segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Somos Portugueses!

Ao findar este ano de 2011 fica-nos um registo amargo de consciência colectiva por aquilo que deixamos de Ser.Mas também de Fazer.
Como diria José Rodrigues Miguéis, Portugal acordou de repente, sem saber porquê, e ficou à escuta: ouviu trinar uma guitarra, que de forma grave e dura, por entre umas cordas desafinadas nos dizia: Crise do Euro. Crise Europeia. Crise Portuguesa. Crise Global. Liberalismo excessivo. Selvagem para uns, necessário para outros. Mas Portugal, continuava a escutar, a escutar uma ladainha velha, nojenta, repugnante, que nos soletrava aos ouvidos carestia de vida, aumento de impostos, desemprego, pobreza, miséria social. 
As ruas ficavam desertas, os cafés mais vazios, os restaurantes desertos uns e outros mais apinhados, as filas da solidariedade aumentavam e sobravam nas esquinas dos prédios. As ruas desertas, um silêncio desenhado pela trinar da guitara que lamentava-se da crise, da crise, da carestia que voltava. Um homem de telemóvel, estático, observava a coisa mais de perto e ria-se baixinho.
 Um homem encostado à parede do prédio, ia desfiando na sua memória Gil Vicente, Camões, Vieira, S. Bruno, Oliveira Martins, Rodrigues de Freitas, Gunqueiro, Antero, Almeida garrett e Herculano e tantos outros que escreveram com sangue o nome da Pátria Lusitana.
Esta mesma Pátria que abandonou a sua jangada de pedra e emigrou para os Alpes, de uma Europa tecnocrata e germanica.
Ao sabor dos euros fomos vendendo a raça, o credo, a alma e o ser. Esventramos as nossas terras com vias rápidas, pontes e cimento. Entregamos aos outros as nossas courelas, os nossos mares, os nossos bosques, os nossos rebanhos.
Desmantelamos o Estado, a Pátria, a Nação. 
Criamos um tipo novo, tecnocrata, medroso, vendido, o homo europeu do centro, do norte.
 Mas que europa é esta? Que nos manda vender o sangue que corre nas nossas veias, que nos tira as casas, os empregos, os peixes do mar.E nos manda fechar as fábricas e os campos.
Que é feito desta Lusitania agreste, rude, selvagem, genuína, de povos livres e autónomos. Como diria Aquilino, esta raça e este génio, um misto de natureza e de cultura, meios lobos meios humanos. Que cânticos nos esperam? Onde param as musas de Camões? Onde vamos encontrar o Quinto Império neste mundo sem alma, sem cor, sem humanidade.
Que foi feito dos nossos barqueiros? Dos nossos pescadores da Apúlia? Da Vagueira? Ó musas celestiais, onde param as vossas forças celestes...
Abandonados, mergulhados num péssimismo sem fundo. Os povos da lusitana reencontram de novo a sua sina, mas também a sua ALMA.
Somos Portugueses, mesmo com ou sem Europa.


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