terça-feira, 15 de dezembro de 2015

A Matança de Paris...

A violência que nos entrava pelos olhos nesse dia de Inferno, não era ficção nem uma cena de um qualquer filme de terror. Era sim, a morte em directo numa das mais emblemáticas cidades modernas do Ocidente -, Paris. A cidade das luzes fica banhada de sangue nas suas ruas, nos seus cafés, nos seus restaurantes, nas suas esplanadas e salas de espectáculo.

Em plena cidade da luz, da arte, do amor e da felicidade, a violência mostra mais uma vez a sua marca de terror, de destruição, de ataque aos valores do humanismo e da liberdade. A França que foi pioneira nos valores do humanismo ocidental, plasmados numa racionalidade que não deixará de espantar pela sua lucidez, pela sua liberdade, pela sua tolerância.

Uma França que foi modelo do pensar, do escrever, do desenhar, do pintar, do fazer arquitectura em prol dos homens e dos valores sociais. Onde Le Corbusier apresentava a sua casa como uma espécie de máquina de habitar, integrada no seu mais puro racionalismo e funcionalismo ao serviço do Movimento Moderno em Arquitectura. Uma arquitectura à medida do Homem, sem exclusões e sem distinções de classe ou de género.

Uma França multicultural na sua afirmação social, política e cultural, e na forma como conjugava o verbo receber com integrar.Mas, tudo isto parece ambíguo e contraditório. Um punhado de jovens franceses, filhos das primeiras gerações de emigrantes, sem estudos, sem trabalho, sem direito a um lugar digno na sociedade embarcam numa espécie de cruzada do mal, contra tudo e contra todos.

Intoxicados por uma ideologia que os oprime e esmaga, tirando partido da sua ignorância e ingenuidade, do seu vazio espiritual e intelectual, grupos extremistas e radicais reconhecem aqui um espaço social propicio ao recrutamento de jovens para implementar um ataque ao Ocidente a partir de dentro desse mesmo Ocidente.

Paralelamente, grupos da direita radical e violenta, começam a organizar o seu espaço, recrutando nesses mesmos não-lugares, as tropas que um dia os conduziram ao poder. Dois movimentos que nunca aceitaram a democracia ocidental nem as liberdades humanistas e socialistas.

A Europa, encontra-se aninhada perante a besta que criou a partir de políticas redutoras e neo-liberais, que patrocinaram o facilitismo, o consumismo e a mediocridade social. Uma sociedade do espectáculo e do banal, em detrimento de uma sociedade de mérito, onde a inteligência e a beleza deviam ser os eixos deste Ocidente Moderno e Democrático.

Patrocinamos a violência fora de portas. Invadimos Estados Soberanos à revelia das Organizações Internacionais. Alimentamos toda uma máquina de guerra em prol de uma economia globalizada e desregulada. Destruímos Estados e Nações. Espalhamos o ódio e a vingança. Construímos barreiras cá dentro e lá fora. Levantamos paredes e deslocamos nações sem terra, sem água e sem pão. Difundimos a crueldade em directo, fomentando a divisão entre bons e maus; pretos e brancos; muçulmanos e ocidentais.E por fim, lançamos o pânico social: muçulmano igual a terrorista.

Urgente encontrar de novo essa Felicidade cosmopolita e universal.



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