Alguns anos de governação socialista e o país depara-se com uma das maiores crises financeiras, económicas, políticas e sociais das últimas décadas após a instalação da democracia em Portugal. Até aqui tudo normal, os processos de consolidação democrática não são processos fáceis e lineares e muito menos progressivos, isto é, as dinâmicas sociais e políticas fazem-se de momentos apaixonantes e momentos de medo perante mudanças que nos afectam a vida no dia a dia.
Com a instalação da Democracia pós o 25 de Abril, Portugal voltou a ganhar foros de liberdade pública e consequentemente a sociedade foi perdendo os maus hábitos das ditaduras. O medo, a intriga, a vassalagem, a perseguição por delito político e a prisão sem justa causa felizmente foram banidas da nossa sociedade. O país mudou e transformou transformando-se de forma global e territorial. Neste ponto, vale a pena citar Kafka sobre os processos ocultos da consciência, isto é, qual a dimensão da nossa consciência sobre a profundidade da mudança e da transformação que transforma o nosso mundo social. Aliás, como diria Hegel, a tarefa da consciência é compreender o que aconteceu. De que forma o homem e a sua consciência se reconcilia com a realidade e desta maneira compreende o que aconteceu e o que mudou. Mas, tal como Platão e outros filósofos que tentaram compreender a «herança do mundo e a sua mudança», também Hegel pela sua filosofia da história, tentou compreender e apreender conceptualmente a realidade histórica e os acontecimentos que fizeram do mundo aquilo que ele é. Hannah Arendt considera por exemplo, que o passado deve ser visto como uma força , uma vaga de fundo, e não, como ocorre em quase todas as metáforas, como um fardo que o homem tem de suportar e de cujo peso morto a pessoa pode, ou até deve, desembaraçar-se no seu avanço para o futuro. Tese com a qual me identifico e a partir da qual idealizo toda a praxis política. Aliás, a mesma autora, cita Faulkner sobre a importância do passado, com esta frase que remata toda esta contextualidade. Vejamos, para Faulkner «o passado nunca morre; nem sequer é passado.» Nas palavras de Hancnah Arendt este passado remete sempre para a origem, não nos empurra para trás, antes nos empurra para diante; e ao contrário do que poderíamos esperar, é o futuro que nos conduz para o passado (Arendt,2006:24).
Esta pequena reflexão vem a propósito da actual realidade política e partidária nacional. Temos um partido socialista que governa à quase duas décadas, um partido social democrata na oposição também à quase duas décadas, e um problema de rotatividade política em consequência de um normal desgaste político em consequência das respectivas governações. A juntar a tudo isto, a crise do subprime americano e da finança internacional e a adesão ao euro com todas as vantagens e desvantagens daí inerentes.
É neste contexto nacional e internacional que o país assiste a uma governação medíocre, populista e demasiadamente centralista e policial. O governo socialista do Engº José Socrates patrocinou ao longo do seu mandato uma magistério de total domínio e controle das instituições públicas (Justiça, Escolas, Universidade, Hospitais, etc. etc.) e a partir das obras públicas cassou e domesticou uma grande parte do mundo empresarial português e estrangeiro. Contaminou a adimnistração pública com os seus boys e instalou um regime de perseguição e de aberto conflito e terrorismo social contra tudo e todos que se lhes opunham à construção de um Estado Socialista em Portugal. A guerra contra os proffessores, contra os juizes, contra os médicos, contra os funcionários públicos, os polícias, etc.
Este Primeiro Ministro comportou-se como um Principe Tirano ao serviço de um partido, de uma clique partidária, de um segmento social que lhe garantia a conservação e a ampliação desse mesmo Poder. Os casos de controle de Jornais e Televisões a partir dos dinheiros de empresas públicas, entre tantas outras situações.
Perante isto, o PSD vai a eleições internas, ganha um dos candidatos, de seu nome Doutor Pedro Passos Coelho, e a partir daí a sociedade portuguesa viveu uma espécie de primavera política e social. O PS começou a perder espaço no circulo nacional, com a deslocação de intenções de voto para o recém eleito Passos Coelho.
A partir daqui, todos conhecemos a estória, a indecisão, os medos, os calculismos, as angustias do poder. Como diria Sá Carneiro um líder quando eleito por um partido deve estar e está determinado a governar, e só deve pensar em servir o seu país e o seu povo. Um líder Eleito tem que arriscar tudo para ser Ele o representante máximo do seu país.
Pedro Passos Coelho tem ainda algum espaço para ser esse Líder como dizia Sá Carneiro, mas o tempo é muito escasso.
O País reclama por um novo primeiro ministro.
O País reclama por um novo governo.
O País reclama por uma nova representação política na Assembleia da Republica.
O País quer castigar este primeiro ministro.
O País quer castigar este governo.
O País quer castigar este partido socialista.
O País está na rua e ameaça indignar-se e revoltar-se contra esta situação de impasse. Os sinais de revolta e de indignação começam a aparecer, primeiro no espaço de trabalho, e depois nas redes sociais...O PSD não pode deixar de dar voz e significado politico a toda esta onda de indignação social contra um governo medíocre e incompetente.
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