sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Prelúdio à minha cidade

A cidade escura, molhada, cinzenta e labiríntica
passaros, pessoas, ninhos apinhados nas suas colinas
muralhas e palácios
caminhos da memória
purgatórios e pecadores numa cidade de pedra e sal


caminhos
cruzes de salivas e mantos de pele
gritos, gemidos lá para os lados da Sé
bispos e cardeais
pecadores e mulheres sem vida


terços
filosofias e razões
paixões
prisões camilianas

grades, ferrolhos, muros
casas grandes
infantas e virgens
interditos e transgressões

cavaleiros de pedra e mármore
fixos à memória
partida, fragmentada de tempos
sem estórias

homens, farrapos, caixotes, mantas
sonham nas encostas das ruas
prédios solitários
albergam pardais e
gente perdida
sem rosto de ninguém

Antónios
Felisbertas
Marias
Terra de barqueiros, de burgueses e povo miudo


Lá para o mar
a lua enche o manto da cidade




sábado, 8 de dezembro de 2012

O Armário Transparente



Um armário grande, antigo, velho e transparente numa casa que se queria de tamanho médio, bonita e com paisagem para o mar.

Assim, começa a estória de um velho armário que durante séculos de vidas inteiras esteve arrumado entre paredes, escombros e ruinas. Nada mais poético para os dias de hoje.
O problema é que este armário despertou muita curiosiade e muita perplexidade.

Qual a origem deste armário, alto, sólido, retangular e transparente ao mundo?
Uns identificam a sua origem mourisca, berbere deste belo armário. Outros, buscam origens nos celtas, nos germanos que por aqui viveram e construiram as suas quintas, os seus bosques e as suas aldeias e santuários.

Mas este armário era uma espécie de instalação histórica sobre a identidade de um pedaço de povo, de cultura e de sociedade.
Dentro dele estavam depositados os registos vitais de uma cultura ancestral, de um povo criativo, imaginativo que adorava olhar o mar, contemplar o canto das sereias, escutar o canto das aves, e dormir à sombra de um passado de glória e aventura feito de mar e espuma.

Havia dias que de dentro do armário saiam vozes, sons, gritos e paixões de um povo feito de sangue e glória.
Nos fundos deste armário encontravam-se corpos decepados, amados e a sangrar de raiva e de autonomia por um Reino que se queria independente.
Aqui, habitavam anjos, santos e virgens de majestade, registados em pergaminhos com miniaturas religiosamente desenhadas por copistas, que acreditavam na mortificação do corpo e na disciplina em favor do espirito e da elevação da alma.

A santidade era um fim, num trajecto pouco digno de quem ama a deus e venera o senhor. Confissões, credos e paixões onde as fogueiras libertavam os pecadores, acreditando nós na Santa Inquisição. Um pedaço de doença contagiosa, impura, maldita que de vez enquando acorda e lança o medo nas prateleiras cimeiras deste velho e carunchoso armário. Um mundo sórdido de medos e fobias, onde a psicanálise colectiva reina e nada resolve.

Um armário palco de reis e princesas, de cavaleiros e aventureiros, de poetas e mercadores, de pecadores e santos, de virgens e imaculadas, de pescadores e de pastores, onde as redes e as alfaias são uma espécie de simbolos deste brasão a que chamam portugalidade.

Homens, mulheres e crianças dormiam e aqueciam os seus corpos nos madeiros grossos e delicados deste velho armário, esquecido do mundo que outrora tinha descoberto e que pensara seu eterno. Sentados nas varandas deste armário era possível contemplar barcaças e marinheiros, africas e brazis, sonhos e fantasias, medos e fobias, crenças e filosofias.

Lá dentro, bem ao fundo podemos escutar Gil Vicente, de nome, poeta dramático, que com seus Autos, entretia a corte e permitia-se a identificar as contradições e os paradoxos de um povo e de uma sociedade que tardava em renascer. Nesta prateleira funda, esquecida e pouco conhecida vamos encontrar o Auto dos Agravados e o Auto da Lusitania. Aqui fantasia e alegoria convivem e tecem intrigas e estórias verídicas sobre a moralidade e a mentira da fundação de um reino, sem rei e sem rainha.

É tarde, a noite cai o nevoeiro torna-se espesso, e D. Sebastião afunda-se nas galés do tempo. A incógnita, o desespero, a solidão, os medos rompem nas galés e nas galerias subterrâneas deste armário fundo e velho. Os fantasmas, os hinos e as ossanas, ecoam por entre as telas e os vitrais, padres e querubins, numa embriaguês dionisíaca, dançam uma dança de loucos. Frenética e angustiante.

Mas ainda cá temos o Poeta. O grande poeta. Esse Camões com as suas sereias, as suas ninfas, a sua ilha do amor. Onde o mel e a sensualidade transbordam e fazem renascer este armário dando-lhe aquele sopro inteligente de vida. Num apontamento poético e erótico o poeta lança-nos as guias do futuro, do pretérito imperfeito, a narrativa do amanhã.

Com Camões este velho armário habita na fortuna, no destino, na aventura, na utopia...no amor. Portugal ganha o seu Adamastor, o seu herói gigante que nas palavras do poeta ilustram a densidade da vida feita utopia.

        "que me custava ter-me neste engano
          ou fosse monte, nuvem, sonho ou nada?"



quinta-feira, 1 de novembro de 2012

PORTUGAL FORA DO EURO...PORQUE NÃO?



Portugal fora da Europa Federal... Porque não?!

Escrevo este post e recordo-me que aquando da adesão de Portugal à zona euro, tive a oportunidade de escrever um pequeno artigo num jornal nacional, contra a adesão de Portugal ao euro. Esta minha tese assentava em duas premissas.

A primeira assentava na ideia de soberania do Estado e da Nação. No pressuposto que toda a alienação de soberania tinha que ser obrigatóriamente sancionada por um referendo popular.

O que aliás, não veio a acontecer por vontade dos partidos do centro direita e centro esquerda (CDS, PSD e PS), que remeteram a decisão para os orgãos de representação ( Presidencia da República, Assembleia da Republica e Governo).

A segunda razão, assentava na ideia de que ao aderir à moeda única europeia, Portugal estava a perder e a alienar soberania económica, fiscal e governativa. Perdia a sua moeda e com ela a capacidade de poder utilizar a moeda como um instrumento de valorização económica.

 O nosso país deslocava as decisões mais importantes para o núcleo duro e burocrático de uma Europa que iria decidir contra os parlamentos nacionais e soberanos. Estes sim, foram eleitos pelo seu povo e dele dependem.

Claro que esta entrada no Euro tinha beneficiados e traria lucros a um sistema financeiro global. A banca e os partidos políticos acolheram a moeda euro com simpatia e transformaram esse instrumento financeiro numa moeda de troca para ganharem maiorias absolutas e lugares bem pagos na europa.

Desde o parlamento europeu, passando pelos comissões europeias, secretarias e mais programas europeus. Foi sem duvida, um paraíso económico e uma espécie de Erasmus político. De formação de burocratas que contagiados pelo crença numa europa burocra  que se quer federal perderam a sua dimensão nacional e deslocaram o seu olhar para aqueles que lhes possibilitavam uma renda de valor muito elevado.

Os Estados-Nação foram atrofiados e desvalorizados.

Os parlamentos nacionais foram transformados numa espécie de antecâmara do poder federal europeu e pouco ou nada decidem.

O povo foi contaminado com os produtos baratos vindos da china, que destruia o nosso pequeno sector industrial. O dinheiro fácil e as  viagens pelo mundo a crédito barato deram a uma classe média baixa a sensação de poder e de boa vida.

A mesma europa, os mesmos burocratas que foram atirando dinheiro em cima das pessoas, dos governos locais e regionais, sem critério e fiscalização tinham um objectivo. Passar a ideia de que a Europa era solidária e que estaria sempre disponível para o pagode e para a festança. A populaça andava delirante entre passeios e a jantaradas e os polóticos com o cheque na mão lá iam distribuindo pelas suas clientalas o pão e o circo.

No fundo, a distribuição de euros pela sociedade portuguesa, tinha um objectivo. Entreter o povo com emprego ficticio, com economia de plástico, com investimento sem retorno, para os burocratas e os politicos poderem de forma subtil e às vezes até brutal: destruir as pescas, o sector transformativo, a agricultura, o ensino com Bolonha, etc. Lá fomos vendendo a pátria e a Nação.

Quando hoje, leio com alguma angustia as criticas do Dr Mário Soares fico sem tino. Onde andava esta alma nas décadas de 80 e 90? E o Dr Sampaio? E o Dr Cavaco? E o Dr Freitas do Amaral? E o PS? E o PSD?..

E agora?...

Defendem que é preciso caminhar para uma Europa Federal.
Para um Governo Europeu Federalista. Meu caro Paulo Rangel isso é um disparate pegado.  Todo o político sério e todo o intelectual independente sabe que nunca haverá um governo europeu eleito e representativo das Nações Europeias.

Mas, um Directório Franco-Alemão. Com interesses que não são os interesses dos Estados do Sul, periféricos e Atlânticos. Portugal não pode continuar nesta situação.

É urgente refundar a EUROPA DOS ESTADOS NAÇÕES. Edgar Morin, escrevia que uma Europa só pode ser uma Europa das Nações e dos Estados. Nunca uma Europa Federal.

É urgente restaurar o ESTADO NAÇÃO PORTUGAL. Possivelmente teremos que correr com esses vendilhões da Nação. Esses funcionários bem pagos por essa Europa Burocrática e nada democrática. Onde a finança decide de forma absoluta, contra a vontade de um Povo.

Onde mora a Democracia.
Onde está a CASA DA DEMOCRACIA.
Nos Parlamentos Nacionais. Com isto não estou a defender que Portugal deve abandonar a União Europeia e fechar-se dentro das suas fronteiras. Estupidamente isolado. Nada disso.
Mas que se deve empenhar na construção de uma Europa das Nações. A única que pode trazer progresso, paz social e harmonia entre os Povos e as Culturas diferenciadas.

Nunca uma Europa Federal contra o Estado e as Nações -, que obrigatóriamente conduzirá a Europa para o renascer dos nacionalismos violentos e fascistas. Ver o que se passa na Espanha. Na Bélgica. No Norte da Europa. E na Grécia.

Cada Nação deve manter a sua autonomia politica.
A sua singularidade cultural e a sua politica cambial.
O Euro foi uma forma encoberta de impor um federalismo pelo metal. E as consequências estão aí vem visiveis. 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Dlim, Dlão, Dlim...Dlão.

