terça-feira, 15 de novembro de 2016

PLATAFORMA DE CIDADÃOS BONFIM 21


Image result for bonfim portoA Plataforma de Cidadãos Bonfim 21, pretende ser um espaço de cidadania aberta e plural que possibilite a todos sem excepção o direito a pensar e a agir em beneficio da qualidade de vida na freguesia do Bonfim, cidade e concelho do Porto.

Qualquer cidadão pode participar, propor e desenvolver nesta plataforma as actividades e as acções que achar fundamentais para a promoção do Direito à Cidade.

Tem como objectivo principal a elaboração de uma Carta de princípios para a dignificação da vida na freguesia do Bonfim. Centrada nos direitos à habitação, na educação, à cultura e ao trabalho.

Promovendo encontros, debates, visitas aos bairros da freguesia de forma a dar a palavra a todos sem excepção. E deste modo elaborar uma Carta que será discutida e aprovada pelos membros desta Plataforma e que será divulgada em plataforma digital.

Brevemente daremos a conhecer a Comissão desta plataforma. E um mapa de iniciativas.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Baião em banho maria!...


Ao falarmos sobre o actual estado da politica no concelho de Baião, torna-se imperativo fazer algumas considerações sobre a realidade demográfica e populacional, sobre a sua estrutura económica e empresarial, sobre a dinâmica social e do trabalho.

O concelho de Baião integra-se na Nut III, mais propriamente no Baixo Tâmega. Um região com características muito especificas e complexas no que se refere ao subdesenvolvimento do interior rural. Ao analisarmos os dados estatísticos referentes aos anos que vão de 2001 a 2015 verificamos que estamos perante um concelho em absoluta perda de população e num acelerado envelhecimento.

Assim se em 2001 o concelho de Baião tinha uma população de 22.275 habitantes, nos dados para 2015 verifica-se uma quebra de quase três mil pessoas, isto é, uma população de 19.585 habitantes. O índice de dependência de idosos em 2001 era de 26,2 em 2015 sobre para quase 30 %.  Mas mais preocupante diz respeito ao índice de envelhecimento do concelho de Baião que em 2001 era preocupante com os seus 88,1 % mas que sobe de forma assustadora para os 104,6 por cento em 2015. Outro dado preocupante diz respeito à Diferença entre Salário mínimo nacional e base média mensal em Euros que corresponde a (- 23%) para 1985 e de (-131%) para 2013. Agravando-se consideravelmente para os anos seguintes até 2015.

No que diz respeito à estrutura educativa o cenário também não é nada encorajador, pelo contrário verifica-se uma realidade muito negativa e preocupante em termos de futuro da Escola Pública em Baião. 

Em 2001 alunos matriculados nos ensinos pré-escolar, básico e secundário rondavam quase os quatro mil, isto é, 3.619 alunos; em 2014 assiste-se a uma quebra brutal de alunos que passa para 2.813.  Alunos matriculados no Ensino Básico (- a frequentar até ao 9.º Ano de Escolaridade) em 2001 eram de 3.023 e desce significativamente para 1.963 em 2014. Estes dados são muito preocupantes tendo em conta o cenário de crise e de ausência de investimento na economia local e na destruição de emprego nos municípios da Nut III, Tâmega. A partir destes dados podemos projectar um cenário para 2015/2017 de quase catástrofe para o Ensino no Concelho de Baião. 

 Perante estes dados tão negativos. Perante estes dados as projecções para os anos de 2016/2017 não podem ser de grande esperança e de sustentabilidade social, económica e ambiental do concelho de Baião. 

Esta realidade de perda demográfica, de envelhecimento muito grave, de crescimento de dependência, de insustentabilidade educativa deve levar todas as forças vivas de Baião a reflectir sobre que medidas a tomar de forma a corrigir esta situação de fim de linha.

Aqui entram os Partidos Políticos e todos aqueles que desempenharam funções de liderança local. Como é possível que os partidos com representação nos órgãos autárquicos possam ter passado ao lado desta realidade tão preocupante. Como é possível que os partidos na oposição, refiro-me ao único partido com acento na vereação e na assembleia municipal, o caso do Partido Social Democrata de Baião (PSD) tenha sido conivente e cúmplice nesta tragédia concelhia. 

