quinta-feira, 19 de setembro de 2013

CIDADE DO PORTO: ocupados e ocupantes



Assistimos a uma simpática mobilização para todos saírem de casa e ocuparem a rua, a praça e o jardim. Aquilo que se tem chamado de espaço público. Um espaço aberto e plural. Neste período eleitoral esse chamamento é ainda mais forte e categórico. Com as intervenções das várias candidaturas a percorrer e a fazer o apelo a visitarem a cidade. São as arruadas, as manifestações em espaços públicos abertos, as caravanas móveis. Tudo em função de uma boa marcha democrática e cívica. As visitas aos bairros da cidade são uma espécie de «banhos litúrgicos» obrigatórios para os políticos em período eleitoral.

A ideia de que as instituições e os movimentos cívicos devem favorecer e incentivar os cidadãos para uma participação mais directa nos assuntos de interesse público leva a uma visita obrigatória às instituições de natureza popular ou de bairro. Entram neste role as Associações de Moradores, as Associações Desportivas e Culturais. Candidatos tiram o retrato com o emblema, dão donativos, tomam o café da praxe, levantam o cartão de associado, fazem promessas, apontam soluções. E depois um até um dia destes. Quem sabe!

Esta participação pública baseia-se na defesa e valorização da apropriação colectiva  do espaço público. Apelando aos cidadãos para a mobilização em torno de causas e interesses colectivos. Todos os partidos e movimentos independentes fazem desse instrumento uma plataforma de envolvimento e de partilha, dando a entender que com eles o poder e a gestão da cidade é uma actividade que implica politicas municipais partilhadas e de interesse colectivo. Independente das cores partidárias e dos jogos de interesses.

Esta proposição leva-nos a pensar sobre o antes e depois das eleições para a nossa cidade. O que levanta algumas questões de semântica sobre o valor dos diferentes discursos neste período eleitoral. Aos olhos dos cidadãos eleitores parece-nos que não existe grande diferença de discurso e de propostas programáticas. O que parece enigmático e quase redutor. Será que não existem diferenças de substância e de forma entre os diversos candidatos e forças políticas?

Do ponto de vista formal existem diferenças. Diferenças de índole simbólico e ritual, mas também no que se refere aos conteúdos e estratégias na implementação das políticas municipais para o governo da cidade do Porto. Para além das diferenças nas tropas que cada candidato tem ao seu dispor para esta batalha eleitoral.

Nos debates a unidade de discursos e a convergência de propostas é uma constante. O que na verdade é uma falsa realidade. Por detrás do discurso cada candidato tem a sua agenda, a sua programação e a  sua ideologia de governança. Cada candidato tem a sua ideia, os seus patronos e as suas clientelas. Evidente, que nesta campanha e pré-campanha o jornalismo foi muito contido e não conseguiu demonstrar as diferenças entre as várias propostas. O que não seria assim tão complexo e difícil....

Fica-nos a ideia de que a diferença entre eles se é que existe resume-se à forma de gestão e à proposta daquele evento, ou daquele projecto concreto. Nada mais do que isso. Claro que não!

Nada mais falso e redutor crer que não existem diferenças de fundo. Claro que existem diferenças de fundo e são muitas. A começar pelas de natureza ideológica, programática e de estilo de governança. Para além das do estilo e da substância da proposta para governar a cidade.

Temos candidaturas populistas e conservadoras. Candidaturas progressistas e de esquerda. Candidaturas Independentes. Candidaturas a fazer de conta. Candidaturas que não são candidaturas.

Temos candidatos sem candidatura. Candidaturas sem candidato e sem propósito político. Candidaturas sem candidato e sem candidatura. Nos debates públicos esta realidade sociológica foi uma evidência cruel e patética.

Todos falavam em nome de um povo, que nunca identificaram. Mas poucos legitimaram a sua candidatura na defesa de valores e de programas em beneficio da qualidade de vida desse povo imaginado ou imaginário.Os discursos foram pobres e pouco incisivos. O contraditório quase nunca esteve presente. A unidade e a convergência foram uma constante. Quase apetece lançar o repto: façam da vossa únião a nova governança da cidade do Porto.

Os candidatos oficiais dos partidos clássicos nada acrescentaram ao discurso e à alternativa. O PSD fez da obra do lado do rio a sua alavanca política. Claro, que se foi esquecendo do buraco financeiro que deixou em Gaia e apostou sempre no Porco no Espeto.

O PS pouco de novo. O candidato num discurso certinho e sem grandes ritmos lá foi mostrando que estudou bem a lição. Mas nada de novo. Algumas contradições entre o PS local e o PS nacional. Fez algumas propostas com nexo mas falta a força e a energia para as implementar. O Bloco de Esquerda com uma candidatura muito jovem está a cumprir a agenda. Demonstra um discurso seguro e uma bom conhecimento da cidade e das políticas para a cidade. O candidato do BE demonstra conhecimento, inteligencia e energia. Acreditemos no futuro. Deixem o candidato amadurecer.

O PCP continua a apresentar uns candidatos com perfil, com conhecimento, com vontade e saber. Seria bom que a sua candidatura se afirma-se mais na cidade para bem da democracia e da politica municipal.

O independente Nuno Cardoso. Nada de novo. Num discurso frágil e repetitivo lá vai falando da sua obra passada. Sem apresentar novas ideias e novas propostas para a cidade. Esperava-se muito mais de um candidato que já teve responsabilidades na governação da cidade.

O independente Rui Moreira. Este candidato é sem duvida aquele que se apresenta com melhores condições para governar a cidade do Porto. Tem estilo e competências, tem qualidades e ferramentas, tem energia e autoridade para governar em função de politicas municipais participadas e partilhadas com a população e as instituições da cidade. Tem ideias e programa para a cidade e pessoas na sua lista que podem fazer a diferença. Claro, que nem tudo é linear e positivo nesta candidatura. A sua ligação ao CDS-PP e a alguns dos vereadores de Rui Rio podem-lhe retirar alguma força.

Claro que também lhe podem dar algum sustento eleitoral. E falo da Dr Guilhermina Rêgo que sendo vereadora de Rui Rio não teve os problemas nem esteve envolvido em situações de conflitualidade com a cidade. Esta antiga vereadora pode inclusive trazer para o governo da cidade uma nova frescura e uma nova identidade de governação.

Com Rui Moreira a governança da cidade acreditamos que o Porto recuperará de novo a sua identidade e a sua liderança no contexto regional, nacional e internacional. Para isso conta com a inteligência e a sabedoria do Dr Paulo Cunha e Silva.


Sem comentários: