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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Canibalismo Político versus Podre Democracia



Portugal vive numa espécie de anestesia geral, de silêncios e cumplicidades pérfidas, em torno de um mega repasto, que dá pelo nome de Estado. O Estado amaldiçoado por uns e idolatrado por outros, serviu e ainda vai servindo para alimentar este podre canibalismo político que nos conduz para a ruína enquanto Nação e Estado independente. Uma corja que se alojou nos intestinos do estado e devorou as riquezas acumuladas ao longo destas últimas décadas. Uma corja de políticos politiqueiros que apoiados numa clique de votantes, a que se dá o nome de eleitores/consumidores, feitos à sua semelhança foram servindo como os esteios desta podre e corrupta democracia. Os partidos políticos foram ocupados por uma gente pequena e mediocre, alinhada no pensamento dos jotinhas do país político, sem dimensão e sem pensamento algum que possa alavancar um programa e um projecto de desenvolvimento sustentável.


Os partidos políticos transformaram-se em agências de distribuição de lugares, de empregos bem remunerados, de carros de luxo, de mimos sexuais, de brindes, de consoadas que contaminaram a sociedade e a vida pública nacional.

Os partidos abandonaram a acção política, a participação cívica, o pensamento, a discussão de ideias e de alternativas em prol de um país moderno, culto e auto-suficiente. Não existe ideologia, nem pensamento, nem vontades de mudança; a vida publica transformou-se num grande centro de novas oportunidades, onde se certificam modos e atitudes de reverência e de clientelismo sem pudor e sem vergonha.

A ética, a liberdade, a fraternidade, a igualdade, o mérito, a dignidade desapareceram da vida e da participação política nacional.

Os Partidos e os seus lideres são um reflexo pobre e medíocre de uma sociedade banal, consumista, e materialista de mãos dadas com um neo-liberalismo selvagem sem lei e sem regra,globalizado na forma e na acção.

O sistema político português entrou numa espécie de conformismo social e partidário, associado também a uma espécie de indiferença ideológica, o que se pode traduzir numa crise profunda do regime democrático a nível nacional e a nível europeu. A cultura política dominante contaminou as instituições e atrofiou o pensamento político.

As diferentes classes e fracções de grupos sociais estão também eles prisioneiros deste aparelho político clientelar na forma e corrupto na essência da sua praxis politica, a partir do qual toma posições e elabora as suas estratégias de controle e dominação, dentro e fora do estado.

Portugal humilhado por uma condição de crise profunda, necessita de um sobressalto civico e acima de tudo político, isto é, as élites portuguesas precisam de se indignar e de apresentar soluções extremas para situações também elas extremas. As soluções não estão no interior desta democracia populista e politiqueira, que criou estas figuras menores que nos conduziram para a miséria e desgraça social e económica. Que vivem à sombra dos partidos e do estado e a partir dos quais organiza as suas facções e grupos de forma a conservar e a ampliar os seus poderes.

As elites devem ocupar o poder e formar um movimento de moralização politica e social, devolvendo a acção política a sua essência e a sua dignidade de arte de bem servir e de bem governar.

quarta-feira, 2 de março de 2011

O Refém



Alguns anos de governação socialista e o país depara-se com uma das maiores crises financeiras, económicas, políticas e sociais das últimas décadas após a instalação da democracia em Portugal. Até aqui tudo normal, os processos de consolidação democrática não são processos fáceis e lineares e muito menos progressivos, isto é, as dinâmicas sociais e políticas fazem-se de momentos apaixonantes e momentos de medo perante mudanças que nos afectam a vida no dia a dia.