Só a irresponsabilidade politica desses lideres locais pode justificar um vazio de ideias, de propostas e de discussão sobre a realidade actual do concelho de Baião. Ao longo destes anos, foram sempre os mesmos que se sentaram nas cadeiras do poder municipal. Nada fizeram em prol da construção de uma Esperança para Baião e para os Baionenses. Limitaram-se a ocupar as cadeiras na Assembleia Municipal e na Vereação de forma irresponsável. Mais, a sua postura em nada dignificou a sua eleição e o voto daqueles que neles acreditaram serem os mais capazes para desempenhar tão nobre cargo - servir Baião e o seu Povo.

Onde reside a fonte de tanta incompetência e imoralidade política? Que pretendem estes políticos quando decidem ocupar os partidos como se fossem uma espécie de coutadas pessoais? Que clientelas estão por detrás destas maquinas de conservação de poderes? Como pode ser possível que ao fim de tantos anos de liderança incompetente continuarem à frente dos destinos de partidos como o PSD? Os seus militantes que têm feito para alterar esta triste e doentia situação?

Concelhos como o de Baião não podem ser liderados por gente sem visão de futuro. Baião não pode ser entregue a gente que não tem a autonomia e  liberdade para afirmarem alternativas politicas sólidas e consequentes a partir de programas abertos e discutidos com a comunidade.

Mas, é a partir de um olhar mais clinico que vamos encontrar algumas destas tristes e medíocres situações.



A partir de um olhar mais meticuloso sobre o interior dos partidos que sustentam a nossa democracia, e ficamos com uma sensação de que nesses directórios reina o vazio, a ausência de programas e de ideias, a banalidade e a esperteza clientelar. Acreditem que o cenário é assustador....

Um mundo de gente muito pequena, muito insignificante e banal que se coloca à frente dos partidos não para servir a democracia e os povos mas para se promoverem nas terrinhas, nas vilas e nas cidades. Vou tentar fazer neste pequeno paper uma reflexão dura e crua sobre estes furões que comandam as direcções dos partidos do arco do poder!...Estamos perante o desaparecimento das elites locais e regionais em beneficio de uma gente miúda sem identidade ideológica e cultural. 

Esta gente miúda procura nos directórios políticos uma linha verde que os coloque em posição privilegiada no acesso a determinados lugares de nomeação política bem remunerados. Uma das características deste peixe miúdo é o seu silêncio e a sua descrição na vida pública, não emitem opinião nem contraditório, não apresentam programa político alternativo, nem fazem do espaço público um lugar de confrontação política com os seus adversários. Não escrevem nem pensam sobre a politica e o futuro das suas terras e dos seus povos. Vivem resignados a um silêncio disciplinado numa espera que a alternativa lhes caia na mão.

Baião - O PSD em banho maria!

Resumo do paper:

A partir de um olhar mais meticuloso sobre o interior dos partidos que sustentam a nossa democracia, e ficamos com uma sensação de que nesses directórios reina o vazio, a ausência de programas e de ideias, a banalidade e a esperteza clientelar. Acreditem que o cenário é assustador....

Um mundo de gente muito pequena, muito insignificante e banal que se coloca à frente dos partidos não para servir a democracia e os povos mas para se promoverem nas terrinhas, nas vilas e nas cidades. Vou tentar fazer neste pequeno paper uma reflexão dura e crua sobre estes furões que comandam as direcções dos partidos do arco do poder!...Estamos perante o desaparecimento das elites locais e regionais em beneficio de uma gente miúda sem identidade ideológica e cultural. 

Esta gente miúda procura nos directórios políticos uma linha verde que os coloque em posição privilegiada no acesso a determinados lugares de nomeação política bem remunerados. Uma das características deste peixe miúdo é o seu silêncio e a sua descrição na vida pública, não emitem opinião nem contraditório, não apresentam programa político alternativo, nem fazem do espaço público um lugar de confrontação política com os seus adversários. Não escrevem nem pensam sobre a politica e o futuro das suas terras e dos seus povos. Vivem resignados a um silêncio disciplinado numa espera que a alternativa lhes caia na mão.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

A minha cidade

O Porto é a minha cidade. Desde que vim para a Escola Secundária Rodrigues de Freitas que a cidade do Porto é a minha cidade.