O nosso tempo é cada vez mais circular e esférico. Perdemos a profundidade e a temporalidade das coisas reais, próprias da vida social e cultural. A contingência e a transitoriedade são uma ilusão social, que nos conduzem para um abismo de incertezas e de angustias quotidianas.

O consumo e a velocidade. A banalidade e a uniformidade burocrática. Conduzem as civilizações para uma espécie de espaço comum, comprimido e estupidamente redutor. Uniforme nos conteudos e mecânico nas estéticas da apropriação. Um mundo erotizante e desfragmentado nos valores e nas iedologias reinantes.

As economias globalizam-se em prol de um sistema financeiro e capitalista. É a promoçao de uma economia global sem valores e sem escrupulos.

Vivemos num tempo neuróticamente desestruturado. Onde a pessoa não é um valor em si, mas uma moeda de troca num sistema hiper-financeiro e hiper-neurótico.

A deslocalização, a fragmentação e a brutalidade social conduzem o planeta para um caminho de via única, onde o humanismo e a social democracia são uma espécie pecado original. São tempos de espiação.

Um Mundo sem limites e sem fronteiras vive na ángustia frenética da violência e da morte que todos os dias e a todas as horas nos entram pela nossa retina a partir de um qualquer televisor. É a violência servida de forma descontextualizada e sem dor, sem moral e sem ressentimento. Um mundo indolor e insensato que nos arrasta para uma insensibilidade social e politica.

A pessoa. Os sentimentos. Os valores humanos.
Cedem perante a agressividade de uma lógica material que é filha de um calculismo atroz.

 A sociedade caminha vertiginosamente para uma insensibilidade sem limites, provocando miséria e pobreza. O desemprego é uma realidade contundente, provocando a angustia social e a incerteza na vida das pessoas.

Toda a sociedade, incluindo os seus actores sociais vivem condicionados por uma vulnerabilidade económica e social, que lhes retira a força e a energia positiva.

A dignidade humana fica refém de uma simples e marginal folha de cálculo. A sociedade vitima destas crises financeiras e especulativas, cai numa situação de insustentabilidade de regime.

O Estado comprimido, magro e marginalizado pela burocracia europeia vive encolhido entre uma democracia agonizante e um estado emergente de soluções radicais, sejam elas de direita ou de esquerda.

 A sociedade recolhe para um espaço social comprimido entre dois pontos virtuais, desmaterializados pela revolução tecnológica das redes sociais através da Net e procura refundar esse sentido antropológico e social do direito à rua, à manifestação e à contestação contra uma ordem económica e politica global e globalizante. De traço social e económica inaceitável.

Estamos perante o retorno das lutas sociais, dos movimentos urbanos tipicos dos Anos 20, 50 e 60. Com outra capacidade de organização e com outra capacidade de mobilização, homens e mulheres, crianças e velhos marcham novamente pelas ruas lançando gritos de revolta e de contestação.

Gostariamos que esta nova consciência social e cultural possibilita-se a construção de uma Nova Ágora.

Que tivesse como matriz um humanismo globalizante e cosmopolita, capaz de valorizar a singularidade na universalidade. Impedindo a implementação e a construção de modelos mecânicos que nos querem impor uma sociedade redutora, financista, pobre na complexidade e fascista na acção.

Os instrumentos de acreditação social e de interação virtual podem possibilitar essa explosão de esperança e de felicidade que todos, mesmo todos, desejamos alcançar de forma democrática e solidária.

Pensamos que o caminho é de solidariedade, mas também de esperança e partilha.

A Humanidade na sua fraternidade deve caminhar para essa Terra da Fraternidade entre Povos e Nações. As diferenças de cor, de genero, de ideológia e de religião não podem continuar a alimentar Estados que são verdadeiras máquinas de terror e de violência institucionalizada.

Como diria Eugenio Trias, o homem é ele e a sua condição humana. Na tese feliz de que é na ideia de limite, que nós somos os limites do Mundo.

São tempos de CELEBRAÇÃO!.. São tempos de Exaltação!..

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Orçamento de Estado para 2013: Administração Local e Lei das Finanças Locais

Portugal vive uma fase de grande dificuldade orçamental motivada pela Divida Soberana da República, consequência de anos de governação socialista irresponsável e imprudente. O projecto de lei de Orçamento do Estado para 2013 é o rosto visível dessa situação de forte ajustamento num contexto de crise económica, financeira no mundo global.

Portugal apresenta um quadro macroeconómico preocupante e de grande dificuldade, com o consumo privado a descer de 2,1 (em 2010) para resultados negativos de -5,9 (segundo semestre de 2012); o consumo público desce de 0,9 (2010) para -3,9 (segundo semestre de 2012. A procura interna baixa para -7,6 (2012) as importações caem para números impressionantes de -8,1. Salvam-se as exportações que sobem positivamente para 4,3. Um número que faz a diferença positiva neste contexto de ajustamento e de contracção da economia nacional e do mercado interno.

Esta realidade macroeconómica interfere na realidade social e económica do país, com taxas de desemprego muito elevadas de 15,0, onde a taxa de desemprego de longa duração é brutal, já atinge os valores muito preocupantes de 53,6. De realçar que esta taxa de desemprego em 2010 já rondava os impressionantes valores de 54,3 % da população activa portuguesa. O que remete esta origem do problema para os tais problemas estruturantes da nossa sociedade. No fundo, podemos até concluir que com as medidas de ajustamento esta taxa de desemprego de longa duração não se agravou muito.Porque ela também é em si um fenómeno social que se integra na estrutura de médio e longo prazo. Aqui, questiona-se porque falharam os programas de formação técnica e profissional apoiados pelo QREN. A taxa de desemprego jovem tambem é um dado assustador, porque já está nos dois dígitos  isto é, situando-se numa taxa de cerca de 35,9 %.

Estamos numa situação bipolar, isto é, de um lado uma população activa sem formação e envelhecida que engrossa os números da taxa de desemprego de longa duração; e do outro, uma população jovem, dinâmica, formada que não encontra em Portugal um mercado de trabalho onde possam aplicar os seus conhecimentos. Estes jovens quadros emigram, deixam o seu país sem terem a possibilidade de aplicar aqui os seus conhecimentos e competências.É também uma forma de empobrecimento social, cultural e empresarial, que em nada contribui para a nossa alavancagem.

Assim, as condições do mercado de trabalho por um lado, e a evolução dos salários da administração pública por outro, contribuíram para a redução de 6,5 dos salários nominais no primeiro semestre de 2012. Conduz a uma percentagem elevada de falências nas pequenas e medias empresas que vivem e dependem da dinâmica do mercado nacional e do consumo interno. Associado a tudo isto, os bens energéticos sofrem um aumento de 11,5%, o que ainda mais agrava os custos de produção nas PME`s. Neste contexto, um dado que nos parece contraditório e quase estúpido é por exemplo, o facto dos salarios nominais sofrerem uma baixa de -8,9 (2.º semestre 2012) e os Custos por Unidade de Trabalho Produzido descerem para -5,4% (2.º semestre 2012). Esta politica de redução dos salários nominais está a afectar o mercado interno e a colocar as empresas familiares e as PME`s em situação de falência. O que nos parece ser uma medida pouco ou nada estruturante em termos de dinamização do mercado e da economia, pois, salários baixos não nos conduzem para uma maior competitividade e eficácia.

No sector das Exportações, ficamos com a certeza que são os produtos com maior grau de intensidade tecnológica e maior grau de formação técnica e cientifica, e com melhores salários que conseguem competir com os mercados internacionais e mais sofisticados.

O Turismo continua a ser a componente mais importante, sendo de destacar o crescimento das exportações de serviços de transportes e comunicações, a exportação de software e serviços de I&D. Esta procura por mercados internacionais por parte das empresas nacionais não está independente do facto de que a fraqueza da procura interna proveniente tanto do lado do investimento como do consumo, está a levar as empresas nacionais a procurar novos mercados (Angola, Brasil, China, EUA, e Marrocos).As nossas exportações para países que não fazem parte da União Europeia cresceu para cerca de 27%, o que muito bom.

Este orçamento estrutura-se na lógica de uma racionalidade de gestão de grande disciplina orçamental, de eficiência e eficácia do controle da despesa publica. As medidas são todas elas de grande perplexidade, porque difíceis de aplicação e patrocinadoras de grande insatisfação social, económica e política. O programa orçamental é demasiadamente duro, frio e positivista porque assenta numa lógica económica de calculo em função de metas que Portugal (durante o governo Socialista) acordou com a chamada Troika (FMI, BCE, CE).

Este modelo de ajustamento patrocinou algumas das medidas da reforma orçamental aqui apresentadas e desenvolvidas, como por exemplo, a Lei n.º 8/2012 de 21 de Fevereiro, a chamada Lei dos Compromissos e dos Pagamentos em Atraso (LCPA) que tem como principio-chave o modelo de controlo dos compromissos e pagamentos em atraso, isto é, que a execução orçamental não pode em nenhum momento conduzir à acumulação de pagamentos em atraso - divida futura. Desta forma parece-nos bem que o sistema de controlo da despesa pública deixou de estar centrado nos pagamentos, para estar focalizado na assunção de compromissos pelas entidades públicas face á dotação orçamental anual.

Na nossa modéstia opinião, concordamos com o principio e com a filosofia da medida, contudo classificamos a sua aplicabilidade como um potencial instrumento de descriminação negativa para com as populações locais que possam ter uma Autarquia endividada e em risco de falência financeira. Claro que as populações também são responsáveis pela má gestão dos seus autarcas, a quem elegeram e a quem deram elegeram para os representar.Mesmo assim, existem sectores públicos como a alimentação das crianças nas escolas, nas IPSS`s, os transportes escolares, o apoio aos idosos, etc.que não podem sofrer com esta aplicação da LCPA.



Nota: Continua...

sábado, 29 de setembro de 2012

Uma Politica Cultural para Baião

Uma sociedade culta, dinâmica, criativa e empreendedora está indubitavelmente associada a um programa de desenvolvimento social e cultural que valorize os segmentos da cultura, do ambiente e do património, enquanto sectores fundamentais para a dinamização das economias criativas.

 Infelizmente, na região do Douro e particularmente no concelho de Baião, a cultura, o ambiente e o património não são mais do que uma retórica ao serviço de uma propaganda que assenta num conjunto de actividades e de pseudo projectos em torno de umas visitas, umas encenações folclóricas que em nada valorizam a cidadania inclusiva.

