sábado, 6 de agosto de 2011

Os Basófias da Política Local


O espaço politico local encontra-se configurado por redes de demagogia e populismo fácil, que através de retórica e fraseologia simpática, instrumentalizam as vontades e as pessoas mais descuidadas e menos informadas. Uma espécie de populismo político que tem como base uma sociedade local dependente de interesses e de afirmações pessoais que nada, mesmo nada, representam em termos de vontade colectiva.


Um tipo social que emerge das camadas populares, onde a ausência de tudo ou de quase tudo, terá contribuindo para uma ansiedade galopante na forma e no método de subir na vidinha. A política ainda é, com raras excepções é verdade, uma escada ao serviço da promoção de pessoas, que vindo de baixo, apanharam boleia nos partidos e nas máquinas partidárias e foram subindo na vida social, económica e política. O mérito individual, os valores de serviço ao bem público, não se coadunam com a afirmação deste novo riquismo que contaminou a vida politica nacional nas últimas décadas.

Fomos  também contaminados pela deslocalização de candidatos de outras cidades, locais e regiões. Que em nome do interesse publico, vieram  liderar processos autárquicos e alternativas democráticas. De forma burocrática e em nome de grupos politico-partidários que dominam as máquinas distritais, apresentaram-se de forma impositiva, sem escutarem as vozes do povo e dos seus militantes e simpatizantes. Impuseram-se pessoas, nomes, candidatos de forma anti-democrática e em total desrespeito pela vontade dos povos que aí nasceram, aí residem e aí trabalham noite e dia para sustentarem os seus lares e famílias.

 Candidatos que procuram nos governos locais aquilo que não conseguiram alcançar nos governos regionais ou nos governos das grandes cidades do litoral. Estas candidaturas obedecem a uma lógica meramente de consolidação de poderes internos das respectivas máquinas partidárias, e pouco ou nada, se ligam aos interesses e aspirações das comunidades locais. São candidatos impostos de fora, de cima para baixo, que as frágeis lideranças locais aceitam, de forma bem disciplina, caso contrário, os seus voos para Lisboa, ou para outro cargo regional podem ficar adiados.

 Não existe capacidade de afirmação local, pelo facto de as elites locais estarem afastadas da vida publica e politica. Cedendo o espaço politico local a homens e mulheres sem dimensão social, cultural e económica, que vivem na dependência das mordomias e dos mimos da política regional e nacional.
No fundo, as comunidades concelhias e /ou locais estão abandonadas, e solitariamente combatem uma frente onde os seus próprios representantes não possuem a independência politica, cultural e social necessária a confrontar e a opor-se aos interesses do Porto ou de Lisboa.

As lideranças locais são muito frágeis e inconsequentes na forma e no conteúdo, como exercem o seu mandato. Não são solidamente estruturadas em cabeças de ferro, com ideias e vontades que se identifiquem com um projecto político colectivo. Não existem os chamados Big Mans locais, capazes de liderar processos fracturantes e inovadores, com arrojo e modernidade. Os Homens Bons de antigamente, que as Casas Grandes da Terra fabricavam desapareceram e cederam o lugar a gente muito pequena, mesquinha, medíocre, que instrumentaliza os aparelhos e os condiciona de forma a conservar os pequenos poderes locais ao serviço dos seus interesses e das vontades da sua clique.

 Gente que veio de baixo, que se habituou a subir de qualquer forma e feitio, educada na intriga, na baixa política, na esperteza da vidinha pequena. Habituada a negociar, a fazer da sua vida uma arte de mentira e de engano, como forma de sobrevivência e de subir a pulo na escala local.

Um punhado de gente sem moral e sem ética, sem filantropia e universalismo, para com os seus pares e para com o povo que supostamente deviam representar. Por isso, se compreende, mas não se pode aceitar, que as oposições estejam silenciadas nas Vereações e nas Assembleias Municipais. Comprometidas com os poderes que governam e decidem do futuro da sua Terra. Comunguem dos mesmo horizontes, dos mesmos anseios, dos mesmos tachos, dos mesmos favores...

Uma espécie de grande festim onde poder e oposição se vão servindo como se pode ou quando se pode.
Mas será, que ninguém se apercebe que o povo fala de tudo isto na barbearia, na tasca, na farmácia, no café, na rua, no tanque do lugar, no terreiro da igreja....Em casa, na escola, no hospital.

Enfim!?..Será que não existe um pingo de valor ético e moral nos nossos representantes locais?..Que trocam favores entre si. Que fazem os arranjos necessários para agradar ao pároco da terra, ao amigo militante do partido, ao empresário da construção local, ao senhor presidente disto ou daquilo.

Ou será que as nossas Vilas estão a ser tão bem governadas e organizadas que não existe nada, mesmo nada a apontar ao senhores que nos governam ou melhor, nos desgovernam!..

Os nossos comerciantes estão cada vez mais ricos e fartos de fazendas. Os nossos filhos estão satisfeitos com as piscinas de verão, com os jardins, com os espaços de animação e de recriação.
 O desemprego não existe, a fome e a exclusão social são uma miragem nestes territórios de baixa densidade. As fábricas continuam a laborar,os campos estão cultivados e prontos para a colheita. Os canastros e os alpendres estão fartos de pão. A salgadeira está cheia e recomenda-se. O fumeiro está no ponto e faz as delicias dos parentes que chegaram de França, Bruxelas, Brasil, Espanha e África.

As nossas vilas estão apinhadas de gentes e de turistas. As praças estão animadas com musica, entretenimento e festa de rua. A nossa Agenda cultural está cheia de alternativas, desde os eventos culturais na Casa da Juventude, no Parque de Campismo, nos Centros de Interpretação Arqueológica e Ambiental, com programas lúdico-cientificos para os nossos jovens poderem desfrutar da natureza e do conhecimento e da cidadania.

Como podemos constactar. Esta unanimidade entre poder e oposição é consequência do bom trabalho dos nossos ilustres autarcas que muito trabalham para o nosso progresso material e desenvolvimento humano e social.
Poder e oposição são uma familia perfeita nos interesses, menos no Bem Público.







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