Desde esse tempo que o meu corpo, a minha vida se misturam com esta cidade com rio e mar. O respirar, o sentir, o pensar foram-no e ainda o são em função desta malha apertada de ruelas e becos que vão da Sé até à Foz, dos seus cafés boémios e cheios de estudantes, de burgueses e putas, de homens de negócios e advogados, funcionários do estado com fatos escuros e óculos quadrados.

Foi nesta mistura possível de gentes e credos tão diversificados que aprendi a conhecer a cidade na sua clandestinidade nocturna, feita de silêncios e transgressões.

Ao longo deste tempo de cumplicidades e de vida, lá fui registando a minha existência nas mesas dos cafés, nos recantos dos jardins, nas praias do Homem do Leme ou da Luz, nas Arcadas de Miragaia, nos Museus da cidade. Horas de estudo infinito na velha Biblioteca Municipal do Porto, junto ao jardim de S. Lázaro. Foram longos dias de procura, de deriva na cidade onde o tempo não tinha fim e o dia era já longo como a noite.

O café Piolho era o centro da movida estudantil, mas o Ceuta e o D. Manuel também rivalizavam com o capitólio dos estudantes. Era no Piolho que se organizavam as conspirações, as estratégias para a afirmação da luta estudantil na cidade. O Majestic no seu antigo estilo decadente e desarrumado, lá funcionava como concha de alguma da vida intelectual da cidade. Mas nada de relevante! Sempre cheio como um ovo, por lá circulavam as vozes e as almas mais irrequietas da vida artística da cidade.

Entre copos e cafés, entre dois dedos de conversa e conspirações, lá fazíamos a via-sacra da noite portuense que podia ir desde o Pipa Velha ao Moinho de Vento, do Cubo ao Anikibobó. Mais tarde aparecem o Labirinto, o Lá-LáLá e a Swing. Espaços bem diferenciados para gostos e companhias também muito diferenciados.

O Porto também era o porto das tascas, das tabernas e adegas. A Adega dos Irmãos Linos, e a Adega do Olho É Aqui, também lá contribuíam para a integração dos estudantes num outro porto, mais popular, mais tripeiro e familiar. Sem esquecer o Rei dos Galos de Amarante, com o seu cosido tradicional a lembrar as mãos sábias das cozinheiras antigas. Onde parava o Mestre Escultor José Rodrigues, o Frei Geraldo Coelho Dias entre outros artistas e pensadores da cidade.

O Porto à noite era frio e húmido, sombrio e sonolento, mas cheio de encanto e sedução. Já naquele tempo o Porto era mistério e interdito, revelação e consagração.

O Porto era fechado e cosmopolita, socialista e republicano, burguês e proletário na sua cultura popular e urbana. As suas associações eram bairristas e progressistas,  capazes de fazer a união entre as elites e as camadas populares que viviam nas suas ilhas e bairros históricos.

Após o 25 de Abril o Porto rompeu com os silêncios, com os medos, veio para a rua, para a praça, para a avenida e gritou pela liberdade, afirmou-se nas lutas urbanas com mulheres que fizeram dos estendais as suas bandeiras, as suas lutas pelo direito à habitação, à saúde e à educação.

Momentos de afirmação dos movimentos estudantis na defesa dos seus direitos. Era a afirmação de uma escola pública de qualidade para todos sem excepção. Tardes longas de manifestações nos Aliados, nas Praças da Cidade. A rua era a nossa cidade.




sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Politica à moda do Porto...

A politica na cidade do Porto encontra-se em estado vegetativo. Porquê? Porque na realidade os partidos políticos que têm responsabilidades na organização de estratégias políticas alternativas para a cidade abdicaram de o fazer, em beneficio de interesses eleitoralistas imediatos.

