quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O Pêndulo de Marcelo!...

Image result for penduloAs eleições para as presidenciais marcam uma nova fase na luta política portuguesa. A eleição de Marcelo Rebelo de Sousa por uma maioria expressiva de 52%, veio retirar ao actual primeiro ministro a paz política que ele necessitava para poder implementar o seu programa e aprovar a sua proposta de orçamento de Estado para o novo ciclo político.

Do ponto de vista da análise política temos neste momento duas maiorias. Uma maioria com legitimidade parlamentar, que suporta o actual governo, de matriz socialista e de esquerda. E outra maioria, personificada no recém eleito Presidente da República, mais à direita e popular. A dúvida, não reside na possibilidade de ambas coabitaram de forma mais ou menos tranquila na política nacional. A duvida, reside na vontade de uma direita nacional e europeia não aceitar este governo de maioria parlamentar e legitimo.

A partir daqui, os cenários complicam-se para o actual ministro. E complicam-se, porque, a situação é cada vez mais insustentável para um PS que não aceita esta coabitação com a esquerda que sempre combateu. Este PS pode ser personificado na patética candidatura de Maria de Belém, e na forma ingénua e quase ridícula como se distribuíram os ministros a apoiar esta figura simpática, mas politicamente artificial.

Sampaio da Nóvoa foi uma espécie de dulcineia sem D. Quixote. Não se podia pedir mais ao professor que de forma simpática mas nada combativa se apresentou com toda a sua bondade e saber. Mas, como já se esperava, faltou política. Faltaram políticos nestas eleições presidenciais.

O candidato da direita também não veio da política. Mas do mundo da televisão. Foi eleito um comentador de uma televisão. Parabéns a toda a máquina dessa cadeia televisiva que docemente foram preparando a candidatura e o candidato. Marcelo Rebelo de Sousa, foi eleito não como político, mas como figura pública da televisão. Um presidente que é o produto de uma televisão. Tal como Tino de Rans foi promovido pela televisão mais populista e demagógica. Dois produtos televisivos. Com qualidades e trajectos bem diferenciadas.

Os únicos partidos que assumiram candidaturas com uma genealogia partidária e programática específica foram a CDU e o Bloco de Esquerda.

A CDU não teve o resultado que esperava. Ficou mais uma vez provada a nossa natureza anti-clerical. Um ex-padre não adivinhava grande resultado. O país ainda não esqueceu os "padres amaros" da nossa república. O Bloco de Esquerda apostou no mesmo figurino, na mesma lógica, na mesma pedagogia política de combate político mostrando as diferenças entre o seu candidato e os demais. Marisa Matias veio da política e fez política. E o resultado está aí.

O grande problema está no partido socialista e por arrasto no actual governo. Como é que um líder político se pode deixar cair no erro de que era mais fácil ter umas primárias nos dois candidatos presidenciais (Maria de Belém e Sampaio da Nóva). Um erro primário para quem anda na política à tantos anos e já ocupou cargos de grande complexidade política.

A partir daqui, o PS e o actual governo vão ser vitimas da sua incoerência política, do seu medo político. António Costa deixou-se apanhar por uma rede de problemas que já não têm solução. Um PS sem autoridade. Um PS sem liderança. Um PS submisso aos lugares que pode vir  a distribuir. Mas lugares esses num governo que se encontra a prazo. Uma CDU que necessita de se afirmar no espaço político. Um Bloco que goza de um entusiasmo que o pode levar a uma queda vertiginosa.

Uma Europa onde quem decide são burocratas e tecnocratas liberais e de direita. Que não gostam desta esquerda, nem deste governo. Que esperavam por este erro grosseiro de António Costa e de toda a esquerda. Uma esquerda que não se uniu, que não se concentrou num único candidato à Presidência da República.

A política é assim, um mundo efémero marcado pela velocidade dos acontecimentos. Estamos novamente perante o Reino da Política!...António Costa tem sobre si, e sobre o seu governo um presente de grande intensidade e de grande porosidade política e social.

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