segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Humanitas, Felicitas e Libertas



«Humanitas, Felicitas, Libertas  estas belas palavras que figuram nas moedas do meu reinado não fui eu que as inventei. Todo o filósofo grego, quase todos os romanos cultos traçam para si próprios a mesma imagem do mundo que eu. Perante uma lei injusta, por excessivamente rigorosa, ouvi Trajano exclamar que a sua execução não correspondia o espírito da época».
(...)
Assim, escreve Marguerite Yourcenar no livro Memórias de Adriano. Bem a propósito dos nossos tempos que perante as turbulências da mudança, opta pela racionalidade excessivamente burocrática da res publica.

Os sábios antigos ensinaram-nos a olhar para o teatro do mundo com a necessária prudência que o conhecimento nos confere. De forma a evitar os Invernos do espírito.

Adriano como visionário e governante prudente, tinha plena consciência da importância de um governo justo, tolerante e aberto ao conhecimento, único eio de possibilitar a felicidade e o progresso necessário aos povos e às regiões diferentes.

Hoje, as sociedades vivem fora deste quadro de valores, permitindo que a vassalagem e os arquétipos da dependência at homini sejam a regra principal deste jogo político. Abandonamos a procura da felicidade, perante um sentimento de resignação individual e colectiva. O silêncio, o medo, a banalidade e a indiferença  contaminam a sociedade e semeiam o ódio entre os povos, as comunidades, as raças e as religiões diferentes.

Os homens tornam-se indignos desta imensa herança greco-latina, que soube entender a felicidade como o bem supremo das civilizações ocidentais.
 Adriano fala através das palavras de  M. Youcenar afirmando:

«Devo confessar que acredito pouco nas leis. Demasiado duras, são transgredidas com razão. Demasiado complicadas, o engenho humano encontra facilmente maneira de se escapar por entre as malhas dessa massa monótona e frágil».

No fundo, os povos  não se podem refugiar na razão dogmática de uma Lei que nega a Humanidade, a Felicidade e a Liberdade.