O calculismo eleitoral, a falta de uma afirmação programática sustentável e diferente, o vazio de lideranças no interior dos partidos (PS, PSD, CDS e Bloco) colocaram estes partidos numa espécie de reféns do poder actual que governa a Câmara do Porto.

As Comissões Políticas Concelhias e Distritais destes partidos resignam-se e submetem-se a um poder, a uma liderança que em nada se compagina com a identidade e a força democrática de um partido político. O Porto encontra-se desta forma numa situação de grande fragilidade democrática e de erosão de participação política. Desde as Assembleias de Junta de Freguesia até às reuniões da Vereação e respectiva Assembleia Municipal domina um total cinismo político de conveniência, de interesses que contamina a vida politica na cidade.

Pela primeira vez, a Cidade vive numa espécie de suspensão política, materializada numa ausência de contraditório, de alternativa, de critica política em beneficio de uma gestão política de emanação personalista.

Este cenário de erosão politica acontece porque os partidos políticos se colaram à personalidade carismática e forte de Rui Moreira como forma de esconder e sublimar a mediocridade das lideranças locais.

O Porto vive um momento muito complexo de vazio político, resignado na festaleira cidade que teima em se afirmar como uma top model. 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Carta a Bruxelas

Meus caros amigos de Bruxelas,

Portugal é um país com uma longa história, situado numa Península que dá pelo nome de Ibérica. Aderiu à União Europeia na década de oitenta do século XX. Vive em democracia após a queda da ditadura do Estado Novo, com a Revolução de 25 de Abril de 1974.

A partir daí o povo português de forma determinada envolveu-se na transformação do nosso país, participando na politica, na cultura, na economia. A sociedade portuguesa viveu a Revolução na rua, no campo, na fábrica, na escola, na família com um entusiasmo e um envolvimento nunca visto. Foi um romper de silêncios, de medos, de recalcamentos estruturantes.

Um Povo e uma Nação libertaram-se do medo!

A liberdade, a igualdade e a fraternidade começaram a fazer parte do imaginário quotidiano dos portugueses. Mulheres, crianças e velhos vieram à rua  cantar a "Grândola Vila Morena" do Zeca.Foram dias, foram meses de celebração colectiva. O Povo português acreditava que era possível. E ainda acredita que é possível! Portugal era um rio de Esperança!

Contudo, a burocracia, a corrupção, o clientelismo, o dinheiro fácil, os empréstimos fraudulentos, os gestores mafiosos, os partidos e suas clientelas secaram este rio de fraternidade, de igualdade e de felicidade.

O Povo triste e espoliado dos seus direitos, dos seus bens, das suas casas, das suas famílias, deixasse cair numa espécie de passividade colectiva. Desencanto, dizem uns, resignação dizem outros.

O nosso povo não sabe onde fica Bruxelas. Pouco ou nada sabe da sua cultura e das suas gentes, dos seus cantões, da sua monarquia, dos seus desgovernos.

Bruxelas corre o risco de ser a nossa babilónia.Porque nos castiga com normas, com taxas, com regras que nos retiram a possibilidade de sermos uma Nação digna.

A nossa Jerusalém  já não mora para os lados de Bruxelas. Aliás, penso que hoje, ninguém nos saberá indicar o caminho para a Jerusalém Europeia. Nesta incógnita sistémica a desconfiança e os medos não são os melhores conselheiros num mundo em mudanças tão rápidas e assustadoras.

Ninguém sabe quem governa a Europa, ninguém sabe quem decide pela Europa.

Os governos deixaram de governar as suas Nações e os seus Povos. A economia já não é a alavanca do progresso, mas a causa da nossa queda como civilização.

É nesta contextualidade, que escrevo esta Carta a Bruxelas. Bem sei que não me conheces, que eu não sei quem tu és, Bruxelas.

Mas mesmo assim, não queria deixar de ter escrever esta Carta, porque penso que não és tu a culpada da nossa desgraça. Contudo, és tu que albergas dentro das tuas torres estes burocratas que desgovernam o mundo, que espalham o terror e o medo nas ruas de babilónia.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Mau, Maria!

Hoje, o ministro da Educação anunciava que estava a ser equacionada a possibilidade de os alunos ficarem a tempo inteiro na Escola.