Existe sim, um discurso de património em torno da arqueologia e a animação arqueológica, pouco dignificante porque nele está ausente uma programação racionalizada e especializada da promoção, do estudo, da classificação do património e do ambiente concelhio.

Era necessário elaborar um Plano Director para a Cultura, o Ambiente e o Património que associa-se estes vectores à actividade turística, de forma a estruturar modelos e objectivos concretos, que conduzissem a actividade cultural para soluções abrangentes e sustentáveis, fora dos esquemas redutores da propaganda e do eleitoralismo efémero que esta Câmara tem aplicado a estas áreas.

O mesmo se passa com a deficiente e quase inexistência valorização económica e social dos equipamentos e infraestruturas municipais que a Exma Drª Emilia Silva mandou construir para a promoção da actividade cultural. Era necessário a implementação de um Plano Director para a dinamização destas infraestruturas macro-económicas, assente num conjunto de programas e de  estratégias que possibilitassem a organização de um conjunto de actividades programadas, estruturadas, pensadas, a partir de um programa mais amplo e moderno. Associado a este Plano Director para a Cultura devia aparecer um Centro de Formação de Públicos, a partir de uma concepção de eventos, da promoção dos sitios e lugares de memórias patrimoniais de excelência.

Transformar a Casa de Chavães numa AGÊNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE INDUSTRIAS CRIATIVAS, com uma organização em rede que valorize e retire ad valorem dos equipamentos municipais distribuídos pelo território concelhio. Desde a criação de um Centro de Congressos e Exposições Regionais e Internacionais a instalar no Auditório Municipal de Baião. A implementação de um Laboratório de Produções Artísticas Criativas a partir de uma Plataforma de parceiros locais, regionais, nacionais e internacionais envolvendo as Instituições Locais e Regionais e as Instituições Universitárias Portuguesas e estrangeiras; a implementação de um Centro Aplicado ao Desenvolvimento Agrário no Mosteiro de Ancede: com três vertentes complementares: ensino e formação profissional na área; ninho empresarial agrícola e turístico; um núcleo duro que promovesse a participação das empresas locais e residentes no desenho de projectos de desenvolvimento sustentádo - com a aplicação de modelos de inovação e de criação empresarial ; bem como a instalação aí de um Centro Documental sobre o Conhecimento Local enquanto actividade prática e localizada. Instalar no Mosteiro de Ancede o Observatório para as Actividades ambientais e turísticas, associando os parceiros locais e regionais.

Em relação ao Património Museológico pensar na Criação de um Museu Municipal de Arqueologia e do Território, tirando partido do vasto património local e das potencialidade dos sitios arqueológicos da Serra da Aboboreira e de Matos a partir dos trabalhos aí desenvolvidos pelo casal Oliveira Jorge. Criar um Centro Interpretativo da Paisagem e do Património na Serra da Aboboreira, criando sinergias nas áreas da formação, do conhecimento e do lazer cultural e cientifico. É urgente a criação de um Programa Integrado para esta temática para acabar de vez com a retórica, com a demagogia e o populismo de anos de abandono e de desleixo nesta temática. Não basta colocar lá umas vedações e uns postes de madeira, e fazer umas quantas intervençoes de cosmética, com a restauração de alguns dolmens e pronto. Nada disto é intervir de forma sistemática a valorizar a cultura e o património.

A importância de uma politica local para o arquivo e documentalismo que podem ser incorporadas numa Biblioteca Municipal com outra filosofia e com outra estrutura de serviços. Actualmente o concelho de Baião sofre de uma grande carência de serviços educativos e culturais nesta área. Aquilo que se vai fazendo a partir do trabalho voluntarista de uma técnica superior na área da arqueologia não é suficiente e não é o caminho que nos pode levar para uma maior qualidade de vida social.A actual Câmara Socialista nada fez sobre esta matéria a não ser demagogia e propaganda, tendo como aliados algumas instituições locais que participam na mentira e na fraude cultural. Com a implementação de uns teatrinhos serôdios sobre o património local, induzindo as criancinhas numa visão deturpada da história local e da importância da história na formação dos jovens.

Tudo isto fazia sentido se a Câmara tivesse isso sim um Departamento de Animação Cultural com animadores com especialização nas artes da representação e da encenação. Coisa que não acontece. O tal Serviço Educativo com técnicos na área da expressão artística e corporal que em sintonia com as direcções escolares podiam desenvolver um serviço de formação e de expressão de valor acrescentado. Nesta Câmara o importante não é servir e educar as crianças, mas manipular e angariar votos, a partir de um serviço que mais nao é do que um Departamento de Propaganda encoberto nos conteúdos e subtil na forma.

Para terminar podemos colocar a questão: quem vai financiar todo este programa? É facil e barato. Não é preciso construir novos edificios para além daqueles que já existem.  Por outro lado, o dinheiro que actualmente esta Câmara desperdiça em serviços mediocres e inutéis, benm como em técnicos e assessorias muito caras, permitem-nos seleccionar técnicos capazes, jovens formados do nosso concelho nas áreas e dar-lhes a possibilidade de aplicar os seus conhecimentos em beneficio da sua Terra e das suas Gentes.
Penso, que até se pode poupar muito dinheiro e prestar outro serviço e com outra qualidade. Claro que isso implica abandonar a politica cultural do tacho, da retórica fiada e do apoio fácil para as associações e fundações dos amigos socialistas.






quarta-feira, 26 de setembro de 2012

E O DOURO PASSA AO LADO...

Caros amigos é com grande tristeza a minha que olho para este Douro imenso, profundo, rico e diversificado. Como pode ser possível que os nossos autarcas e políticos não concertem uma estratégia, um programa para alavancar a região, de forma a transformar esta imensa riqueza num activo económico ao serviço dos seus residentes e dos seus pequenos e médios proprietários. Infelizmente, o Douro continua com as mesmas taxas que nos marcam negativamente no que se refere ao desenvolvimento social, cultural e económico no contexto da Europa e no contexto do litoral português.

Os nossos políticos sempre na mesma ladainha lá vão enganando o povo, com promessas sempre adiadas, com a ilusão das festas, das idas a Fatima, com as Jantaradas, com os subsidios para as IPSS`s locais, lá conseguem ganhar as eleições e a conservar o poder eternamente. O Povo na sua humildade e seriedade nuns casos, noutros o povo entra no jogo e caminha em direcção a uma irresponsabilidade civica. Afastando-se da politica e deixando os seus governantes locais com a corda solta durante quatro anos, os politicos usam e abusam desse poder delegado pelo voto a que chamam democracia representativa.

Os governos locais abandonam assim os interesses locais da governança e organizam a sua vida politica numa trajectória que os leva para outros mundos da politica, mais aliciantes e mais importantes no controlo das decisões internas dos partidos e do aparelho do ESTADO. O POVO distraido com a vida dura do trabalho e com as dificuldades que hoje vivemos, não se apercebe destas estratégias e destas trajectórias. 
A
O espaço local é assim uma rampa de lançamento para outros locais, esses sim muito desejados pelos jovens turcos da politica. Que vivem na sombra dos partidos locais. Raramente opinam, debatem, ousam criticar, ou dar uma ideia sobre qualquer tipo de assunto. São uma espécie de eunucos da politica, que vivem de forma parasitária nos meandros do poder.

Desta forma no Douro não se discute as alavancas macro-económicas para a região do EDT (Entre Douro E Tâmega), como a necessidade de reabilitar a Linha do Douro, uma estrutura ferroviária de interesse macro-económico regional. Sem esconder a sua mais valia para a coesão social regional e a sua relação com a proximidade para com a Área Metropolitana do Porto. Por exemplo, o caso de Baião, um concelho com uma frente de grande amplitude no Douro, mas que na realidade não tem alavancado o tecido local de forma a valorizar a economia local e o ambiente social. O Presidente de Câmara de Baião e actual lider da Distrital do PS Porto, nada tem feito para alavancar e relançar programas de investimento nesta região. 

Aliás, José Luis Carneiro não tem pensamento político sobre a região, a não ser umas ideias que rondam uma retórica vazia de conteudos e de programas. Infelizmente, essa realidade compagina a sua postura de autarca, que assenta numa máquina de propaganda e não num programa de alavancas locais e regionais, que fizessem a promoção do desenvolvimento endógeno e consequentemente reforçassem a coesão social. O melhor e último exemplo, é a criação de uma estrutura de "promoção de Baião" na cidade do Porto, na rua das Flores. A que deram o nome de PORTO DE BAIAO -, a ideia até pode ser interessante. Mas aquilo que lhe está subjacente é a propaganda e a promoção de uma autarquia e directamente ou indirectamente o seu presidente. Que só por acaso é o Presidente da Direcção Distrital do Partido Socialista do Porto.

Durante quase dois mandatos, José Luís Carneiro governou como quis e como lhe apeteceu. Não teve oposição, nem na Câmara nem na rua. O Ex-Vereador do PSD Carlos Póvoas sempre foi mais um aliado do que um vereador activo na fiscalização e na oposiçao alternativa. José Luís Carneiro foi construindo uma rede de influências, de interesses, de cumplicidades entre os poderes locais e os poderes regionais. A governação em Baião foi sempre um mandato politico soft e abrangente.Soft no discurso e na imagem que passava para a comunicação social, com a ida de televisões à terra, promovendo a sua governação e as pessoas, isto é, as personalidades da Terra. Personalidades que davam a cara e a alma por um projecto artificial e cosmético, que em nada valorizava a qualidade de vida e o desenvolvimento local.

O concelho de Baião continua mais velho, mais pobre e mais despovoado. O comercio esta quase falido, o turismo é uma metáfora e o património é uma cosmética. Sem soluções e sem programas, sem competencias e sem valores este PS desgoverna Baião. Trocando o trabalho politico por uma espécie de encenação em que o povo é chamado a participar, sem saber qual é o drama e o enredo. E o drama desta peça teatral é a falência das pequenas e médias empresas de Baião, o empobrecimento das familias, o despovoamento das aldeias e das freguesias, e das nossas vilas (Campelo, Santa Marinha e Ancede), o envelhecimento da população, a deslocação da população jovem e formada para outras terras e países. 

