segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Dlim, Dlão, Dlim...Dlão.

O nosso tempo é cada vez mais circular e esférico. Perdemos a profundidade e a temporalidade das coisas reais, próprias da vida social e cultural. A contingência e a transitoriedade são uma ilusão social, que nos conduzem para um abismo de incertezas e de angustias quotidianas.

O consumo e a velocidade. A banalidade e a uniformidade burocrática. Conduzem as civilizações para uma espécie de espaço comum, comprimido e estupidamente redutor. Uniforme nos conteudos e mecânico nas estéticas da apropriação. Um mundo erotizante e desfragmentado nos valores e nas iedologias reinantes.

As economias globalizam-se em prol de um sistema financeiro e capitalista. É a promoçao de uma economia global sem valores e sem escrupulos.

Vivemos num tempo neuróticamente desestruturado. Onde a pessoa não é um valor em si, mas uma moeda de troca num sistema hiper-financeiro e hiper-neurótico.

A deslocalização, a fragmentação e a brutalidade social conduzem o planeta para um caminho de via única, onde o humanismo e a social democracia são uma espécie pecado original. São tempos de espiação.

Um Mundo sem limites e sem fronteiras vive na ángustia frenética da violência e da morte que todos os dias e a todas as horas nos entram pela nossa retina a partir de um qualquer televisor. É a violência servida de forma descontextualizada e sem dor, sem moral e sem ressentimento. Um mundo indolor e insensato que nos arrasta para uma insensibilidade social e politica.

A pessoa. Os sentimentos. Os valores humanos.
Cedem perante a agressividade de uma lógica material que é filha de um calculismo atroz.

 A sociedade caminha vertiginosamente para uma insensibilidade sem limites, provocando miséria e pobreza. O desemprego é uma realidade contundente, provocando a angustia social e a incerteza na vida das pessoas.

Toda a sociedade, incluindo os seus actores sociais vivem condicionados por uma vulnerabilidade económica e social, que lhes retira a força e a energia positiva.

A dignidade humana fica refém de uma simples e marginal folha de cálculo. A sociedade vitima destas crises financeiras e especulativas, cai numa situação de insustentabilidade de regime.

O Estado comprimido, magro e marginalizado pela burocracia europeia vive encolhido entre uma democracia agonizante e um estado emergente de soluções radicais, sejam elas de direita ou de esquerda.

 A sociedade recolhe para um espaço social comprimido entre dois pontos virtuais, desmaterializados pela revolução tecnológica das redes sociais através da Net e procura refundar esse sentido antropológico e social do direito à rua, à manifestação e à contestação contra uma ordem económica e politica global e globalizante. De traço social e económica inaceitável.

Estamos perante o retorno das lutas sociais, dos movimentos urbanos tipicos dos Anos 20, 50 e 60. Com outra capacidade de organização e com outra capacidade de mobilização, homens e mulheres, crianças e velhos marcham novamente pelas ruas lançando gritos de revolta e de contestação.

Gostariamos que esta nova consciência social e cultural possibilita-se a construção de uma Nova Ágora.

Que tivesse como matriz um humanismo globalizante e cosmopolita, capaz de valorizar a singularidade na universalidade. Impedindo a implementação e a construção de modelos mecânicos que nos querem impor uma sociedade redutora, financista, pobre na complexidade e fascista na acção.

Os instrumentos de acreditação social e de interação virtual podem possibilitar essa explosão de esperança e de felicidade que todos, mesmo todos, desejamos alcançar de forma democrática e solidária.

Pensamos que o caminho é de solidariedade, mas também de esperança e partilha.

A Humanidade na sua fraternidade deve caminhar para essa Terra da Fraternidade entre Povos e Nações. As diferenças de cor, de genero, de ideológia e de religião não podem continuar a alimentar Estados que são verdadeiras máquinas de terror e de violência institucionalizada.

Como diria Eugenio Trias, o homem é ele e a sua condição humana. Na tese feliz de que é na ideia de limite, que nós somos os limites do Mundo.

São tempos de CELEBRAÇÃO!.. São tempos de Exaltação!..

3 comentários:

Anónimo disse...

Caro amigo Sr. Professor,
As vezes a boca foge – lhe para a verdade, ainda bem que assim é!
Se o País se encontra a caminho da deriva, os culpados pela situação estão devidamente identificados.
Se os Deputados que sustentam a atual maioria PSD/CDS, assim como os membros do governo, o Presidente da República, comentadores políticos encartados e palestrantes se vivessem na situação de penúria em que se encontram milhares de Portugueses, não tenho a menor dúvida que o discurso destas ditas personalidade era totalmente diferente.
Se esses senhores que eu citei lhes faltassem o pão em cima da mesa para darem aos filhos, netos e restantes familiares como infelizmente já acontece em milhões de lares deste País, não tenho a menor dúvida quo já tinha caído o Carmo e a trindade!
Enquanto a pobreza alastra de forma vertiginosa por todo País, os grandes grupos económicos sem escrúpulos, com as costas quentes deste governo PSD/CDS, continuam a arrecadar fortunas astronómicas á custo do suor alheio.
Esta é a realidade que ninguém de boa-fé a pode ignorar!
Abraço amigo
Gomes

Fernando Matos Rodrigues disse...

Caro amigo Gomes,
Ao ler o seu comentário lembro as tardes aos fins de semana na Casa do Souto, onde falavamos sobre um tempo ainda pretérito imperfeito, que seria de miséria, de fome, de desemprego e de contestação. Enquanto trincavamos umas ameixas rubias, saborosas, trocavamos ideias sobre a mà politica e os maus políticos que na altura desgovernavam este país esta Nação. Infelizmente, tudo aquilo que pensavamos que poderia acontecern na realidade já aconteceu e está para acontecer. Lamento profundamente e neste momento como gostava de dizer. Afinal, estavamos redondamente enganados.
Mas meu caro amigo, a realidade dos factos dá-nos razão e o tal futuro incerto é cada vez mais uma realidade brutal, que esmaga familias inteiras. Lamento.
Olhe, este ano nem a ameixoeira deu ameixas. Até as árvores estão tristes e zangados com o mundo dos homens.
Abraço amigo

Anónimo disse...

É verdade caro amigo,
Apesar das nossas diferenças políticas, já nessa altura chegamos a discutir e de forma bastante acalorada muitos dos problemas que infelizmente hoje são realidade, ou melhor dizendo, o rumo catastrófico que este País está a levar.