quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Baião em banho maria!...


Ao falarmos sobre o actual estado da politica no concelho de Baião, torna-se imperativo fazer algumas considerações sobre a realidade demográfica e populacional, sobre a sua estrutura económica e empresarial, sobre a dinâmica social e do trabalho.

O concelho de Baião integra-se na Nut III, mais propriamente no Baixo Tâmega. Um região com características muito especificas e complexas no que se refere ao subdesenvolvimento do interior rural. Ao analisarmos os dados estatísticos referentes aos anos que vão de 2001 a 2015 verificamos que estamos perante um concelho em absoluta perda de população e num acelerado envelhecimento.

Assim se em 2001 o concelho de Baião tinha uma população de 22.275 habitantes, nos dados para 2015 verifica-se uma quebra de quase três mil pessoas, isto é, uma população de 19.585 habitantes. O índice de dependência de idosos em 2001 era de 26,2 em 2015 sobre para quase 30 %.  Mas mais preocupante diz respeito ao índice de envelhecimento do concelho de Baião que em 2001 era preocupante com os seus 88,1 % mas que sobe de forma assustadora para os 104,6 por cento em 2015. Outro dado preocupante diz respeito à Diferença entre Salário mínimo nacional e base média mensal em Euros que corresponde a (- 23%) para 1985 e de (-131%) para 2013. Agravando-se consideravelmente para os anos seguintes até 2015.

No que diz respeito à estrutura educativa o cenário também não é nada encorajador, pelo contrário verifica-se uma realidade muito negativa e preocupante em termos de futuro da Escola Pública em Baião. 

Em 2001 alunos matriculados nos ensinos pré-escolar, básico e secundário rondavam quase os quatro mil, isto é, 3.619 alunos; em 2014 assiste-se a uma quebra brutal de alunos que passa para 2.813.  Alunos matriculados no Ensino Básico (- a frequentar até ao 9.º Ano de Escolaridade) em 2001 eram de 3.023 e desce significativamente para 1.963 em 2014. Estes dados são muito preocupantes tendo em conta o cenário de crise e de ausência de investimento na economia local e na destruição de emprego nos municípios da Nut III, Tâmega. A partir destes dados podemos projectar um cenário para 2015/2017 de quase catástrofe para o Ensino no Concelho de Baião. 

 Perante estes dados tão negativos. Perante estes dados as projecções para os anos de 2016/2017 não podem ser de grande esperança e de sustentabilidade social, económica e ambiental do concelho de Baião. 

Esta realidade de perda demográfica, de envelhecimento muito grave, de crescimento de dependência, de insustentabilidade educativa deve levar todas as forças vivas de Baião a reflectir sobre que medidas a tomar de forma a corrigir esta situação de fim de linha.

Aqui entram os Partidos Políticos e todos aqueles que desempenharam funções de liderança local. Como é possível que os partidos com representação nos órgãos autárquicos possam ter passado ao lado desta realidade tão preocupante. Como é possível que os partidos na oposição, refiro-me ao único partido com acento na vereação e na assembleia municipal, o caso do Partido Social Democrata de Baião (PSD) tenha sido conivente e cúmplice nesta tragédia concelhia. 

Só a irresponsabilidade politica desses lideres locais pode justificar um vazio de ideias, de propostas e de discussão sobre a realidade actual do concelho de Baião. Ao longo destes anos, foram sempre os mesmos que se sentaram nas cadeiras do poder municipal. Nada fizeram em prol da construção de uma Esperança para Baião e para os Baionenses. Limitaram-se a ocupar as cadeiras na Assembleia Municipal e na Vereação de forma irresponsável. Mais, a sua postura em nada dignificou a sua eleição e o voto daqueles que neles acreditaram serem os mais capazes para desempenhar tão nobre cargo - servir Baião e o seu Povo.

Onde reside a fonte de tanta incompetência e imoralidade política? Que pretendem estes políticos quando decidem ocupar os partidos como se fossem uma espécie de coutadas pessoais? Que clientelas estão por detrás destas maquinas de conservação de poderes? Como pode ser possível que ao fim de tantos anos de liderança incompetente continuarem à frente dos destinos de partidos como o PSD? Os seus militantes que têm feito para alterar esta triste e doentia situação?

Concelhos como o de Baião não podem ser liderados por gente sem visão de futuro. Baião não pode ser entregue a gente que não tem a autonomia e  liberdade para afirmarem alternativas politicas sólidas e consequentes a partir de programas abertos e discutidos com a comunidade.

Mas, é a partir de um olhar mais clinico que vamos encontrar algumas destas tristes e medíocres situações.



A partir de um olhar mais meticuloso sobre o interior dos partidos que sustentam a nossa democracia, e ficamos com uma sensação de que nesses directórios reina o vazio, a ausência de programas e de ideias, a banalidade e a esperteza clientelar. Acreditem que o cenário é assustador....

Um mundo de gente muito pequena, muito insignificante e banal que se coloca à frente dos partidos não para servir a democracia e os povos mas para se promoverem nas terrinhas, nas vilas e nas cidades. Vou tentar fazer neste pequeno paper uma reflexão dura e crua sobre estes furões que comandam as direcções dos partidos do arco do poder!...Estamos perante o desaparecimento das elites locais e regionais em beneficio de uma gente miúda sem identidade ideológica e cultural. 

Esta gente miúda procura nos directórios políticos uma linha verde que os coloque em posição privilegiada no acesso a determinados lugares de nomeação política bem remunerados. Uma das características deste peixe miúdo é o seu silêncio e a sua descrição na vida pública, não emitem opinião nem contraditório, não apresentam programa político alternativo, nem fazem do espaço público um lugar de confrontação política com os seus adversários. Não escrevem nem pensam sobre a politica e o futuro das suas terras e dos seus povos. Vivem resignados a um silêncio disciplinado numa espera que a alternativa lhes caia na mão.

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