Numa tentativa de agradar a todos aqueles que consideram a Escola uma espécie de "prisão", ou de espaço de retaguarda educativa das famílias. Assim, a Escola tomará conta dos nossos filhos durante a formação e durante a educação e os tempos livres.

Em certa medida, até se podia considerar uma boa medida, uma excelente reforma, uma política em prol da inclusão e da coesão social.

Mas, há sempre um mas nestas coisas da educação!

Será que este Estado "falido", excessivamente burocratizado e centralizado terá as condições materiais e humanas para lançar tal medida com suporte de qualidade e de segurança. Penso que não!

O Estado não garante o aquecimento dos nossos alunos e professores.
O Estado não garante a segurança dos nossos alunos, professores e auxiliares da educação.
O Estado não garante uma refeição digna aos nossos alunos.
O Estado não garante um bom ambiente nas Escolas.
O Estado não garante um espaço feliz na Sala de Aula.
O Estado não garante ensino e formação de qualidade.
Então! Encerremos a Escola Pública? Claro que não!

Mas como se pode dar um passo de gigante, quando nestes últimos anos a Escola Pública foi desvalorizada com a redução de investimento público na formação, na segurança, na educação e no apoio social.

Assistimos, ao aumento de turmas, causa de violência e de perda de qualidade de ensino. Ao aumento da carga horária dos seus docentes, que se encontram esgotados e desmotivados.

O apoio social e psicológico foi desvalorizado com a redução e extinção de contratos de técnicos das áreas da psicologia, da sociologia e antropologia da educação. Os animadores culturais nunca chegaram a fazer parte desta escola inclusiva e interactiva. Os equipamentos da Parque Escolar nunca foram valorizados e dinamizados de forma a alavancar novas sinergias. A relação com a comunidade é um eufemismo!

Um Primeiro Ministro não pode deixar um Ministro da Educação a gerir a educação como se se tratasse de uma mercearia entre o deve e o haver. Um Ministro da Educação que não conhece os meios, nem os problemas da educação nacional.

A primeira medida a tomar é criar os Encontro Nacionais para a Educação e a partir daí identificar problemas e necessidades. Possibilitar a construção de um Livro Branco para a Educação XXI. Chamar os parceiros á discussão e à problematização. É tempo de abandonar as catedrais do ministério da educação que de forma redutora e excessivamente burocrata desgovernam a Nossa Educação e o Nosso Futuro!

domingo, 31 de janeiro de 2016

Variações menores de um partido à beira do Abismo!...

Numa análise rápida à vida partidária nacional e regional constatamos que alguns dos partidos do chamado arco da governação se encontram em absoluta desagregação ideológica e programática. Um PSD que abandonou a matriz social democrata europeia de Francisco Sá Carneiro. Um Partido Socialista em angustia pelo desaparecimento tutelar do soarismo. Uma esquerda nova que aponta novos rumos e novos caminhos perante a incerteza e a duvida dos partidos clássicos nacionais.

Mas, gostaria de me centrar aqui na perda de centralidade política e ideológica do Partido Socialista. O PS abandonou desde a liderança de Mário Soares a social democracia e a esquerda renovada e democrática. Transformou-se num partido prático e utilitário, com uma burocracia e uma clientela que lhe dava a razão de ser e de viver. Um partido que viveu encostado ao Estado, centrado na figura de Mário Soares, útil ao capitalismo liberal e financeiro.Mário Soares que desempenhou o papel do monarca republicano num pós 25 de Abril. Uma figura controversa e complexa, que moldou o partido à sua imagem e dos seus legitimos sucessores António Guterres e José Socrates.

Hoje, é um partido fragmentado sem lideranças carismáticas. Acantonado na sua mais redutora capacidade de acção política. Incapaz de afirmar valores e programas. Vive numa espécie de limbo instrumental, distribuindo lugares por uma clientela menor, localista e provinciana. A sua coligação à esquerda é a prova dessa menoridade ideológica e política. Aliás, sem o programa e a juventude política do Bloco de Esquerda como seria este PS que governa. Certamente, seria mais vazio de programa e de ideias. A Esquerda do Bloco trouxe a este Governo e a este PS novas causas, novas ideias, novos combates.