O nosso Concelho está triste e magoado com esta gente que desgovernou Baião. Por muitas piscinas que se façam, por muitas festas que se organizem, por muita propaganda que se faça nos jornais da terra e nos jornais regionais. Nada disso impede a pobreza, a miséria e a falência das familias e das  pequenas e médias empresas. Esta Câmara não tem soluções para impedir a crise na construção e na mão-de-obra que nela ganha o seu pão. Este Partido Socialista não reconhece estas empresas e estas pessoas, que trabalhdo a pedra e levantando casas, muros e edificios, sem duvida que também contribuem para a riqueza local e nacional. Nem uma palavra para estas pessoas, para estas micro-empresas que vivem momentos dificeis e complexos.

O senhor Presidente e o seu Partido Socialista gosta mais de se passear nos corredores do grande capital, dos grandes interesses, dos grandes investimentos. Aliás, esta tem sido uma marca governativa do PS a nivel regional e a nivel nacional. Um PS mais preocupado com o grande capital e com a grande finança, do que amigo das pessoas e dos cidadãos. Esta gestão socialista na sua arrogância e na sua retórica conduziu o concelho e a economia de Baião para uma situação de grande fragilidade e empobrecimento. Espero que o Povo de Baião saiba dar a resposta merecida a este desgoverno socialista nas próximas eleições.

Gostava também de deixar aqui vem claro que ninguém mas ninguém, pode fazer de conta que nada disto se passou. Seria muito grave passar uma esponja nas responsabilidades e nos cumplicidades, que durante estes anos, muitas pessoas, muitas das ditas personalidades locais, muitas instituições (Escolas, IPSS, Associações, Fundações, Empresas, etc.) se associaram com este governo local, dando cobertura a uma politica onde houve beneficiados e prejudicados. Os prejudicados foi sem duvida um Povo humilde que acreditou e foi enganado; os beneficiados foram umas dezenas de "personalidades menores", que à sombra do poder local foram conservando os seus domínios e ampliando os seus interesses. Essas personalidades menores também terão que ser chamadas á colação e à responsabilidade. Os nomes são conhecidos e estão registados de forma bem documentada no Boletim Municipal da Câmara de Baião. E a cores.

Sem duvida, que a vida publica não pode ser exercida fora de um imperativo ético de valorização de uma cidadania activa e independente. A única capaz de servir uma republica fora dos jogos de interesses da máfia corrupta que vive à sombra das benesses do poder.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

CAIM E ABEL: Nova Teoria Politica do Sacrificio

Nota: brevemente neste blog a estória de dois gémeos políticos da vida nacional. Uma versão ligth da queda de Seguro e Passos.

A um Passo de Coragem, de frontalidade e de carácter...

O Povo saiu para a rua, caminhou de forma cívica e mostrou ao governo o seu legitimo descontentamento em relação às medidas apresentadas como os instrumentos necessário para o ajustamento da divida soberana da nossa Republica. Até aqui nada de grave. O problema é que não foi o povo, mas uma Nação inteira que protestou e condenou a solução apresentada por Passos  Coelho.E essa realidade social faz toda a diferença e consequentemente obriga ao aparecimento de soluções novas na forma de governar.Todos os representantes do Povo Português ., Assembleia da Republica, Presidente da Republica, Tribunal Constitucional, Conselho de Estado e Partidos Políticos foram chamados para uma prova de fogo.

 É necessário dar uma resposta a esta situação de conflitualidade entre representantes e representados. A quebra de confiança está instalada e vem de trás. Sem duvida, que a herança do socratismo não está só presente no Largo do Rato, mas em todos os outros sectores da vida partidária. O anterior governo socialista deixou muito pouco ou quase nenhum conforto na gestão de conflitos sociais e de representatividade entre governantes e governados. A mediocridade da gestão socialista de José Socrates contaminou a sociedade e deixou um grande descontentamento.

O Primeiro Ministro Passos Coelho não conseguiu ver o alcance do fenómeno Relvas e de outras situações anacrónicas.O fim da Reforma Eleitoral e a polémica em torno das freguesias deixou este governo cada vez mais desligado da sociedade e do partido que lhe dá sustentação.Entramos numa espécie de terrorismo simbólico silencioso dentro e fora do PSD, com algumas cenas públicas de profunda confrontação entre representantes eleitos nas listas do PSD. Para além do simbolismo ritualizante dos banhos do poder, com a encenação de alguns momentos em que o poder vem ao povo, através de visitas bem montadas e conferencias em hotéis programadas. Não foram o instrumento necessário para selar o compromisso entre governantes e governados. O fosso ia aumentando e vivia-se numa espécie de teatro isabelino, onde as traições e as intrigas iam contaminando a solenidade da governação.

O poder dos chefes e lideres locais e regionais deixa de ter utilidade nas clientelas políticas, que assistem a uma centralização burocrática e política em Lisboa. Esta realidade agrava ainda mais e é geradora de tensões entre lideranças. As formas de organização politica abandonam a hierarquia e a concertação interna e fazem uma espécie de castelanização em torno do Primeiro Ministro e seus assessores. Afasta-se da máquina partidária e deixa de ouvir as suas bases. O último congresso foi o exemplo disso mesmo, substituiu o debate que era necessário por uma estratégia silenciosa em que algumas distritais e alguns dirigentes exerceram o seu mandato politico numa espécie de folha de calculo. A politica ficou adiada, o debate foi interrompido, a alternativa ficou silenciado dentro das paredes partidárias.

A alternativa ao desgoverno Socrates não se aprofundou na diversidade dos valores da social democracia. Do dia para a noite, a diversidade de discursos e de alternativas dentro do PSD desapareceu, ficou silenciada e deu origem a uma uniformidade e homogeneidade de discurso preocupante. Ficamos só com um discurso, só com uma alternativa, só com uma visão do mundo.Uma espécie de pacto de regime interno em nome da salvação nacional - é o retorno do unanimismo redutor e cobarde.Como consequência não foi possível objectivar qual a relação entre mudança política e transformação socioeconómica na europa e no mundo em geral. Não foi possível desenvolver uma praxis politica que valoriza-se os instrumentos do compromisso, da responsabilidade e do contrato social intergeracional.Esta unanimidade fantasista conduziu o governo para uma situação de limbo político, onde as sombras e os pesadelos são mais fortes e condicionantes que a própria realidade social.

Ninguém valorizou as culturas e as comunidades de resistência. As freguesias não foram categorizadas de forma objectiva. Logo subestimou-se a sua capacidade de discurso politico e social de resistência, contra uma reforma administrativa feita aos soluços e em total diálogo com os seus representantes locais.Nas escolas o ministro da educação demonstrou falta de preparação e ingenuidade politica.Não soube mobilizar os docentes e a comunidade escolar em geral. Tinha um activo politico muito grande mas não soube conservar e muito menos ampliar. O ministro da economia não existe e não mobiliza o sector empresarial. A agricultura entrou num ministério sem nexo, sem sentido e sem escala. Não se pode governar desta forma.

Agora pergunta-se. Que vamos fazer?

Bem, o PSD tem uma maioria simples na Assembleia da Republica. Ganhou as eleições. Tem um conjunto de deputados com maturidade politica e intelectual para dar uma solução.É um partido moderno, plural, social democrata de tradição ocidental, possui um conjunto diversificado de quadros de grande qualidade politica e cientifica -, neste sentido está preparado para resolver este grave problema que o Governo Socialista deixou a todos os portugueses. Por outro lado, os governos são nomeados e aprovados em Assembleia da Republica e mais tarde ratificados pelo Exmo Presidente da Republica. A democracia que funcione, que exerça o seu legitimo mandato. Cada um que saiba tirar daqui as suas ilações e responsabilidades.

Claro que Passos Coelho ainda tem margem de manobra. Recuar na TSU, demitir Miguel Relvas, remodelar o governo e alterar a estrutura orgânica deste governo que não funciona da melhor forma. Executar as Reformas. Avançar com as Reformas. Responsabilizando os outros partidos do aro do poder. Envolvendo-os nas Reformas de forma aberta e publica. Sem medos e sem tacitismos partidários.Dar um sinal claro de humildade e de capacidade governativa. Dialogando mais com a sociedade. Sem telepontos e sem assessores de imagem e de discursos vazios. Passos deve ser ele próprio, com a sua idiosincrasia, com a sua forma simples de estar. Naturalmente que vai assustar o aparelho mas vai ganhar o país e retirar a nação deste ajustamento brutal. Ainda acredito que Passos Coelho possa ter este sentido de risco e de genialidade politica.Desejo que o actual Primeiro Ministro dentro da sua solidão e poder possa reencontrar-se consigo próprio e com o povo que o elegeu. Sem medos e sem influencias remodele o governo, substitua quem tem que substituir, convide quem tem capacidades, maturidade, conhecimento, valor e humildade para o acompanhar neste momento tão difícil. 

E acima de tudo  é o erro que nos ensina o caminho e nos dá a conhecer o imperativo da governação.


terça-feira, 4 de setembro de 2012

RTP - uma metáfora ao serviço público

A polémica sobre o que fazer da RTP e de todos os seus canais televisivos tem despertado algumas vozes mais infamados de todos os sectores da sociedade civil portuguesa, que apontam uma série de argumentação em favor ou contra esta instituição do Estado.

Habituei-me a acordar ao som da RTP e a esperar que o seu programa abrisse para deleite dos mais pequenos e graúdos. Sou em certa parte um produto da RTP do Estado Novo que aparecia como uma grande mãe ao serviço da educação e da formação dos valores da pátria que um regime fora de moda teimosamente queria manter e difundir.

Ao ler o texto do jornalista e amigo José Augusto Moreira sobre a RTP, no Jornal Público, fui levado pela leitura de tão excelente trabalho jornalístico para a minha infância. Um reino onde domina a inocência e a virtude de criança. Ainda não tinha adquirido consciência de que esta Caixa que nos ligava ao Mundo, era o melhor instrumento para divulgar as ideias e virtudes de Regime Ditatorial que nos governava. Tudo parecia normal para nós, desde o culto da bandeira, de um hino, do amor à pátria, do nacionalismo que nos entrava diariamente pela casa dentro a partir de uma caixa redonda pesadíssima, com imagem e som. Para nós aquela caixa era uma coisa mágica e maravilhosa.

A nossa entrada na juventude e a nossa politização veio-o nos dar a conhecer outra realidade social e política bem diferente. A instalação do regime democrata em Portugal após o 25 de Abril de 1974, permitiu que passados aqueles períodos de radicalismo ideológica da estrema esquerda, que o nosso país entra-se na normalidade democrática com eleições livres.Os tiques do esquerdismo revolucionário foram sendo neutralizados e integrados no regime democrático, possibilitando que a sociedade portuguesa se pacifica-se e caminha-se para uma sociedade mais justa, fraterna e solidária.

