terça-feira, 18 de setembro de 2012

A um Passo de Coragem, de frontalidade e de carácter...

O Povo saiu para a rua, caminhou de forma cívica e mostrou ao governo o seu legitimo descontentamento em relação às medidas apresentadas como os instrumentos necessário para o ajustamento da divida soberana da nossa Republica. Até aqui nada de grave. O problema é que não foi o povo, mas uma Nação inteira que protestou e condenou a solução apresentada por Passos  Coelho.E essa realidade social faz toda a diferença e consequentemente obriga ao aparecimento de soluções novas na forma de governar.Todos os representantes do Povo Português ., Assembleia da Republica, Presidente da Republica, Tribunal Constitucional, Conselho de Estado e Partidos Políticos foram chamados para uma prova de fogo.

 É necessário dar uma resposta a esta situação de conflitualidade entre representantes e representados. A quebra de confiança está instalada e vem de trás. Sem duvida, que a herança do socratismo não está só presente no Largo do Rato, mas em todos os outros sectores da vida partidária. O anterior governo socialista deixou muito pouco ou quase nenhum conforto na gestão de conflitos sociais e de representatividade entre governantes e governados. A mediocridade da gestão socialista de José Socrates contaminou a sociedade e deixou um grande descontentamento.

O Primeiro Ministro Passos Coelho não conseguiu ver o alcance do fenómeno Relvas e de outras situações anacrónicas.O fim da Reforma Eleitoral e a polémica em torno das freguesias deixou este governo cada vez mais desligado da sociedade e do partido que lhe dá sustentação.Entramos numa espécie de terrorismo simbólico silencioso dentro e fora do PSD, com algumas cenas públicas de profunda confrontação entre representantes eleitos nas listas do PSD. Para além do simbolismo ritualizante dos banhos do poder, com a encenação de alguns momentos em que o poder vem ao povo, através de visitas bem montadas e conferencias em hotéis programadas. Não foram o instrumento necessário para selar o compromisso entre governantes e governados. O fosso ia aumentando e vivia-se numa espécie de teatro isabelino, onde as traições e as intrigas iam contaminando a solenidade da governação.

O poder dos chefes e lideres locais e regionais deixa de ter utilidade nas clientelas políticas, que assistem a uma centralização burocrática e política em Lisboa. Esta realidade agrava ainda mais e é geradora de tensões entre lideranças. As formas de organização politica abandonam a hierarquia e a concertação interna e fazem uma espécie de castelanização em torno do Primeiro Ministro e seus assessores. Afasta-se da máquina partidária e deixa de ouvir as suas bases. O último congresso foi o exemplo disso mesmo, substituiu o debate que era necessário por uma estratégia silenciosa em que algumas distritais e alguns dirigentes exerceram o seu mandato politico numa espécie de folha de calculo. A politica ficou adiada, o debate foi interrompido, a alternativa ficou silenciado dentro das paredes partidárias.

A alternativa ao desgoverno Socrates não se aprofundou na diversidade dos valores da social democracia. Do dia para a noite, a diversidade de discursos e de alternativas dentro do PSD desapareceu, ficou silenciada e deu origem a uma uniformidade e homogeneidade de discurso preocupante. Ficamos só com um discurso, só com uma alternativa, só com uma visão do mundo.Uma espécie de pacto de regime interno em nome da salvação nacional - é o retorno do unanimismo redutor e cobarde.Como consequência não foi possível objectivar qual a relação entre mudança política e transformação socioeconómica na europa e no mundo em geral. Não foi possível desenvolver uma praxis politica que valoriza-se os instrumentos do compromisso, da responsabilidade e do contrato social intergeracional.Esta unanimidade fantasista conduziu o governo para uma situação de limbo político, onde as sombras e os pesadelos são mais fortes e condicionantes que a própria realidade social.

Ninguém valorizou as culturas e as comunidades de resistência. As freguesias não foram categorizadas de forma objectiva. Logo subestimou-se a sua capacidade de discurso politico e social de resistência, contra uma reforma administrativa feita aos soluços e em total diálogo com os seus representantes locais.Nas escolas o ministro da educação demonstrou falta de preparação e ingenuidade politica.Não soube mobilizar os docentes e a comunidade escolar em geral. Tinha um activo politico muito grande mas não soube conservar e muito menos ampliar. O ministro da economia não existe e não mobiliza o sector empresarial. A agricultura entrou num ministério sem nexo, sem sentido e sem escala. Não se pode governar desta forma.

Agora pergunta-se. Que vamos fazer?

Bem, o PSD tem uma maioria simples na Assembleia da Republica. Ganhou as eleições. Tem um conjunto de deputados com maturidade politica e intelectual para dar uma solução.É um partido moderno, plural, social democrata de tradição ocidental, possui um conjunto diversificado de quadros de grande qualidade politica e cientifica -, neste sentido está preparado para resolver este grave problema que o Governo Socialista deixou a todos os portugueses. Por outro lado, os governos são nomeados e aprovados em Assembleia da Republica e mais tarde ratificados pelo Exmo Presidente da Republica. A democracia que funcione, que exerça o seu legitimo mandato. Cada um que saiba tirar daqui as suas ilações e responsabilidades.

