Portugal é um país inclinado e fortemente litorializado entre duas Áreas Metropolitanas (Porto e Lisboa). Dentro deste plano inclinado, uma pequena tira entre Braga e o Vale do Tejo, vivem mais ou menos oito milhões de portugueses, que têm acesso fácil a universidades, hospitais, aeroportos, empregos, cultura, arte, musica, convivio, desporto, mobilidade, ensino, oportunidades. Fora desta pequena tira de elevada densidade populacional e de equipamentos e bens e serviços, fica aquilo que classificamos como o interior de Portugal. Um interior na substância e na forma, mas muito pouco interior na distância deste litoral mais rico, mais desenvolvido, mais jovem, mais bem formado, mais infra-estruturado. Temos assim, um interior que fica a mais ou menos uma hora de distância deste litoral urbano e moderno, acantonado entre vales e montanhas, preso a maleitas antigas e de longa duração. Com identidades muito pouco dinâmicas e progressistas, aliás, velhas e estagnadas que servem mais de travão ao desenvolvimento do que mola desse mesmo desenvolvimento de que tanto se fala mas que teima em não chegar a este interior de pequena escala e de baixa densidade.
Nestas últimas décadas, fomos colocando infra-estruturas e equipamentos públicos neste espaço interior rururbanizado, de forma eleitoralista e sem obedecer a um Plano de Ordenamento Estratégico. O governo central em nome da República e de uma democracia representativa foi dando cobertura a estes desvarios, que serviram mais como moeda de troca entre eleitores e eleitos. Construíram-se equipamentos desajustados às realidades e às escalas das comunidades locais. Desperdiçaram-se bens e capitais, não houve uma filosofia politica que estabelecesse uma relação entre custo e beneficio, de forma a conservar os nossos recursos económicos e financeiros. Todo se fez na maior da irracionalidade política e no maior desgoverno das finanças locais e nacionais.
Nestes últimos anos fechamos escolas, equipamentos públicos, abandonamos as comunidades de matriz rural. Fizemos o abate da floresta local introduzindo espécies florestais estranhas e integradas numa matriz de monocultura intensiva - o exemplo, mais estúpido foi a plantação dos eucaliptos. Descuramos a floresta nobre que caracterizava estas zonas de montanha. Abandonamos os rios, as pequenas ribeiras, as tecnologias limpas e sustentáveis próprias dos recursos endógenos. Deixamos os campos, as veigas e os vales fundos à total mercê dos especuladores imobiliários. Destruímos a nossa reserva agrícola e florestal, com a plantação de casas, de armazéns, de equipamentos desportivos, etc. A especulação imobiliária e os negócios das Câmaras com as taxas da construção transformaram o território local num verdadeiro e complexo parque temático ao serviço de clientelas, de construtores civis, de políticos corruptos, de negócios que nos condenaram a um empobrecimento rápido e vergonhoso. Para o qual as novas gerações não estão preparadas e sobre o qual não tem qualquer tipo de responsabilidade.
Perante esta realidade de insustentabilidade territorial e de irracionalidade política na gestão dos governos locais o actual governo da República apresentou uma Reforma da Administração Local, que tem como princípio e nos desígnio transformar e qualificar a gestão dos território locais de matriz municipalista. Tornando-o mais sustentado e eficaz.
Todo o documento incorre de profundidade, de estudo, de programação e de validade. Fazem-se propostas que assentam num grau de insustentabilidade e fazem fé de probabilidades muito mal fundamentadas e estudadas.
Concordo que é preciso concentrar, densificar, qualificar e criar escala em termos sociais, políticos e financeiros, mas com racionalidade, com método e segurança. Falta aqui, um programa político de pensamento sólido que nos aponte outras vias e outras soluções.
Temo, que estejamos a caminhar sem fazer caminho. A mudar sem transformar. A destruir sem construir e sem projectar novos desígnios e novos mundos.
Esta Reforma pode bem ser a certidão de óbito do espaço rural. O fim destas pequenas comunidades que resistiram a tudo e a todos. As únicas que conservam o nosso ambiente, o nosso património local e contribuem para a dinamização de uma economia sustentável e para a implementação de activos turísticos. Com o encerrar de freguesias não resolvemos a questão grave, mesmo muito grave, da baixa densidade dos nossos concelhos e pelo contrário cavamos a sepultura destas comunidades rurais e de montanha. É o fim da sustentabilidade rural.
Nestas últimas décadas, fomos colocando infra-estruturas e equipamentos públicos neste espaço interior rururbanizado, de forma eleitoralista e sem obedecer a um Plano de Ordenamento Estratégico. O governo central em nome da República e de uma democracia representativa foi dando cobertura a estes desvarios, que serviram mais como moeda de troca entre eleitores e eleitos. Construíram-se equipamentos desajustados às realidades e às escalas das comunidades locais. Desperdiçaram-se bens e capitais, não houve uma filosofia politica que estabelecesse uma relação entre custo e beneficio, de forma a conservar os nossos recursos económicos e financeiros. Todo se fez na maior da irracionalidade política e no maior desgoverno das finanças locais e nacionais.
Nestes últimos anos fechamos escolas, equipamentos públicos, abandonamos as comunidades de matriz rural. Fizemos o abate da floresta local introduzindo espécies florestais estranhas e integradas numa matriz de monocultura intensiva - o exemplo, mais estúpido foi a plantação dos eucaliptos. Descuramos a floresta nobre que caracterizava estas zonas de montanha. Abandonamos os rios, as pequenas ribeiras, as tecnologias limpas e sustentáveis próprias dos recursos endógenos. Deixamos os campos, as veigas e os vales fundos à total mercê dos especuladores imobiliários. Destruímos a nossa reserva agrícola e florestal, com a plantação de casas, de armazéns, de equipamentos desportivos, etc. A especulação imobiliária e os negócios das Câmaras com as taxas da construção transformaram o território local num verdadeiro e complexo parque temático ao serviço de clientelas, de construtores civis, de políticos corruptos, de negócios que nos condenaram a um empobrecimento rápido e vergonhoso. Para o qual as novas gerações não estão preparadas e sobre o qual não tem qualquer tipo de responsabilidade.
Perante esta realidade de insustentabilidade territorial e de irracionalidade política na gestão dos governos locais o actual governo da República apresentou uma Reforma da Administração Local, que tem como princípio e nos desígnio transformar e qualificar a gestão dos território locais de matriz municipalista. Tornando-o mais sustentado e eficaz.
Todo o documento incorre de profundidade, de estudo, de programação e de validade. Fazem-se propostas que assentam num grau de insustentabilidade e fazem fé de probabilidades muito mal fundamentadas e estudadas.
Concordo que é preciso concentrar, densificar, qualificar e criar escala em termos sociais, políticos e financeiros, mas com racionalidade, com método e segurança. Falta aqui, um programa político de pensamento sólido que nos aponte outras vias e outras soluções.
Temo, que estejamos a caminhar sem fazer caminho. A mudar sem transformar. A destruir sem construir e sem projectar novos desígnios e novos mundos.
Esta Reforma pode bem ser a certidão de óbito do espaço rural. O fim destas pequenas comunidades que resistiram a tudo e a todos. As únicas que conservam o nosso ambiente, o nosso património local e contribuem para a dinamização de uma economia sustentável e para a implementação de activos turísticos. Com o encerrar de freguesias não resolvemos a questão grave, mesmo muito grave, da baixa densidade dos nossos concelhos e pelo contrário cavamos a sepultura destas comunidades rurais e de montanha. É o fim da sustentabilidade rural.
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