quinta-feira, 25 de maio de 2017

AROUCA 24 ANOS DE GESTÃO SOCIALISTA: Um Padrinho e dois Delfins!


 








Um ensaio que faz o balanço da gestão socialista na vila e concelho de Arouca.
A partir de dados quantitativos e qualitativos oficiais pretendemos uma análise objectiva e distanciada da gestão socialista que tem o seu inicio com o mandato Zola que passa depois para o Artur Neves e agora tem como herdeira legitima a Margarida Belém. Com se explica esta eternidade política e como as forças da oposição foram excluidas deste governo local. Uma análise centrada nas politicas territoriais, ambientais e sociais da gestão socialista.
Em paralelo fazemos uma espécie de relação entre o eterno socialismo em arouca e a pobreza das alternativas dos partidos da oposição.
Que concelho é este governado pelo PS. Que problemas estruturalmente graves continuam por resolver e se agravaram com a gestão do Zola, Neves e Margarida Belém.
Muito brevemente, neste blog!

domingo, 21 de maio de 2017

Arouca e Baião: a pensar a política!

É dentro do ritual político que nos vamos reencontrando com a vida, com o futuro mas acima de tudo com o passado. Pois, é do passado que falamos , e é a partir dele que avaliamos os políticos nas suas decisões e omissões.

O que se prometeu fazer? O que se fez? O que se não fez? E acima de tudo o que se fez de mal, que possa colocar em causa esse futuro.

Sobre os dois casos Arouca e Baião, mais do que pretender saber o que se fez e como se fez, importa acima de tudo falar e pensar sobre aquilo que não se fez. Que continua adiado ao longo de mais de uma década.

Em Arouca e Baião o que mais me preocupa são as taxas de envelhecimento progressivas e brutais, associadas a uma deslocação dos mais jovens para fora destas vilas e concelhos, por aí não encontrarem resposta para uma vida digna e um trabalho socialmente justo e humano.

Se olharmos de forma objectiva e com honestidade para estes valores tão dramáticos do envelhecimento populacional e regressão demográfica, ficamos com uma imagem trágica de abandono e despovoamento futuro (estamos a falar de um cenário para daqui a 10 a 20 anos) destas duas magnificas terras.

Com consequências terríveis na economia, no ambiente, na qualidade de vida, na própria sustentabilidade territorial e autonomia politica dos dois concelhos.

Esta realidade de esvaziamento e despovoamento já é visível nos pequenos lugares e no centro das freguesias mais periféricas, com taxas de mais de 290% de envelhecimento e de quase despovoamento.

Esta entropia territorial e demográfica já é visível desde os anos 90 do século XX. Com a queda das aldeias de montanha e o deslocar das pessoas mais idosas para os lares do centro da vila de Arouca. Poucas são as aldeias que possuem casais jovens com crianças em idade escolar. Aliás, o encerramento e o reagrupamento dos equipamentos escolares do primeiro ciclo já foram consequência dessa trágica demografia que vai estrangular o futuro destas povoações.

Alguns lugares já se encontram mortos de vida, sem pessoas, sem vida social, sem vida ambiental, é o retorno do caos e da natureza na sua máxima biologia e zoologia. Já estamos no reino da entropia fisica e ambiental. Esta situação coloca em causa a conservação dos recursos naturais e a protecção da integridade da Natureza. Sem pessoas os recursos naturais degradam-se.

Os cenários futuros são demasiados sérios e graves, para serem ignorados pelo momento eleitoral.

Estamos num momento de assumir um compromisso político para Arouca e Baião que envolva um contrato inter-geracional, de forma a pensar o desenvolvimento local integrado num reformismo ecológico e social.Envolvendo os mais preparados técnica e cientificamente na procura de soluções amigas da economia, do ambiente e da demografia.

Torna-se urgente reformar as políticas de acção local que durante as últimas décadas estiveram mais comprometidas em fazer uma politica espectáculo, sedutora, populista em função de um eleitorado mais resignado e passivo.

A preocupação esteve mais centrada na simpatia e no desleixo político, em vez de apostar em programas integrados de valorização endógena que fossem capazes de criar redes e sinergias nas área da economia e do ambiente local. O que ficou foi a festa, a festança, a romaria aos lugares mais sagrados da ecologia local sem a protecção e a valorização necessárias que se impunham.

As governanças locais / municipais investiram o seu tempo e os recursos públicos em tapeçaria de damasco, em obras de estadão, descurando os verdadeiros interesses das populações locais: a saúde, a qualidade de vida, o trabalho, a justiça e a coesão territorial.