Claro que Passos Coelho ainda tem margem de manobra. Recuar na TSU, demitir Miguel Relvas, remodelar o governo e alterar a estrutura orgânica deste governo que não funciona da melhor forma. Executar as Reformas. Avançar com as Reformas. Responsabilizando os outros partidos do aro do poder. Envolvendo-os nas Reformas de forma aberta e publica. Sem medos e sem tacitismos partidários.Dar um sinal claro de humildade e de capacidade governativa. Dialogando mais com a sociedade. Sem telepontos e sem assessores de imagem e de discursos vazios. Passos deve ser ele próprio, com a sua idiosincrasia, com a sua forma simples de estar. Naturalmente que vai assustar o aparelho mas vai ganhar o país e retirar a nação deste ajustamento brutal. Ainda acredito que Passos Coelho possa ter este sentido de risco e de genialidade politica.Desejo que o actual Primeiro Ministro dentro da sua solidão e poder possa reencontrar-se consigo próprio e com o povo que o elegeu. Sem medos e sem influencias remodele o governo, substitua quem tem que substituir, convide quem tem capacidades, maturidade, conhecimento, valor e humildade para o acompanhar neste momento tão difícil. 

E acima de tudo  é o erro que nos ensina o caminho e nos dá a conhecer o imperativo da governação.


3 comentários:

Anónimo disse...

Amigo Sr. Professor,
O que se está a passar no país a mim não me surpreende rigorosamente nada.
Lá diz o velhinho ditado popular: quem semeia ventos, colhe tempestades. É o que está a acontecer.
Uma vez mais lhe digo que é completamente errado meter todos os partidos políticos no mesmo saco.
Os grandes responsáveis pelo descalabro a que o país chegou, é da única e exclusiva responsabilidade dos partidos que nos governam alternadamente há mais de 3 décadas e meia, que são: PS/PSD com o CDS atrelado.
Portanto, vir fazer lançar poeira para os olhos do povo dizendo que os paridos políticos são todos responsáveis na encruzilhada em que o país se encontra, são afirmações altamente gratuitas.
Um abraço amigo.
Gomes

Fernando Matos Rodrigues disse...


Caro amigo,
Infelizmente o nosso país foi governado por um partido socialista e por um punhado de ministros sem ética, sem responsabilidade, sem patriotismo. No fundo fomos desgovernados por uma máfia de politicos oligarquicos que olham para o estado como se ele fosse uma grande manjedoura, da qual podem utilizar os seus recursos sem ética e equidade. Destruiram o Estado, destruiram a industria, destruiram a agricultura, destruiram os sectores nacionais vitais para a nossa independencia e autonomia economica e financeira. Estamos agora a pagar a factura desta desgovernação socialista. O PS foi a principal causa desta tragédia nacional. O problema é que os partidos do arco do poder insistem em continuar a mesma sina. Espero que o actual governo, e o PSD tenham como unico proposito servir Portugal e dar aos portugueses a dignidade e a qualidade de vida que perderam. Recuso-me a aceitar que o PSD possa entrar no jogo do PS. Infelizmente, sabemos que esta máfia de negócios e de interesses corta transversalmente todos os partidos. Mas mesmo assim, acredito que lá no fundo os partidos se possam renovar de gentes e de novos valores, que pela sua honestidade e independencia não conseguem aceder às lideranças. Preocupa-me muito o que se está a passar em Portugal e na Europa e no Mundo. O Povo e muito bem já não tolera mais esta gente corrupta e mediocre que olha para o Estado como uma grande manjedoura de onde se pode colher proveitos materiais para si e para os seus.
Abraço amigo

Nota: Olhe para a nossa Terra, Baião e veja como se desgoverna e como se instrumentaliza o poder e os negócios, entre politicos de ambos os quadrantes, com negociatas em Baião, no Porto, no Brasil, etc.

Anónimo disse...

Amigo Sr. Professor,
Com toda a estima e consideração que tenho pelo Senhor, uma vez mais lhe digo que não vale a pena tentar atirar poeira para os olhos do Povo nem andar a chorar lágrimas de Crocodilo, porque os responsáveis pelo descalabro vertiginoso em que o país dia a dia, de hora em hora se afunda, é da única e exclusiva responsabilidade dos partidos que tive oportunidade de mencionar no meu comentário anterior: PS/PSD com o CDS à cinta.
Esta é realidade nua crua que ninguém de bom senso pode negar.
Para aqueles que ainda tinham dúvidas, cada vez está mais claro que entre PS/PSD e CDS não há diferenças políticas. Aliás, muito recentemente um comentador político ao serviço desta política que está a levar este Portugal para o suicídio, afirmou sem qualquer tipo de reserva que o país só tinha a ganhar com a junção dos partidos anteriormente referidos.
É verdade Sr. Professor, o Concelho de Baião encontra – se numa situação gravíssima, mas houve uma força política que se chama PCP e que nem tem representação na Assembleia Municipal nem no Executivo Camarário, em devido tempo em comunicados distribuídos à população baionense insurgiu – se contra o rumo que o mesmo estava a levar, Inclusive a médio prazo a sua extinção como município.
Para concluir, mesmo em Baião também não há diferenças políticas entre PS/PSD, são farinha do mesmo saco.
Receba um abraço cordial do amigo:
Gomes