Com a instalação da Democracia pós o 25 de Abril, Portugal voltou a ganhar foros de liberdade pública e consequentemente a sociedade foi perdendo os maus hábitos das ditaduras. O medo, a intriga, a vassalagem, a perseguição por delito político e a prisão sem justa causa felizmente foram banidas da nossa sociedade. O país mudou e transformou transformando-se de forma global e territorial. Neste ponto, vale a pena citar Kafka sobre os processos ocultos da consciência, isto é, qual a dimensão da nossa consciência sobre a profundidade da mudança e da transformação que transforma o nosso mundo social. Aliás, como diria Hegel, a tarefa da consciência é compreender o que aconteceu. De que forma o homem e a sua consciência se reconcilia com a realidade e desta maneira compreende o que aconteceu e o que mudou. Mas, tal como Platão e outros filósofos que tentaram compreender a «herança do mundo e a sua mudança», também Hegel pela sua filosofia da história, tentou compreender e apreender conceptualmente a realidade histórica e os acontecimentos que fizeram do mundo aquilo que ele é. Hannah Arendt considera por exemplo, que o passado deve ser visto como uma força , uma vaga de fundo, e não, como ocorre em quase todas as metáforas, como um fardo que o homem tem de suportar e de cujo peso morto a pessoa pode, ou até deve, desembaraçar-se no seu avanço para o futuro. Tese com a qual me identifico e a partir da qual idealizo toda a praxis política. Aliás, a mesma autora, cita Faulkner sobre a importância do passado, com esta frase que remata toda esta contextualidade. Vejamos, para Faulkner «o passado nunca morre; nem sequer é passado.» Nas palavras de Hancnah Arendt este passado remete sempre para a origem, não nos empurra para trás, antes nos empurra para diante; e ao contrário do que poderíamos esperar, é o futuro que nos conduz para o passado (Arendt,2006:24).

Esta pequena reflexão vem a propósito da actual realidade política e partidária nacional. Temos um partido socialista que governa à quase duas décadas, um partido social democrata na oposição também à quase duas décadas, e um problema de rotatividade política em consequência de um normal desgaste político em consequência das respectivas governações. A juntar a tudo isto, a crise do subprime americano e da finança internacional e a adesão ao euro com todas as vantagens e desvantagens daí inerentes.

É neste contexto nacional e internacional que o país assiste a uma governação medíocre, populista e demasiadamente centralista e policial. O governo socialista do Engº José Socrates patrocinou ao longo do seu mandato uma magistério de total domínio e controle das instituições públicas (Justiça, Escolas, Universidade, Hospitais, etc. etc.) e a partir das obras públicas cassou e domesticou uma grande parte do mundo empresarial português e estrangeiro. Contaminou a adimnistração pública com os seus boys e instalou um regime de perseguição e de aberto conflito e terrorismo social contra tudo e todos que se lhes opunham à construção de um Estado Socialista em Portugal. A guerra contra os proffessores, contra os juizes, contra os médicos, contra os funcionários públicos, os polícias, etc.

Este Primeiro Ministro comportou-se como um Principe Tirano ao serviço de um partido, de uma clique partidária, de um segmento social que lhe garantia a conservação e a ampliação desse mesmo Poder. Os casos de controle de Jornais e Televisões a partir dos dinheiros de empresas públicas, entre tantas outras situações.

Perante isto, o PSD vai a eleições internas, ganha um dos candidatos, de seu nome Doutor Pedro Passos Coelho, e a partir daí a sociedade portuguesa viveu uma espécie de primavera política e social. O PS começou a perder espaço no circulo nacional, com a deslocação de intenções de voto para o recém eleito Passos Coelho.

A partir daqui, todos conhecemos a estória, a indecisão, os medos, os calculismos, as angustias do poder. Como diria Sá Carneiro um líder quando eleito por um partido deve estar e está determinado a governar, e só deve pensar em servir o seu país e o seu povo. Um líder Eleito tem que arriscar tudo para ser Ele o representante máximo do seu país.

Pedro Passos Coelho tem ainda algum espaço para ser esse Líder como dizia Sá Carneiro, mas o tempo é muito escasso.

O País reclama por um novo primeiro ministro.

O País reclama por um novo governo.

O País reclama por uma nova representação política na Assembleia da Republica.

O País quer castigar este primeiro ministro.

O País quer castigar este governo.

O País quer castigar este partido socialista.

O País está na rua e ameaça indignar-se e revoltar-se contra esta situação de impasse. Os sinais de revolta e de indignação começam a aparecer, primeiro no espaço de trabalho, e depois nas redes sociais...O PSD não pode deixar de dar voz e significado politico a toda esta onda de indignação social contra um governo medíocre e incompetente.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

De Skate no Reino da Estupidez...

