-se como pregadores de uma Europa que vinha civilizar os "indios da meia praia".

Os Quadros Comunitários possibilitaram a entrada de muito dinheiro, que de forma fácil e criminosa serviu para comprar a liberdade, a autonomia e a alma de um Povo inteiro. Em troca da nossa soberania económica e política.

E agora, vamos discutir a Europa! ...Qual é o sentido de eleições para o Parlamento Europeu. Quando aqueles que legitimamente são eleitos por nós não têm os instrumentos democráticos para definir politica financeira e cambial, política económica e social que se situa "entrincheirada" no BCE.

E agora?

Portugal teve várias maiorias políticas assentes no poder dos dinheiros que chegavam em nome de programas da coesão social e económica, de instrumentos políticos de reformas do Estado, da Industria, da Agricultura e da Pesca, e da Educação e Formação.

Abatemos a pesca e a agricultura, a industria foi uma espécie de localização de unidades industriais no espaço rural sem acessibilidades e sem massa critica, que posteriormente foram deslocalizadas para outras zonas da Europa e do Mundo. Em nome da globalização e da liberalidade dos mercados financeiros.

Ao fim deste processo, vem a TROIKA apelar a uma Reforma profunda do país. Como é possível? Como é pensável estar a acontecer uma situação destas ao fim de dezenas e centenas de programas operacionais aplicados sob o "olhar vigilante dos comissários europeis"?

Hoje!..

Portugal é uma "jangada de pedra" à deriva, sem homem de leme, sem mapa e sem rota. A Europa já não é o que era.

Portugal deixou de ser um Estado e transformou-se num mercado em falência. 
Portugal vive angustiado como um órfão abandonado pelo padrasto sem nunca ter conhecido o progenitor.

Portugal tem 1000 anos. Ou coisa do género....