terça-feira, 16 de abril de 2013

Eleições Locais 2013 - aparelho versus renovação!




A sociedade portuguesa prepara-se para mais um acto político. Em Outubro os portugueses vão a votos para eleger para os próximos quatro anos os seus representantes locais. Um ritual que se foi tornando normal no seio de um país e de uma sociedade que se democratizou após uma Revolução Militar.

Espera-se que os novos candidatos possam dar esse contributo de aprofundamento da democracia no espaço local, centrados nos territórios concelhios e respectivas freguesias. Contudo, aquilo, que seria um acontecimento cívico e político normal, provavelmente  (a crise profunda do nosso país) será um momento complexo e de grande tensão. É o problema do encerramento e anexação das freguesias, o desemprego galopante, a inércia do governo, o custo real da vida, para além da impossibilidade de uma grande parte de recandidaturas. Com o limite de anos ao serviço da "coisa pública" de uma grande parte dos "dinossauros" do poder local.

No nosso Distrito os aparelhos políticos escolheram, decidiram de acordo com a independência dos seus órgãos e optaram por certas escolhas. Em geral todos os partidos da esquerda à direita optaram por soluções de candidaturas que se deslocaram dos seus directórios (Comissões Politicas Concelhias, Distritais e Orgãos Nacionais) para o papel de candidatos a um lugar de presidência. Esta situação conduz aqueles que decidem a auto-proporem-se  para o dito lugar. Situação que denota uma falta de abertura dos partidos à sociedade civil. Estamos perante um empobrecimento da vida pública e política.

Também tive a possibilidade de votar e de decidir sobre uma candidatura local a um concelho. Exerci o meu voto de acordo com os critérios que considerei mais pertinentes para a altura. Contudo, aquilo que fica, é uma absoluta predominância do aparelho sobre a escolha de candidaturas da sociedade civil. Penso, que perante tamanha crise social, económica e política os directórios políticos deviam-se abrir à sociedade captando cidadãos com outra escala e outra dimensão. Libertando a política dos aparelhos cinzentos, que vivem mais em função da luta interna pelo poder e suas instrumentalizações, do que em beneficio de um programa mais global e dinamizador da vida pública local.

No nosso Distrito o PSD optou pelo aparelho puro e duro.
Abandonou a sociedade civil. Reduziu a política e as decisões sobre o futuro das nossas populações a uma mera lógica de economia de votos.

Não apresentou uma estratégia de incluir o partido na sociedade civil, e a sociedade civil no partido. Alimentamos e agravamos o fosso entre representantes e representados, entre eleitores e eleitos. Não abrimos o partido à sociedade e deixamos a sociedade sozinha na rua em protesto. Adiamos a resolução da crise de representação. Que não é mais do que uma Crise da Democracia.

Não organizamos umas jornadas para pensar, programar e projectar os nossos concelhos e o nosso distrito. Optamos por uma narrativa de ficção política, dependente da imagem, da pequena noticia, do post no face, do efémero.

Os directórios distritais resumem a sua actividade política a uns jantar-comicios, a umas visitas, que mais não são que uma espécie de homilias patéticas onde gente pequena fala como gente grande para as "bases", a partir de um discurso redondo e inócuo. O vazio é a regra e a indiferença das bases é total. Fica o registo do momento, de umas quantas fotos para a página do faceboock do seu lider, descobrindo planos e emoções.

O nosso distrito cada vez mais pobre, cada vez mais desempregado, cada vez mais angustiado não encontra nos directórios distritais a liderança necessária e esclarecida.

As taxas de desemprego são brutalmente assustadoras, o encerramento de pequenas e médias empresas é uma realidade que choca e inquieta. O desânimo é regra e a falta de esperança é contaminante.

É urgente abrir os partidos.
Oxigenar a vida partidária.
Lançar um sinal de esperança no nosso Distrito.

Como se pode fazer?

Libertar os partidos do eleitoralismo e populismo redutor.

Democratizar a vida e a participação interna dos partidos. Criando espaços de discussão aberta e desinteressada.

Com o aparecimento de Fóruns temáticos, Seminários, Encontros que possam funcionar como instrumentos de formação de quadros políticos e de debate com a sociedade civil e suas instituições (Universidades, Escolas, Empresas, Fundações, Bancos, Instituições de Apoio Social e Cultural, etc.).

Criando uma espécie de via verde dentro dos partidos de forma a possibilitar a entrada e a promoção dos mais válidos, dos mais dinâmicos e dos mais inteligentes. valorizando a criatividade, a coragem, o risco e as competências.

Infelizmente, ao longo destes meses no nosso partido as discussões são ausentes e efémeras, focalizadas em interesses e em carreiras, distante da realidade e do país.

 Na Assembleia Distrital do Porto, raros são os momentos de aprofundamento político e de análise política. A tribuna é mais uma espécie de ritual de presença, de marcação de posições e de presenças do que um espaço para falar para e do Distrito do Porto.

É sem duvida um espaço atrofiado, sem escala e sem dimensão política e cultural. Afastado da realidade e do Distrito, sem dimensão e sem intervenção. É urgente  transformar este espaço (Assembleia Distrital) numa ágora de pensamento e de programação política a partir do local e do regional, mas nunca esquecendo o Nacional e o Global.