A RTP foi desempenhando aqui um papel fundamental e pioneiro na forma de informar e formar, sempre condicionada pelo regime ou regimes, pelos interesses politico-partidários, pelos lobbes económicos e culturais. Sem esquecer o período em que esteve sobre a tutela e domínio do Conselho da Revolução. A partir de um certo momento a informação começa a ser um poder efectivo e activo na sociedade portuguesa e aparecem as primeiras tentativas de controlar e manipular a informação em função dos interesses partidários e dos ideologismos da época.

Durante esta fase não se fala em custos, nem em dinheiros, nem em desperdicios de recursos nacionais. Era o único canal que o país tinha e nesse sentido reinava de forma absoluta e poderosa no Reino da Jovem Democracia. Este estatuto permitiu-lhe uma grande implantação na sociedade, nos partidos, nas universidades, nas empresas, nas estruturas intermédias do Estado. A RTP era o próprio Estado dentro do Estado. Senhora de si propria, dominadora e dominante, tudo podia e tudo fazia. Uma espécie de EDP dos dias de hoje.

Com a liberdade da comunicação e da imprensa e com o aparecimento de outros canais da televisão (SIC e  TVI) a RTP nunca mais foi a mesma. Não se soube adaptar aos tempos modernos e globalizados do mercado de capitais, não soube encontrar o seu caminho. Nem nunca soube aprofundar o seu desígnio que era de se adaptar a um regime democrático e europeu. Continuou pública e estatal na forma e no conteúdo, isto é, foi servindo o novo regime (agora democrático?) como servia a Ditadura de Salazar. Sem sentido critico lá foi caminhando entre o Estado que idolatrava e servia de forma submissa e um mercado cada vez mais liberal e global.

As sociedades globalizaram-se e comprimiram-se entre um espaço cada vez menos real, onde o virtual e o cabo dominam e definem as modas e os modelos à distancia de um clique. Tradição e contemporaneidade entram definitivamente em colapso, desvalorizando-se as memórias e o positivismo do século passado. A velocidade e a erosão do tempo, associados a um mundo cada vez mais interactivo, desprezam a mundividência do reino da telelândia.

É neste cenário caótico e distorcido que a RTP viveu e ainda sobrevive, num anacronismo sem nexo e sem fundamentação possível. O Estado está em estado de coma, obsoleto e sem recursos, e a sua querida filha e herdeira é vitima dessa dupla realidade. Uma espécie de caixa de pandora que cada vez que se lhe toca, do seu interior sai sempre um monstrosinho que vem complicar mais a sua já triste realidade.

Quando se coloca a questão do Serviço Público. Sem duvida que a RTP sempre foi digna desse nome. Sempre serviu os seus regimes de forma dedicada e exemplar, sempre fez questão de ser voz do Estado e do seu Regime, fosse ele ditadura, fosse ele revolucionário e militarizado, fosse ele democrata e cristão. Os seus programas sempre foram um espelho fiel dessas realidades, dessas ideologias que queriam formar camponeses, costureirinhas, operários, engenheiros doutores e professores.

 Uma RTP acritica, fiel e exemplar na forma como acolhia todas aquelas figuras que em nome do estado, da cultura e da pátria teciam elogios à grei e a raça.Mesmo quando nos aparece um Solnado que quer ser Soldado, não é mais do que uma metáfora que do fundo da sua ideologia ganha mais realismo conservador e deixa de forma subtil para os ditos intelectuais da tv a critica e o sentido duplo do contexto social da época.

Faz sentido uma RTP na posse do Estado? Faz sentido alienar a RTP impondo taxas aos contribuintes? Faz sentido uma RTP a concorrer com os canais livres do mercado concorrencial? Faz sentido uma RTP de luxo, que paga de forma irracional salários principescos? Digo claramente que não.

Uma RTP Pública tem de ser contida, barata, sensata à cultura e ao conhecimento. Que abandone a banalidade de programas estupidos e ridiculos. Sem praças da alegria e outras coisas do género. Que seja paga pelo Estado e pelo contribuinte, sem publicidade. Contida na forma e na escala. Ao serviço de causas fraturantes e de vanguarda. Que abandone o seu passado submisso a um poder e a um controle do Poder que Governa.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

AROUCA XXI - UM PLANO, UM PROGRAMA E UMA ESTRATÉGIA

Com a minha apresentação publica de disponibilidade para Candidato a Presidente de Câmara de Arouca nas próximas eleições de 2013 nas listas do PSD, colocou-se a necessidade de abrir um espaço de debate aberto e transversal a todos e a todas as pessoas e instituições que se localizem em Arouca ou na sua Área Metropolitana. Com a nossa Candidatura queremos abrir um espaço de convergência de valores, de gerações, de conhecimentos, de práticas, de saberes que possam criar sinergia em prol da qualidade de vida para todos.


Pensar Arouca no século XXI vai ser um forum de troca de ideias sobre Arouca. Congregando arouquenses e amigos de Arouca que de forma aberta e desinteressada participam na construção de um plano, um programa e uma estratégia para o desenvolvimento integrado do nosso concelho. É necessário abrir o debate sobre o que queremos para Arouca XXI. Organizar foruns de debate e de troca de ideias, escutar as populações sobre as suas aspirações e necessidades. 

Dar a palavra ao Povo valorizando a cidadania activa e de proximidade. Escutar as pessoas nos seus lugares de trabalho, de residencia e de vida. Trabalhar com as mulheres e com os homens dos nossos lugares em prol de uma ideia de desenvolvimento local.Discutir com os lideres das associações locais programas sustentados de intervenção e de programação social, cultural e desportiva em projectos de pequena escala.

Implementar estratégias de formação-acção nas áreas do ambiente, nos serviços sociais de proximidade, nas áreas do património e da cultura, e da auto-construção e do turismo sustentável. Fomentar encontros que possibilitem a transferencia de conhecimentos e de competencias nas àreas que são os pilares do desenvolvimento social, cultural e económico de Arouca. Fomentar a criação de centros locais e regionais de investigação-acção para a introdução de tecnologias de baixo custo e amigas do ambiente.

Assumir uma candidatura aberta e solidária com todos aqueles que vivem em situação precária na habitação, na saude, na educação-formação, na velhice, no lazer e no emprego. Propiciar e aplicar estratégias criativas em prol de um projecto colectivo que resolva as questões sociais e territoriais mais complexas e erradicar alguns dos dramas sociais que afetam infelizmente alguma população residente em Arouca.

Valorizar os processos participativos nos projectos e programas que se venham a implementar, independentemente das áreas temáticas (ambiente, urbanismo, ordenamento do território, educação e turismo, etc.) de forma a que todos possam dar a sua opinião e participem no processo de forma aberta e independente. Reconhecendo o papel importante das mulheres e dos jovens nas sociedades actuais, mas que infelizmente são muitas vezes excluidos dos processos participativos. Desejamos que as mulheres e os jovens se envolvam na vida publica. O nosso reconhecimento pelo trabalho social que as IPSS do nosso concelho têm desenvolvido em prol dos mais necessitados, crianças, jovens, homens ou mulheres. Essencialmente o trabalho desenvolvido com os nossos idosos. Necessário valorizar e reforçar este trabalho independente, de forma a dar-lhe meios humanos e recursos materiais para aprofundar a sua acção em prol da equidade e da solidariedade.

Aprofundar a prestação de serviços sociais em especial para os grupos e comunidades desfavorecidas. Rentabilizando e racionalizando os meios e os recursos disponiveis. Elaborar um programa para a mobilidade intra-concelhia, de forma a democratizar e a irradicar a exclusão social dos que estão mais desfavorecidos e afastados dos centros urbanos e das infra-estruturas públicas. Pensar uma rede de transportes publicos económicos. Elaborar um plano de água de abastecimento público de qualidade, capaz de servir toda a comunidade arouquense, associando custos e beneficios. Pensar um serviço sustentavel e ecológico de saneamento e de tratamento de residuos urbanos e domésticos. Em programas de macro-economia, envolvendo os parceiros regionais e os fundos comunitários.

Pensar uma forma económicamente sustentável de introduzir tecnologias ecologicamente racionais na conservação de infra-estruturas, incluindo caminhos, estradas, ruas, parques e espaços abertos. A necessidade de se utilizar mecanismos de planificação que permitam uma utilização útil a fim de reduzir os efeitos negativos sobre os recursos biológicos e ambientais, por exemplo os bosques, o planalto da serra da Freita, o rio Paiva e Caima, o vale deo Arda, as terras agricolas de qualidade, etc.  

Implementar um programa de planificação urbana amigo do ambiente e económicamente sustentável. Capaz de valorizar a vida em comunidade e o amor à terra, ao lugar e à rua. Lugares urbanos seguros, belos e ambientalmente sustentaveis. Elaborar uma politica global de programação urbana, de forma a dotar o nosso concelho de centralidades urbanas, com vida económica e serviços e infra-estruturas publicas e privadas. Dando desta forma resposta às necessidades dos seus moradores, no que diz respeito à habitação,  à saude, à educação, ao emprego e ao ócio. Dando origem a núcleos urbanos sustentaveis e inclusivos. Melhorando a vida dos residentes locais.

Em sintese, este FORUM AROUCA XXI vai permitir PENSAR AROUCA, em todas as vertentes e possibilitar que cada um de vós possa dar o seu contributo para a elaboração de uma Carta Governativa para Arouca nos próximos 8 a 10 anos. Identificando nichos e construindo programas capazes de mobilizar os meios e os recursos para desenvolver Arouca.

terça-feira, 24 de julho de 2012

FILIAÇÃO, PARTICIPAÇÃO E CIDADANIA...

É comum quando se nasce numa pequena comunidade rural como é o Caso da Vila de Arouca, participarmos nas coisas da vida familiar ou da comunidade em geral. A nossa primeira iniciação é nos dada pelo baptismo, e pelo nome que nos legaram para sempre. Eu tive a sorte de ser baptizado na imponente Igreja monástica da Vila Monástica e Republicana de Arouca, e de ter um nome. O de Fernando dado pela minha madrinha e tia Fernanda de Almeida Matos Stoner-Jachson. A parteira que auxiliou ao parto da minha querida mãe, Beatriz de Almeida Matos foi a angelininha do convento, que com as suas mãos sábias e abençoadas pela providência e saber do Doutor Manuel Simôes Rodrigues, possibilitaram que as mães da Vila e arredores de Arouca tivessem os filhos em casa, no aconchego da familia e do lar. O nascer era uma epifania, um momento de revelação de vida e de graça. Eramos comunidade, partilhavamos esse pathos original, que era ser natural de uma terra. Ser de Arouca. Sim com muito orgulho.