Estamos a poucos horas e a uns tantos minutos do fim deste Ano de 2010. Brevemente estaremos no Ano 2011. E pouco ou nada mudou ou se alterou neste Reino da Estupidez, como escrevia Jorge de Sena em meados do século XX.

O país continua a ser governado pelos mesmos homens e mulheres, que de forma burocrática vão falando e representando um Estado, cada vez menos independente e autónomo. O povo atarefado com as rabanadas, com a letria, os doces para a quadra festiva, ignora a vida pública e deixa passar ao lado os muito graves problemas do nosso país. Para eles pouco ou nada diz, se a divida pública portuguesa já ultrapassou há muito a meta dos 60% e se situa em 2010 em 77%. Simultâneamente, a dívida externa portuguesa ( a das administrações públicas, mais a das empresas estatais e locais, mais a das famílias, empresas privadas e bancos) atinge o patamar dos 233% do PIB (Produto Interno Bruto), o que não deixa de ser calamitoso para um país pobre e com previsão de débil crescimento económico nos próximos anos (Carlos Moreno, 2010:26 e ss.).

Falar em PEC, isto é, em Pacto de Estabilidade e de Crescimento nada diz e nada representa para um povo dócil, irresponsável e ignorante, que olha para a política numa espécie de instrumento de "distribuição de tetas", de lugares bem pagos, de tachos para amigos e clientelas. A sociedade civil em Portugal é uma ave rara e em vias de extinção, que luta de forma muito complexa para sobreviver num país onde toda a gente gosta de viver debaixo da protecção de um Estado bondoso mas essencialmente irresponsável e negligente na forma e na acção.

Pulido Valente na sua Crónica do Jornal Público, escreve não me lembro de um começo de ano tão perigoso como o de 2011. Não há precedentes para a ruína do país que se anuncia cada vez mais certa (2010, fol.36).Nesta sua forma dura e quase radical de chamar a atenção para os problemas do país, o cronista e historiador tem a sua razão. O que nos coloca perante um jogo de espelhos, com muitas imagens, todas elas fragmentadas e transparentes. Uma espécie de ilusão perante o mundo e o nosso pequeno mundo - Portugal.

Desde o espaço local, matriz política de pequenos reinos, liderados por um sistema de presidencialismo retórico e demagógico, assente na partilha e na cumplicidade, de troca de mimos e favores entre governantes e governados.Onde a vida pública e civil é uma espécie de antecâmara do poder institucionalizado pelo voto em eleições locais que assentam numa espécie de economia de trocas (Maurice Godelier, 1976).

O Poder Nacional, Lisboeta, para uns, centralista para todos, é o lugar por excelência da luta política pela conservação e ampliação de poderes objectivados uns, difusos outros. Um poder centrado na bondade do príncipe, um primeiro-ministro, que comanda e decide, nomeia e despromove, persegue e gratifica. Este poder é arbitrário e pouco complacente para com os adversários e para com a sociedade civil. Tudo que é espaço público informal e espontâneo transforma-se em inimigo e adversário do seu reino e poder iluminado.

Neste final de ano as coisas continuam na mesma em "Casa de Mafalda". Os governos fazem de conta que são governos. Os Estados fazem de conta que são estados. O País faz de conta que é rico e progressista. As pessoas compram doces e guloseimas, preparam os fatos a preceito para a grande noite. As crianças jogam no computador e gozam as ultimas maravilhas do mundo virtual e projectam sonhos em bites. Os bebés já não vêm de Paris no bico da cegonha. O Pai Natal abandonou há muito o trenó e anda de mercedes benz pelas avenidas de Las Vegas. Os avós trocaram o pé-de-meia pelo jogo no casino e noites de fantasia eróticas em Boates para a terceira idade.

Em princípio o País, a que chamam de Portugal deve continuar localizado na parte mais ocidental da Península Ibérica e o Fundo Monetário Internacional, concerteza que respeitará a nossa identidade atlântica e a nossa vocação para o desgoverno.

ANO DE 2020 e esta merda continua na mesma.