Que se fez de interesse municipal na saúde? na qualidade de vida? na criação de trabalho? na justiça e coesão territorial? Que fizeram os nossos políticos nestas áreas? As populações em Arouca e Baião foram beneficiadas nestas áreas nos últimos anos?

E não me venham com a resposta típica. Fizemos muito. Desenvolvemos muito o concelho e a terra? Como é possível afirmar uma coisa dessas quando a sociedade definha! A economia e o trabalho são cada vez mais um bem raro e escasso! ...

Em Arouca o problema mais grave centra-se na perda da biodiversidade ambiental, na destruição da água com a contaminação de agentes muito poderosos, tais como a exploração das lousas em Canelas; o problema das minas com a contaminação das águas subterrâneas nas bacias do Paiva; o problema da radioactividade com o urânio à superfície do solo; os incêndios florestais e a monocultura do eucalipto que veio empobrecer os solos, destruir as águas, matar a biocenose; a construção especulativa nos solos agrícolas de classe A ao longo do vale do Arda promovidos com a aprovação de um PDM de baixa densidade; as lixeiras municipais com dezenas de toneladas de lixo sem estar tratado e protegido que contamina as águas das ribeiras que vão desaguar ao Arda.

Em Baião os problemas ambientais não têm esta gravidade. Em Baião um dos problemas que veio a agravar a coesão territorial foi a fragmentação e a dispersão da centralidade da Vila em Campelo pelas pequenas e artificiais vilas de Santa Marinha e de Ancede. Em nada contribuiu para  a coesão territorial, mas acentuou a perda de centralidade municipal num concelho com desequilíbrios territoriais próprios da sua própria natureza geográfica e identidade politica.

São mais contidos e localizados. A monocultura do eucalipto é muito menor e localizada. Ainda podemos ver de forma muito generalizada a flora e a fauna local na sua melhor qualidade. Contudo o que se passa na Serra da Aboboreira com a abertura de estradões de forma irracional, deve preocupar os poderes políticos e os agentes locais. A água em Baião é de elevada qualidade. Em Arouca já não podemos dizer o mesmo. A qualidade de água em Arouca como por exemplo, nas zonas de Janarde, Meitriz, Regoufe, Alvarenga e Canelas é muito preocupante.

Era importante proceder a uma monitorização às escorias das louseiras de Canelas para compreender a gravidade da situação. Em Arouca os cancros e as leucemias são uma realidade muito preocupante.

Enfim, faço votos que neste período eleitoral as pessoas possam discutir de forma aberta, plural e com sentido de responsabilidade estes assuntos.

Pois, o futuro de Arouca está em risco. E cada um de nós não pode continuar a meter a cabeça na areia como se nada de muito grave não estivesse para acontecer.











sexta-feira, 12 de maio de 2017

Fazer das Tripas Coração

Um  Porto cidade. Um Porto de marca!

Uma cidade tabulheiro de xadrez... peças de porcelana dançam de quadrado em quadrado, de lugar em lugar, de sala e salão à procura de um rei de papelão.

Eleições à porta cheque mate à rainha. Atrás bem a má sorte!...

Ver passar as damas de mão em mão, trocando de pares de acordo com o ritual da ocasião. Entre momentos de pausa e de frenezim, os jogos de paciência são cartas tiradas de cima de mão.

Entrevistas ao senhor deputado, ao alcaide e ao escrivão...
Tratam temas tão banais que se julgam uns sábios de ocasião....

Em dias santos e feriados lá andam de cana na mão...
 pescam tainhas para  vender nas bancas de S. João.

Ao lado dos chefes por entre sorrizos e piscar de olhos lá encontram o rapé do sacristão...

E o coitado do zé povinho tira a caca do nariz e "bota" lá para o doutor juíz.

Cada um cata o que pode em dia de festa ou de comemoração. Lá vão todos empalhados de cravo ao peito, solenes e pretenciosos, levam na mão toda a vontade de um dia serem  um lampião.

Ouvem-se as vozes. O bater das botas. Os gritinhos da manifestação! Há festa de São João!

Um mar de gente perdida entre as ruas da baixa, desce pelo padrão! São tantos os cantos que cada um se sente um rei na forma como mija pró chão!

Fazem-se à rua, ao bairro, à ilha com ganas de gente que trás na boca a vida inteira... Numa cidade que gasta nas tripas a moeda que trás na algibeira.

São vozes, são queixumes, são relampagos que estoiram na Sé, na Lapa e deixam um lastro de luz que lembra um coração de liberdade. Que se encontra prisioneiro desta cidade.

Fazem das tripas coração.
Prometem o que o diabo não dá nem tira. Falam do presente celebrando o ritual de S. João.