Crescer, viver, brincar, jogar, trabalhar e estudar foi a nossa constante trajectória de vida. Partilhavamos a mesma Vila, as mesmas ruas, os mesmos logradouros, a mesma praça, o mesmo terreiro, a mesma identidade espacial que fazia de Arouca a nossa Terra. A minha Terra. Aprendemos as primeiras letras na Escola Primária de Arouca, com a preciosa ajuda da minha professora, que de vez enquando, era auxiliada por uma cana e umas reguadas que nos faziam sentir o peso da responsabilidade e a importância da escrita, da leitura e do calculo para a nossa formação. No recreio da escola a interação era total e dura às vezes. A classificação e a diferenciação social também lá estavam mas de forma sublimada. Eramos tão ingénuos, tão puros, que sentiamos a descriminação mas não compreendiamos a sua origem.

As tardes eram passadas entre a Escola e a Rua. As nossas casas davam para todas as casas da rua, esse oceano imenso de perfumes, de devaneios, de jogos, de brincadeiras, de partidas, de sonhos e utopias. Nós também sonhavamos com bonecos e brinquedos feitos de madeira, arame e barro. A quem davamos nomes sonantes e vida. Imaginavamos o mundo do tamanho da nossa Vila. A nossa Vila é o mundo inteiro e mais a serra da Freita. Esse espaço de interdito e de aventura. Um pedaço de terra e água, de luz e muito sol, de bichos e lacraus, de homens e mulheres, tapados desde a cabeça aos pés, de preto e as crianças muito brancas e de um loiro brilhante como o trigo. Uns cantares que vinham de dentro da alma e nos deixavam o corpo com pele de galinha. Eram vozes de outro mundo, de outro imaginário, antigas, belas e harmoniosas. Estranhas vozes eram aquelas que ao fim das cerimónias religiosas entoavam canticos e rezas. 


As festas, os jogos, as cerimónias eram espaços de participação onde todos os jovens exprimiam as suas vocações, os seus imaginários e eram sobretudo momentos de celabração colectiva. Parentes, amigos e vizinhos participavam como actores privilegiados. A Festa de S. Bartolomeu e acima de tudo a Feira das Colheitas eram momentos de consagração ao ludico e ao festivo. As ruas enchiam-se de gentes, de vendedores e forasteiros, de cores e musica, de entretenimento e jogo para os lados do Parque da Vila. A Praça Brandão Vasconcelos encia-se de bandas e figurinos, de floclore e concertinas, de cantares ao desafio e cramois. Homens de preto com chapeus solenes, mulheres de véu e cartilha a caminho do sagrado. Sem esquecer as tarde e as longas sessões da noite no Cinema de Arouca. A quem presto na pessoa do Senhor Valdemar Duarte a minha sincera homenagem. As visitas que faziamos à Defesa de Arouca para apanhar uns papelinhos de cores diferentes que o amigo Gonçalves ia dando à pequenada. Ficavamos a olhar para aquela máquina rotativa a imprimir noticias, nomes conhecidos e figuras de Arouca. Era um reino maravilhoso. Ver nascer a comunicação e a informação. Mais tarde tivemos o privilégio de aí publicar os primeiros artigos sobre a história local.

As tardes de estudo e de leitura na Biblioteca da Gulbenkian em frente à Praça de Arouca foram o primeiro contacto com a cultura, a arte e a ciencia. Na companhia dos amigos e parentes. Entrar naquela sala cheia de estantes e livros, era como entrar no Mundo Inteiro. A Luizinha Alegria sempre disponivel e meiga, lá nos mostrava as novidades da literatura, da musica e do teatro. Falava-nos de Eunice a rainha da arte de representar. Era local de encontro e de namoro também. Ainda lembro quando a minha irmã me inscreveu na biblioteca e tive direito a um cartão. Que alegria ter um cartão com o meu nome. Hoje, é coisa banal e insignificante. Estamos cheios de cartões, oferecem-nos cartões por tudo e nada.

Mais tarde, com o 25 de Abril nasce a consciência politica e a cidadania inclusiva. É o tempo das revoluções, das manifestações, das greves às aulas, das lutas políticas que entravam pela Escola Preparatória e Secundária de Arouca. Professores militantes e activistas, alunos de cabelos compridos e intelectualizados, palavras que se diziam na rua, sem nexo e sem sentido. Todos na praça e na rua, noite dentro e linguas afiadas. A discussão e a partilha eram a regra e a excepção. Falava-se pouco de politica, mas discutia-se muito a liberdade, a democracia, e por oposição o fascismo e o salazarismo. Recordo a grande ovação no autocarro que partia da vila em direcção a Santa Eulália, com os alunos da vila, e o Toni dispara: MORREU O FRANCO. VIVA A LIBERDADE! Todos em unissono gritaram morte ao Franco e vivas à liberdade. Ninguém sabia quem era o Franco. Mas era o perfume da liberdade, da participaçao e da democracia. Os cravos ainda estavão a abrir, a despertar, e apontavam para um futuro de esperança.

Pela primeira vez a nossa comunidade dividiu-se em duas partes distintas. Com pais e filhos em lados opostos, divididos pela razão e crença na liberdade e na democracia popular. De um lado os progressistas, revolucionários e democratas; do outro, fascistas e salazarentos. Eram tempos de consagração e de celebração, mas também eram os tempos dos ismos, dos esquerdismos, dos radicalismos ideológicos. A vida social parecia uma pelicula de cinema a preto e branco, não existiam outras vias e outras cores. Esta realidade politica empobreceu a sociedade e diabolizou tudo e todos que não tivessem um passado comunista e revolucionário. Na nossa sociedade também se fizeram autos de fé, poucos mas fizeram-se. Listas com nomes, com gente boa e gente má.  Filhos que abandonaram a casa, a familia e os parentes. Pais que envergonhados calavam as mágoas no altar da Rainha Santa e rogavam por milagre. O direito, a autoridade e a mão de Deus foi deslocada da sua centralidade social. O mundo tinha mudado de forma tão veloz que não dava possibilidade de objectivar fosse o que fosse. Andavamos todos na onda. Cabelos compridos, calças de ganga, gabardines compridas, discos de Jim Morrison, o Roch na algibeira, a coca-cola, e os UHF...e a crença no sexo e na liberalidade dos costumes.

Com a década de oitenta e noventa reforça-se o associativismo cultural e ambiental. A causa ecológica e a defesa do ambiente começam a fazer parte do nosso imaginário social e entram na nossa cidadania activa. Fundamos associações e movimentos locais e regionais. Organizaram-se encontros e jornadas em prol da defesa do património e do ambiente. A luta contra a plantação dos eucaliptos em Arouca e na bacia do rio Paiva com a colaboração da QUERCUS, na pessoa do seu fundador Serafim Riem. Anos de encontros de Movimentos Ambientalistas em Arouca, Paiva, Porto, Lisboa, Aveiro, Coimbra, Viseu, etc.etc. Nasce a preocupação de participar activamente na vida publica, aparecem os partidos politicos e as filiações. Uma geração inteira e nova que acredita que o sonho comanda a vida.

É neste contexto de vida e de cidadania que me sinto mandatado a disponibilizar-me para ser candidato a Presidente de Câmara de Arouca: em nome do passado, da memória e acima de tudo pela construção de um FUTURO MELHOR PARA AROUCA.

sábado, 21 de julho de 2012

A MINHA CANDIDATURA...razões e motivações

Caros amigos arouquenses decidi apresentar a minha disponibilidade para me candidatar a Presidente de Câmara na Vila e Concelho de Arouca nas próximas Eleições Autarquicas de 2013.
Foram muitas e válidas as razões e os motivos de tal decisão. Esta minha disponibilidade não está isenta de riscos e de obstáculos, mas como tudo na vida, nem sempre as tarefas mais facéis são aquelas que nos não mais estimulo e razão de viver.

Depois de ponderar a minha situação e os contextos decidi disponibilizar-me para tão nobre tarefa, tendo em conta a  minha preparação e  motivos de índole mais afectiva. Desta forma apresento-vos aqui alguns deles, sem querer ser demasiadamente aborrecido: 

1.º ponto: sou natural de Arouca. Nasci e vivi em Arouca durante mais ou menos tres décadas. Os meus pais são naturais de Arouca (Santa Eulália e Vila de Arouca); casado e pai de três filhos que adoram a vila, as pessoas e as paisagens de Arouca;

2.º ponto: estudei em Arouca (escola primária da Vila; Ciclo Preparatório em Santa Eulália, Escola Secundária na Vila de Arouca); foi professor na Escola Secundária de Arouca;

3.º ponto: fiz parte das equipas de futebol filiado do Futebol Clube de Arouca (iniciados; Juvenis e Juniores). Foram anos de grande companheirismo e fraternidade entre os amigos, vizinhos e parentes;

4.º ponto: colaborei e fiz parte do Centro Juvenil Salesiano de Arouca. Um espaço de formação, de educação e de valores humanistas;

5.º ponto: colaborei na organização como columbófilo da Associação Columbófilica de Arouca, durante muitos anos, na companhia do meu pai e tantos amigos;

6.º ponto: fundador e membro da Finisterra: Associação Cultural e Ambientalista de Arouca;

7.º ponto: colaborou na fundação e organização da Associação de Estudantes da Escola Secundária de Arouca;

8.º ponto: colaborou com a Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda de Arouca, em vários eventos culturais e artísticos, na companhia do grande amigo Senhor Alexandrino Teixeira e D. Domingos de Pinho Brandão;

9.º ponto: colaborou com a Camara Municipal de Arouca, durante a Presidencia do Exmo Presidente e amigo prof. Joaquim Brandão de Almeida (PSD), na área da cultura e do património. Organização da Exposição do Ano Mariano e edição de catalogo, por iniciativa do Senhor Bispo do Porto D. Julio Rebimbas; bem como da organização de Conferencias e edição de algumas obras de referencia para Arouca, como foi a da amiga e professora catedrática da Universidade de Coimbra Maria Helena da Cruz Coelho, com quem fiz parte da Associação de Medievalistas Portugueses;

10.º ponto:fundador e director da Revista da Ruralidade. Ruralia, editada pelo Conjunto Etnográfico de Moldes. Onde colaborou durante vários anos na organização das Jornadas de Etnografia e Folclore de Arouca na companhia dos amigos Artur Miller e José Américo Quaresma;