É urgente lançar novas plataformas politicas. De forma  a contribuir para o aprofundamento da Social Democracia.
É urgente o aparecimento de alternativas diferentes com voz, com conhecimento e com sentido ético de serviço ao Distrito e ao País.


3 comentários:

Anónimo disse...

Caro amigo Sr. Professor,
Uma vez mais endereço – lhe um grande abraço de pura amizade.
Li com atenção o seu artigo, e mais uma vez lhe deixo este desafio: não meta os partidos todos no mesmo saco. Essa teoria é completamente falsa!
O Sr. sabe que o PCP sempre fez e continua a fazer toda a diferença. Mesmo aqui em Baião o PCP apesar de não ter representação nem na Assembleia Municipal nem no Executivo Camarário, tem levantado a voz contra a política de suicídio total praticada pelo seu partido (PSD) em aliança com o CDS contra a maioria do povo Português. E a nível local, enquanto alguns continuam com a propaganda e o folclore político, o PCP tem denunciado:
O assustador aumento do desemprego neste município, o desaparecimento do pequeno e médio comércio local devido ao baixíssimo poder de compra dos Baionenses, o alastrar da fome e da pobreza, a desertificação inquietante que se tem verificado nos últimos anos, o encerramento de serviços públicos, a tentativa da criação dos chamados mega agrupamentos escolares e sucessivamente.
Para aqueles que tiverem dúvidas do que aqui afirmo, aconselho-os a consultar: www.pcpbaiaoblogspot.com
Portanto, caro amigo, aqui está a prova evidente de que os partidos não são todos iguais, e o PCP faz toda a diferença.
Se o caro amigo está assim tão desiludido com o seu partido e com a política que tem vindo a praticar que está a destruir este país como povo e como nação, o conselho amigo e sincero que lhe deixo é este:
Entregue o cartão de militante do PSD, peça a demissão dos cargos que ocupa dentro de tal partido!
Gomes

Fernando Matos Rodrigues disse...

Caro amigo Gomes,
Este texto pretende colocar o acento sobre o aparelhismo dos partidos que ao longo destas décadas governaram o nosso país desde o local ao nacional. E na realidade, se no inicio os partidos eram permeáveis à sociedade civil e recrutavam aí os seus quadros para ocupar cargos publicos de grande responsabilidade; hoje, infelizmente, os partidos fecharam-se nos seus directórios e optam por ser eles próprios os designados para servir o país. Infelizmente, esta situação só alimenta os boys partidários numa lógica de poder interno e pouco ou nada valorizam as cidadanias preparadas e com mais qualidade e competencia. É o aumento do fosso entre representados e representantes, entre eleitores e eleitos. A Democracia representativa está em crise profunda. Os partidos precisam de se abrir à sociedade e ao mundo.
abraço amigo
fernando matos rodrigues

Anónimo disse...

Caro amigo,
Mais uma vez lhe endereço aquele abraço amigo
Discordo em absoluto o comentário que fez.
Essa história de aproximar eleitos dos eleitores é completamente falsa, para não dizer absurda. Um exemplo muito concreto:
Como o Sr. Sabe, o PCP tem apenas dois deputados eleitos pelo círculo eleitoral do Porto que são o Honório Novo e o Jorge Machado. Desde que o atual governo entrou em funções até à presente data, os apenas dois parlamentares entregaram na mesa da Assembleia da República 7 perguntas dirigidas ao governo (PSD/CDS) sobre problemas muito concretos com que se debate este Concelho. Eu agora pergunto:
O PSD o PS e o CDS que têm a restante representação parlamentar a nível do distrito do Porto, quantas perguntas entregaram na mesa da Assembleia da República dirigidas ao governo sobre os gravíssimos problemas com que se debate o Concelho de Baião?
Nós que não temos qualquer representação nos órgãos de decisão concelhios, ainda ontem estivemos algures no Concelho a inteirar – nos de uma situação grave que em tempo oportuno será divulgada. O PS e o PSD que têm o monopólio da representação da Assembleia Municipal e do Executivo Camarário vão para o terreno consoante nós o fazemos inteirarem – se dos problemas com que se debate a população baionense?
Claro que não!
Portanto, meu caro amigo, essa ideia de que os Partidos não ouvem aqueles que os elegem, e no que diz respeito ao PCP, é completamente errada.
Como o meu amigo sabe, tenho pagado e continuo a pagar uma factura muito pesada pelo facto de nunca ter dado o braço a torcer ou calar-me como muitos o desejariam. Enquanto a saúde mo permitir, continuarei estar no local onde sempre estive, na defesa da causa pública e nunca em defesa dos meus interesses pessoais como infelizmente outros o fazem.
Para concluir, uma vez mais afirmo que o PCP não é um partido fechado, bem pelo contrário. Cada dia que passa, cada vez mais fica provado que a desgraça em que nos encontramos não é da responsabilidade do PCP, mas sim da TOIKA nacional (PSD/CDS/PS) que nos governam alternadamente há mais de década e meia.