Ainda, ontem (Sábado, 30 de Janeiro 2016) o Jornal Público noticiava a candidatura do Vereador do PS na Câmara do Porto, à Distrital do Porto, e dava quase como certo que o PS do Porto, não apresentaria uma candidatura alternativa ao candidato independente da direita Dr Rui Moreira. O que demonstra como este PS se transformou numa estrutura política sem relevância. Ao ponto de ser absorvido por uma candidatura independente forjada pela direita do CDS/PP e do PSD da Foz.

Aguarda-se que a esquerda renovada do Bloco de Esquerda saiba ocupar o seu espaço e permita a construção de uma alternativa sólida e consequente para o governo da segunda maior cidade do país.

O Partido Socialista abdicou de ter candidato às Presidenciais e ganhou um candidato da direita; abdica agora de apresentar candidato à segunda maior Câmara do País (O Porto) em beneficio da direita que se instalou na vereação da câmara do Porto e nas suas empresas municipais. Amanhã abdicará de ser candidato à governação do país. quem sabe!

Fazemos votos que o Bloco de Esquerda se afirme como uma alternativa democrática ao absentismo politico do PS!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O Pêndulo de Marcelo!...

Image result for penduloAs eleições para as presidenciais marcam uma nova fase na luta política portuguesa. A eleição de Marcelo Rebelo de Sousa por uma maioria expressiva de 52%, veio retirar ao actual primeiro ministro a paz política que ele necessitava para poder implementar o seu programa e aprovar a sua proposta de orçamento de Estado para o novo ciclo político.

Do ponto de vista da análise política temos neste momento duas maiorias. Uma maioria com legitimidade parlamentar, que suporta o actual governo, de matriz socialista e de esquerda. E outra maioria, personificada no recém eleito Presidente da República, mais à direita e popular. A dúvida, não reside na possibilidade de ambas coabitaram de forma mais ou menos tranquila na política nacional. A duvida, reside na vontade de uma direita nacional e europeia não aceitar este governo de maioria parlamentar e legitimo.

A partir daqui, os cenários complicam-se para o actual ministro. E complicam-se, porque, a situação é cada vez mais insustentável para um PS que não aceita esta coabitação com a esquerda que sempre combateu. Este PS pode ser personificado na patética candidatura de Maria de Belém, e na forma ingénua e quase ridícula como se distribuíram os ministros a apoiar esta figura simpática, mas politicamente artificial.

Sampaio da Nóvoa foi uma espécie de dulcineia sem D. Quixote. Não se podia pedir mais ao professor que de forma simpática mas nada combativa se apresentou com toda a sua bondade e saber. Mas, como já se esperava, faltou política. Faltaram políticos nestas eleições presidenciais.

O candidato da direita também não veio da política. Mas do mundo da televisão. Foi eleito um comentador de uma televisão. Parabéns a toda a máquina dessa cadeia televisiva que docemente foram preparando a candidatura e o candidato. Marcelo Rebelo de Sousa, foi eleito não como político, mas como figura pública da televisão. Um presidente que é o produto de uma televisão. Tal como Tino de Rans foi promovido pela televisão mais populista e demagógica. Dois produtos televisivos. Com qualidades e trajectos bem diferenciadas.

Os únicos partidos que assumiram candidaturas com uma genealogia partidária e programática específica foram a CDU e o Bloco de Esquerda.

A CDU não teve o resultado que esperava. Ficou mais uma vez provada a nossa natureza anti-clerical. Um ex-padre não adivinhava grande resultado. O país ainda não esqueceu os "padres amaros" da nossa república. O Bloco de Esquerda apostou no mesmo figurino, na mesma lógica, na mesma pedagogia política de combate político mostrando as diferenças entre o seu candidato e os demais. Marisa Matias veio da política e fez política. E o resultado está aí.

O grande problema está no partido socialista e por arrasto no actual governo. Como é que um líder político se pode deixar cair no erro de que era mais fácil ter umas primárias nos dois candidatos presidenciais (Maria de Belém e Sampaio da Nóva). Um erro primário para quem anda na política à tantos anos e já ocupou cargos de grande complexidade política.