11.º ponto: organizador dos Encontros da Ruralidade. Da Pré-Modernidade à Pós-Modernidade, integrado esta iniciativa na FINISTERRA: Associação Cultural e Ambiental de Arouca;

12.º ponto: colaborou durante mais de duas décadas na imprensa local: Defesa de Arouca; Jornal de Arouca; Roda Viva; Arouca Biz;

13.º ponto: foi membro da Assembleia Municipal de Arouca;

14.º ponto: Licenciou-se pela Faculdade de letras da Universidade do Porto. Onde depois se pós-graduou nás àreas das Ciências Documentais; Estudos medievais; colaborou durante mais de uma década com os professores José Amadeu Coelho Dias (Frei Geraldo Coelho Dias) e José Marques e Armindo de Sousa;

15.º ponto: foi membro activo nos movimentos associativos estudantis na Universidade do Porto. Fundador do ENEL (Encontro Nacional de Estudantes de Letras), em Porto / Lisboa; e representante eleito vários anos em representação dos alunos da FLUP nos orgãos de gestão académica;

16.º ponto: curso de mestrado em Antropologia Social na Universidade do Minho Braga, com a Tese: AROUCA.Casa e Diferenciação Social, com a classificação máxima;

17.º ponto: pós-graduado em Antropologia Urbana e Curso de Doutoramento em Antropologia Urbana, sob orientação da Professora Doutora Maria Cátedra Tomaz na Faculdade de Ciencias Politicas y Sociologia da Universidade Complutense de Madrid, Espanha;

18.º ponto: curso de doutoramento em Teoria da Arquitectura e projecto Arquitectonico, na ESTA da Universidade de Valladolid, Espanha;

19.º ponto: professor em várias universidades e institutos politécnicos (Universidade Lusiada; Instituto Politécnico da Guarda; Escola Superior de Educação - Paula Frassinetti/Porto; Escola Superior Artística do Porto, etc.). Tem realizado trabalhos cientificos na área do espaço, do território, da habitação, do turismo, da programação e projecto, etc.;

20.º ponto: colaborou com a Exma Presidente de Câmara de Baião, Doutora Emilia Silva, nas áreas do Desenvolvimento Local, Urbanismo, Ambiente e Arquitectura; foi o coordenador do programa e da sua candidatura  Presidente de Câmara de baião pelo PSD;

21.º ponto: foi vice-presidente da CESAP, onde lecciona na ESAP, antropologia do espaço desde 1991;

22.º ponto: fundador e director dos Cadernos ESAP, Revista de Arquitectura, Artes e Cinema da ESAP/CESAP;

23.º ponto: militante e membro da Assembleia Distrital do PSD Porto; bem como Vice-Presidente da Comissão Politica da Secção do PSD de Baião. Foi mandatário da candidatura de Paulo Rangel a Presidente do PSD Nacional;

24.º ponto: colabora com a imprensa nacional e regional: Jornal Público; TRIPEIRO; SIC; entre outros. Colaborou na Grande Reportagem sobre as Ilhas do Porto sob coordenação do Grande Reporter Carlos Rico da SIC, que ganhou uma menção honrosa pela UNESCO e ONU, sobre o Direito à Cidade e o Direito à Habitação;

25.º ponto: tem editado obras de caracter cientifico na Universidade do Porto, de Lisboa  e Coimbra. Como nas Edições Afrontamento com a obra Antropologia do Espaço Doméstico. Um Estudo de caso sobre a Vila de Arouca (2011). Este ano de 2012 será publicado uma obra sua numa editora espanhola - Madrid (La Catarata Editorial);

Meus caros amigos sem querer ser demasiadamente aborrecido tive que apresentar aqui e agora algumas das minhas razões e motivações para a minha disponibilidade a Candidato a Presidente da Câmara de Arouca. Sinto-me motivado, preparado, amadurecido e com mundo suficiente para poder implementar em Arouca uma nova fase de crescimento e de desenvolvimento integrado. Onde a qualidade de vida, o emprego, o ambiente e a cultura sejam as alavancas deste NOVO RUMO. Evidentemente, que de forma humilde e sentida me apresento disponivel para encabeçar a lista do PSD de Arouca nestas próximas eleições autárquicas.
Numa candidadtura solidária, coesa, unida e forte por Arouca e pelos Arouquenses.
Abraço amigo deste arouquense.

sábado, 30 de junho de 2012

POLÍTICA COM NORTE...



A importância de uma estratégia política para a região Norte passa obrigatóriamente pela criação de plataformas emergentes, que sejam capazes de liderar mudanças criativas e sustentáveis quer no que se refere ao tecido social e cultural, quer também em relação aos modos e às estruturas de produção e transformação industrial.

A importância estratégica da Região Norte, centrada em três pólos essenciais: Porto, Braga-Guimarães e Viana de Castelo, configuram sem duvida alguma três plataformas de grande competitividade no contexto nacional e internacional. Este sistema triangular, fortemente territorializado nas suas bacias hidrográficas, configuram eixos/pólos que devem articular entre si, sociedade e económia, tecnologia e cultura cientifica, reforçando a sociedade local e as  instituições politicas. Traduzindo-se numa equação de maior eficácia e desenvolvimento regional. Refere Castells e Borja (1997:14 e ss.) que em relação às dinâmicas territoriais, não se deve desvalorizar a importância da estratégia do local como centro de gestão do global no novo ssitema tecno-económico.

A região Norte também é constituida por uma grande faixa interior, de montanha que vai do Douro até Trás-os-Montes, com perdas significativas de população activa e taxas elevadas de população envelhecida e dependente. Com um sector económico subsidiário e dependente do Estado, sem grande competitividade, e em estado de sonolência por ausência de criatividade e capacidade de risco. De salientar que a Nut Douro e Alto Trás-os-Montes perderam população por efeito cumulativo dos saldos natural e migratório. Assistiu-se ao êxodo populacional da população para os países da Europa e para as zonas urbanas do litoral, onde se situa a oferta de emprego e de qualidade de vida (Cfr.PDR - Região Norte, 2007).

Contudo a Região Norte é bastante assimétrica no que se refere ao desenvolvimento económico, com a emergência de pólos de desenvolvimento no litoral, nos sectores secundário e terciário e do outro lado, a fragilidade das bases económicas locais e regionais no interior da região. De ressaltar o fraco peso do sector primário no VAB Nacional.

O Porto e a sua cidade foram ao longo dos últimos séculos um espaço de dinâmicas e de sinergias, criando lideranças e elites políticas, culturais e industriais, que galbanizaram a região e o país para níveis de progresso e desenvolvimento que nos aproximavam de outras regiões e países ditos desenvolvidos e modernos. A sua universidade, a sua academia, a sua vida cultural e artística, produziram figuras maiores, capazes de liderar processos e de executar transformações estruturais e modernizantes.

A cidade com as suas elites, com as suas instituições, com as suas gentes, com os seus poetas e industriais, com sonho e poesia, com romantismo e realismo, com teimosia e sabedoria, com as suas periferias e arrabaldes, agora feitos cidades e pólos metropolitanos, deve encontar o seu espirito reformista e dar aquele salto mortal rumo ao desenvolvimento e ao progresso, devolvendo à Região e ao País, aquele sentido de rumo a uma sociedade de esperança e de felicidade.

Para isso, é urgente encontrar alternativas, figuras maiores, que com saber e independência, sintam na sua alma esse chamamento de amor à cidade, à região e à Pátria de Junqueiro. Pedro Homem de Melo, um dos Homens Ilustres do Porto e da sua Cidade, no poema Horizonte: «Este é o caminho que deve / Cobrir-se, apenas, de neve. / O caminho da carne silenciosa, / Onde o verme esquece a rosa./ O caminho da paz. / O Caminho do frio. / Este é o caminho intacto, / Mas vazio» (Expulsos do Governo da Cidade, 1961:23), permite-nos conhecer esta alma dilacerada da grande nação que é o Porto.

Hoje, o Porto e a sua região vivem em estado de apatia social e politica, sem lideranças, sem figuras de estado, sem vozes independentes e inteligentes, sem rumos alternativos, sem imaginação e capacidade de pensar diferente. Vive num estado de sonolência que não se compreende e nem se aceita. O Porto da diferença, da alternativa, da mudança, da utopia vive amordaçado entre o pão e o circo, que Lisboa altiva e poderosa nos concede como dádiva.

O Porto contém ainda essa força criativa na musica, na arquitectura, nas artes plásticas, na moda, na economia, mas a liderança política é ainda uma sombra menor do passado. Não existem figuras de pensamento político que transcendam a vidinha pequena dos partidos, dos interesses, dos vicios, das clientelas que vivem à sombra dos aparelhos partidários numa espécie de sombras vegetativas. 

Onde está o Porto de Antero, de Camilo, de Pascoaes e de Cortesão. O Porto dos Iluminados e Republicanos, burgueses e fidalgos, escritores e artistas. Onde está o Porto cosmopolita e social democrata de Sá Carneiro? Claro que também algumas vozes que se afirmam na defesa do Norte e da Cidade.

Como figura maior deste Porto insubmisso, inteligente e culto, moderno e progressista destacamos o Doutor Rui Moreira. Uma voz do norte, sempre pronta a dar o Norte à sua Região e à sua Cidade.




sábado, 16 de junho de 2012

A Política, hoje

Falar sobre a actividade política hoje, não é tarefa fácil e muito menos apaixonada. A vida pública tem sido conduzida por entre um cenário de sombras, de interesses, de estratégias que em nada dignificam a praxis politica e a vida pública ao serviço de uma causa colectiva.

Os discursos politicos até parecem ter esse imaginário de estar ao serviço de uma causa, de um designio, de uma acção, mas quando sujeitos a uma análise mais fina e cuidada, ficasse com a impressão que estamos num mundo de fazer de conta, de metáfora, de truque, de jogada que nada tem haver com os interesses das populações.

A pratica política sempre foi um rasgo de criação e de imaginação ao serviço de mundos novos, de sociedades alternativas, rompendo com os passadismos e com os conservadorismos toscos que em nada patrocinam a criação de qualidade de vida e um mundo mais progressista e moderno.

Eleitos e eleitores organizam-se de forma mecânica, segundo leis de interesses e de cumplicidades, que em nada dignificam a liberdade e a democraticidade da rez pública. Torna-se necessário reforçar os mecanismos da participação pública na vida política, de forma a transformar as sociedades em ágoras de pensamento critico ao serviço da comunidade e do mundo social.

