quarta-feira, 17 de julho de 2013

O Pêndulo Político...





A actualidade política vive numa espécie de pêndulo político que balança entre duas partes da vida pública que em nada são iguais e em nada se diferenciam.

 Entre dimensões tácticas e emoções irracionais lá se vão construindo cenários e enredos cómicos, entre abordagens demasiadamente patéticas que não conduzem a sociedade para a axialidade necessária e desejada.

O frenesim, a emoção, a irracionalidade e a intriga tomaram conta da vida política nacional. Tudo se estrutura sem estrutura e sem nexo causal que lhe conceda alguma espécie de lógica neste quadro de elevado anacronismo político partidário.

A política continua emersa num enredo pouco claro, onde os actores  principais apresentam elevado valor de desgaste social e já sofrem das tensões e dos desânimos normais de uma crise que abala as estruturas psiquicas e as placas societais da dita vida normalizada. Resta-nos os cenários e os rituais da vida política, entre carrões de estado, policias de segurança, sessões informativas, momentos de espera e de silêncio entre o tudo e o nada. Que já é muita coisa!

Os Partidos Políticos encontram-se em estado de apatia, sem capacidade de resolver os problemas que irrompem no nosso dia a dia. Tudo é demasiado veloz para se poder conceptualizar e entender, os problemas sucedem-se de tal forma que não permitem uma clara objectivação e uma possível categorização. O pensamento político está a um clique de distância, sem profundidade e sem complexidade não há nenhuma arte criativa que programe Futuro e Esperança.

Esta realidade super vulcânica retira a capacidade critica ás instituições clássicas que sem tempo e sem racionalidade possível se sentem excluídas do entendimento destes problemas. O Estado da Nação é reactivo e perdeu desse modo o seu propósito principal que é Pensar e Programar Futuro.

Os Partidos sem gabinetes de estudos próprios, sem estruturas capazes de pensar e de agir perante os problemas que nos afectam ficam reféns de outras instituições e personalidades. Perdem capacidade de acção política e consequentemente a sua independência e identidade ideológica. São uma espécie de simbiose de interesses e de saberes sem configuração politica e sem identidade partidária. A relação entre a militância e as personalidades que tombam nos gabinetes ministeriais é de puro estranhamento e desconexão ideológica e social.

É urgente um retorno à vida partidária plena de acção e de pensamento. Transformar os partidos na casa da Democracia, da discussão e do aprofundamento das ideias, dos programas e das estratégias. Abandonar de vez a ideia de que os partidos são uma espécie de instrumento para o acesso ao poder e um mecanismo privilegiado para a conservação do mesmo.

A vida partidária tem de ser muito mais complexa e diversificada, criando estruturas de discussão temática, desde o ambiente, a sustentabilidade, a economia e o emprego, a cultura e a educação, a ciência e a inovação, a globalização e a universalidade. Abrindo espaços de discussão e de problematização entre os militantes, a sociedade e mais instituições.

Uma acção de abertura e de pluralismo que possibilite o aparecimento de novas ideias, novas personalidades, novos programas dentro dos valores e princípios democráticos. Deste modo será possível provocar uma espécie de curto-circuito de ideias que contamine os seus pares e leve a uma espécie de explosão cultural e civilizacional. Contaminando cidadãos para essa nova regeneração política.

Infelizmente não é ainda esta a realidade dos nossos partidos. Continuamos a ter uma visão estreita e redutora da vida e da organização dos nossos partidos. A sua existência resume-se a uma instrumentalização em função dos interesses da luta partidária, preocupados somente com as eleições e com os resultados dessas mesmas eleições. Segurando lugares e companheiros, distribuindo cargos e poderes, conservando os poderes de forma quase tribal. Inaugurando desta forma um certo primitivismo político.

Uma grande parte dos partidos não organiza de forma atempada as suas candidaturas com programas partilhados e participados com a comunidade e com a sociedade em geral. Muitos ainda não apresentaram as suas linhas programáticas para os respectivos concelhos. E muitos poucos têm gabinetes de estudos que possam fornecer elementos seguros para definir estratégias e programas.

A banalidade dos programas e a sua infantilidade são uma constante. Os slogans das candidaturas são muitas das vezes patéticos e anacrónicos. Sem valor acrescentado e sem sentido estético. Vazios de mensagens e de conteúdos pouco ou nada transmitem e pouco ou nada comprometem candidatos, partidos e eleitores.

Uma realidade que transmite a forma como se encontra a nossa vida política e como se encontra o Estado da nossa democracia.









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