A partir daqui, o PS e o actual governo vão ser vitimas da sua incoerência política, do seu medo político. António Costa deixou-se apanhar por uma rede de problemas que já não têm solução. Um PS sem autoridade. Um PS sem liderança. Um PS submisso aos lugares que pode vir  a distribuir. Mas lugares esses num governo que se encontra a prazo. Uma CDU que necessita de se afirmar no espaço político. Um Bloco que goza de um entusiasmo que o pode levar a uma queda vertiginosa.

Uma Europa onde quem decide são burocratas e tecnocratas liberais e de direita. Que não gostam desta esquerda, nem deste governo. Que esperavam por este erro grosseiro de António Costa e de toda a esquerda. Uma esquerda que não se uniu, que não se concentrou num único candidato à Presidência da República.

A política é assim, um mundo efémero marcado pela velocidade dos acontecimentos. Estamos novamente perante o Reino da Política!...António Costa tem sobre si, e sobre o seu governo um presente de grande intensidade e de grande porosidade política e social.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

O Retorno do Espaço Público: mimetismo e simulação!


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Nos últimos anos a cidade do Porto passou por um processo de deslocação da sua vida social, económica e cultural do centro da cidade para as periferias da sua área metropolitana, uma espécie de metropolitização do Porto. Este fenómeno deu origem ao aparecimento de uma cidade vazia, feita de ruínas acompanhada por uma rápida e sinistra erosão do espaço económico, residencial e público.

Hoje, em dia, a cidade recupera dessa sinistra realidade. Parece que o retorno à cidade é para valer. Contudo, a tematização do espaço público, a sua especulação por metro quadrado, a procura da cidade para negócios especulativos e imobiliários introduzem uma selectividade de contornos assustadores. Julgamos, contudo, estarmos na presença não de uma regeneração da cidade em prol da valorização da sua complexidade, mas perante um fenómeno de reabilitação mimética do seu casario e de uma simulação de retorno ao espaço público no centro da cidade.

Uma espécie de cidade da representação ao serviço de uma economia global que maximiza os recursos arquitectónicos, a sua memória patrimonial, a sua imagem de elevada singularidade, tudo isto bem acondicionado numa marca turística que pretende vender um produto nas redes globais das cidades turísticas. Mas, que não passa disso mesmo, um produto turístico que em nada tem de significativo na valorização dos usos quotidianos das pessoas que vivem e fazem a cidade.

As governanças locais investem milhões de euros na reabilitação não em função da valorização económica da vida daqueles que vivem e trabalham na cidade, mas preparando esse casco para a sua integração numa rede especulativa de interesses financeiros que vivem das mais-valias turísticas e imobiliárias.
Assiste-se, à implementação de um urbanismo ligth, uniforme e sem poética de gosto globalizado, tipificado nos modelos das cidades turísticas e globalizadas. De forma a servir de estrutura a um homem-massa, deslocado e em transito permanente.

A cidade do Porto vai assim, criar uma nova exterioridade urbana, ao serviço de um Homem-Massa (idola fori), em detrimento do homem publico. O habitante das nossas ruas é assim, um ser sem interioridade, vazio, simples, uma espécie de homem invisível que consome o espaço público mas não o usa, não interage com ele porque ausente na sua relação com a sua identidade. Por outro lado, o Homem das Ruas parece conformar-se com o seu papel de actor passivo, medíocre e indiferente à vida na cidade.

O espaço público é assim, uma espécie de multidão de “loucos” que circula pelo espaço público, que o usa, que o consume, mas que se recusa interagir com a sua memória, com a sua história e com a sua identidade. Uma imensa humanidade intranquila, sem assento, sem território, que se encontra de passagem para algum sítio, que verdadeiramente desconhece mas que já está determinado pelo pacote turístico.
 Este homem invisível ocupa as ruas da nossa cidade, pisa as nossas praças, habita os nossos bares, num ambiente de festa de loucos, um carnaval diário que faz da simulação e do mimetismo um habitar transitório, próprio de um nomadismo sem gosto e sem fim.








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