Quando fazemos uma análise mais concreta deste fenómeno e focalizamos um caso concreto, as nossas duvidas se existiam de imediato se desfazem como fumo.

 Vejamos, por exemplo, o que se passa na vida politica de uma Câmara da Região do EDT (Entre Douro e Tâmega) como é o caso de Baião.

O Partido Socialista liderado por José Luís Carneiro ganha as eleições em 2005 e mantem-se no poder até 2013, isto é, dois mandatos consecutivos. O PSD perde a Câmara em 2005 e em 2009 sofre uma derrota clamorosa, na disputa contra o actual presidente de Câmara, tendo como candidato uma figura que cai em Baião, com o apoio da Distrital, como foi o caso do Senhor José Carlos Póvoas. A imposição ou não deste candidato a Baião transformou-se num epifenómeno da política regional.E consequentemente numa das maiores derrotas que o PSD local teve na sua história política.

Ainda hoje, está por esclarecer como é que este senhor cai como cabeça de lista do PSD em Baião. O Povo de Baião, ia aos comicios e deparava com uma figura cinzenta, pequena, sem oratória e sem conteudo, sem alma, sem energia que fazia uns discursos muito longos e aborrecidos perante uma plateia resignada e orfão de um líder que tinha perdido as eleições em 2005, depois de 12 anos de actividade política intensa e criativa em prol do desenvolvimento das gentes de Baião. Claro que estou a falar da Exma Doutora Emilia Silva, ex-presidente de Câmara de Baião.

O candidato a Presidente e actual vereador na Câmara Municipal de Baião nunca teve bem a consciência desta realidade política. Seguramente, José Carlos Póvoas não tinha e não tem o perfil político para substituir a Exma Doutora Emilia, uma presidente energética, inteligente, trabalhadora, dinâmica com um discurso político que toca nas pessoas e as mobiliza para a mudança necessária. José Carlos Povoas era exatamente o oposto, um simples técnico superior da ARS, que se deslocava à região para tratar dos assuntos da ARS, mas a quem o Povo de Baião não reconhece legitimidade nem autoridade para liderar os seus destinos e o futuro dos seus filhos.

Perante esta realidade política local o PS liderado pelo Presidente de Câmara, associando-se a alguns representantes de instituições locais organiza toda uma estratégia de assimilação de forma a condicionar a actividade da oposição na sua Vereação. Dando a ideia de que tudo estava a correr da melhor forma e que ele era tão bom presidente que nem a oposição o contestava. Nesta estratégia condicionou a imprensa local, as empresas locais, as instituições privadas sem interesses lucrativos, e a oposição local. Nada se passava de relevante da vida politica e na vida partidária. Estavamos perante uma espécie de paz social e política tipo Grande Únião Local.

Durante muito tempo, em Baião a oposição era um fazer de conta, uma fachada que servia outros fins e outros interesses, que não os da democracia e da participação politica aberta e livre das pessoas e instituições. Passava-se a imagem de uma bondade plena, tudo era oásis, paz, desinteresse, bem-publico. A imprensa com as entrevistas ao Senhor Presidente servia para alimentar este estado de coma induzido, esta sonolência politico-partidária, que alguns angustiadamente não aceitavam e não compreendiam. O Povo nos cafés, ao fim da missa, nas feiras e festas lá ia comentando o epifenómeno...

O Vereador do PSD José Carlos Povoas foi assim construindo uma pratica política de sonolência, aprovando quase sempre todas as propostas do PS, sem discussão relevante e sem oposição energética. Foi sempre uma figura irrelevante, sem dimensão pública, sem intervenção nos meios de comunicação. Enfim, uma figura em estado de coma político. Sempre muito bem comportado, dedicado e submisso ao Presidente José Luís Carneiro.

Com a nova Comissão Política do PSD de Baião, tendo como Presidente Luís Sousa e como Vices-Presidente Fernando Matos Rodrigues e Patricia Silva, as coisas mudam substancialmente de rumo. O PSD passa a ter uma agenta política, um caminho a precorrer, com um candidato para concorrer às próximas eleições (o actual Presidente da Comissão Politica - Drº Luís Sousa) e define uma estratégia de defesa e luta por Baião.

Esta nova realidade não encaixa no perfil do Vereador Póvoas que se mantém submisso e dependente da estratégia de assimilação do PS e do seu Presidente José Luís Carneiro. A partir daqui, uma série de acontecimentos muito graves ococrrem entre este Vereador e a actual direcção do PSD de Baião. O que leva à retirada de confiança política a este vereador em reunião da Comissão Política e com o apoio de toda a Mesa do Plenario na pessoa do seu Presidente e Vice-Presidente Drs Nuno Lobo / Carlos Pinheiro.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Encerramento de Serviços Públicos?

O atual governo em virtude de uma situação de grave crise económica e financeira é obrigado a implementar um conjunto de Reformas por todo o país. As comunidades locais, regionais e nacionais, em função do seu próprio mas nem sempre legitimo corporativismo reagem de forma a impedir que tais reformas se implementem por todo o país. As agendas dos interesses locais reagem contra um impeto reformista que se quer Nacional. 

 O governo liderado pelo Dr Passos Coelho tenta explicar aos portugueses a necessidade de implementar essas Reformas de maneira a cumprir com as metas e os acordos do memorando da Troika aquando do resgaste financeiro à Republica Portuguesa por parte da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional. O país por desleixo, mediocridade, arrogância e por clientelismo político foi governado por um governo socialista que conduziu a nossa Nação para o abismo social, económico e financeiro.

 A irresponsabilidade politica do Primeiro Ministro José Socrates e do Partido Socialista atingiu momentos de verdadeiro crime contra o Estado e a Pátria Portuguesa. A politica nacional durante este consulado socialista privilegiou o assistencialismo, os serviços sociais, as economias da dependência e  o artificialismo económico e empresarial.

O Partido Socialista desde a esfera nacional à esfera local viveu num mundo de verdadeira orgia política, de cumplicidades perigosas entre interesses que se não centravam na esfera do bem público, com obras sem interesse local e nacional, com investimentos que se traduziram em buracos financeiros que vão custar milhões e milhões de euros às próximas gerações. Não houve uma governança com sentido de escala e de eficiência entre custos e beneficios.

Perante esta realidade de absoluta ruina nacional o país teve que ser assistido internacionalmente. Evitando desta forma a ruína financeira da nossa República. Assumindo compromissos, metas. reformas, que tinham em vista evitar gastos, perda de eficiência, de eficácia e de sustentabilidade financeira.
Perante esta durissima realidade. O PSD com a liderança do Primeiro Ministro Passos Coelho tinha duas hipoteses ou cumpria com o Memorando da Troika, por muito duro que ele fosse. Ou não cumpria com o dito Memorando. Ou podia fazer à moda socialista, continuar na  mesma linha de (des) governo e afundava Portugal numa crise de miséria, de pobreza, de guerra civil, de convulsões sociais sem precedentes para muitas décadas!

O PSD e o seu governo optou por Portugal.
O PSD e o seu governo optou pela Independência da Republica Portuguesa.

Bem sei. Que não é um caminho fácil. Um trajeto suave.
Espera-nos um processo lento e dificil, penoso, às vezes será até cruel para muitos de nós. Especialmente aqueles que ficam sem emprego, sem esperança, revoltados, angustiados.
E devem ter direito a essa Revolta. A esse grito de insatisfação.
Mas, o nosso governo não pode abrandar o ritmo de trabalho, de luta, pois é aí que mora a nossa esperança, a nossa confiança. É preciso vencer o medo e a angústia e abraçar as mudanças sem medo e sem bloqueios emocionais e corporativistas.

O PSD tem de estar unido, forte e determinado nesta conjuntura política de elevada exigência. Não pode ceder ao corporativismo dos interesses locais e regionais. Não pode embarcar em teses de conspiração e de revolta enter o Partido que Governa e o partido que representa os eleitores na sua escala de proximidade.
O PSD deve implementar desde as Secções Locais às Direcções Distritais programas estartégicos de discussão, de programação e de acção política de forma a alavancar a sociedade portuguesa para as Reformas e para a transformação social, cultural e económica de que o país necessita.

Infelizmente o PSD não tem como parceiro uma oposição esclarecida e aberta. Pelo contrário os partidos da oposição preferem ceder ao oportunismo politico da demagogia fácil tirando proveito das situações de empobrecimento social e económico que eles próprios criaram.

O Partido Socialista ainda vive em estado psiquiatrico. E mais grave ainda em Estado de orfandade. Ainda não encontrou o seu rumo, o seu designio, o seu tempo de mudança. Esta preso aos fantasmas do passado, aos vicios do presente, e não reconhece a sua paternidade na crise em que meteu Portugal e os Portugueses!

O Partido Socialista vive numa espécie de encubadora de ideias demagógicas e populistas. O seu lider é contra a aplicação destas reformas violentas sem duvida, mas que foi ele e o seu partido que as criaram e as não resolveram. E agora oportunisticamente lideram movimentos contra as reformas da justiça, da administração local, das contas públicas. Enfim, são contra a austeridade e a violência das medidas. Mas não foram os socialistas  que assinaram este pacto e não foram os governos socialisats que de forma irresponsavel arruinaram o país e a vida dos portugueses.

Quem pode acreditar num Partido que transformou a vida dos portugueses num pesadelo sem memória?
Quem pode acreditar num Partido Socialista que ainda não tem consciência do mal que fez aos portugueses?

Quem pode dar um voto de confiança desde o Poder Local ao Poder Nacional a um Partido Socialista que ainda vive em estado de euforia e de insanidade intelectual e política?

Claro que ninguém é a favor de uma política que encerra serviços públicos no espaço local, mas tendo em conta a situação em que o Partido Socialista colocou o nosso país em estado de ruína, temos que fazer alguns cortes, alguns acertos, de forma a poupar e a evitar gastar. Aqui compete às nossas Câmaras Muncipais (governança local) assumir politicas pro-activas de forma a alavancar sinergias e vontades.

É urgente que o nosso poder local abandone as festas, as festanças, os folguedos das rotundas, dos passeios, dos gastos inuteis e começem a investir na economia local criando tecido produtivo  em parcerias criativas e inteligentes com as empresas inovadoras, com capacidade de risco em áreas de produto acrescentado abandonando de vez o investimento na construção e no imobiliário especulativo, direccionando os dinheiros públicos não para obras de fachada mas para as economias endógenas, com a criação de infra-estruturas e patrocinando investimento sustentável.