segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Baião. A Política e os Coiotes

Escrevo estas breves linhas, com um duplo sentimento em relação à vida politico partidária no concelho de Baião, mais propriamente em relação aos candidatos do PSD à Vereação e à Assembleia Municipal de Baião.

Faço-o em pleno direito de consciência cívica e política pelo facto de ser "ainda" Vice -Presidente da actual Comissão Política do PSD de Baião,  e  de ter acompanhado este processo desde o inicio até à uns meses atrás. Afastei-me deste processo quando me apercebi, que nele não havia vontade de mudar, de criar alternativa e de transformar a política no concelho. Mas, essencialmente, sentia que havia algo de perverso e de contraditório neste processo. O candidato a Presidente do PSD e atual Presidente da Comissão Política não estava interessado em afrontar interesses e políticas mas dar continuidade ao sistema e às pessoas que representam esse sistema.

A escolha destas pessoas para constituir as listas para este ato eleitoral merecem-me todas um enorme respeito como profissionais e como cidadãos. Mas, infelizmente na política já demonstraram não ter capacidades ou espaço para afrontar os poderes locais e apresentar alternativas e baterem-se por elas. Durante este último mandato estas pessoas fizeram um exercício de silêncios, de cumplicidades, de medos e de ausências nos órgãos para os quais foram eleitos na politica local e também nos Plenários do próprio PSD.

Nunca apresentaram alternativas, nunca apresentaram outras soluções para resolver os problemas do concelho e das suas populações. Nunca usaram os órgãos de comunicação locais e regionais para afrontar, para denunciar, para criticar e para apresentar outras propostas e outras estratégias.

 Durante estes anos passaram mais ou menos silenciosos dentro dos órgãos do PSD local e regional. Foram muitas e variadas as possibilidades de intervir nos plenários locais e regionais e nunca o fizeram nem nunca o promoveram. Como podem apresentar-se em nome do PSD como alternativa política ao PS local. Em nome de quê? e de quem?

Perguntam. E com razão! Mas o que fiz para evitar esta situação. Lancei candidaturas. Fiz programas. Apresentei estratégias e calendários. Discuti em lugares públicos o futuro de Baião e dos baionenses. Representei o partido na Assembleia Distrital do PSD do Distrito do Porto. Levei lá os problemas do concelho e da região do EDT (Entre Douro e Tâmega), como por exemplo: o desemprego, a falência das empresas da construção, a importância do turismo no Douro, a linha Ferroviaria do Douro, a navegação do Rio Douro e a importância dos Cais no Douro, etc. Nas Reuniões da Comissão Política apresentei as minhas propostas e ideias, defendi os meus pontos de vista. Introduzi novas ideias e novas estratégias de acção política.

Durante o processo da Reforma Administrativa das Freguesias apresentei uma proposta, discuti-a no interior do partido a nível local e regional. Fomos às freguesias apresentar a nossa proposta e escutar os residentes. Onde estavam estas gentes que aparecem agora nas listas? que fizeram pelo partido e pelo concelho? que ideias tinham para apresentar aos baionenses? Durante a discussão pública do PDM no Auditório Municipal apresentei ideias, contestei outras em nome do PSD confrontando a Câmara e os seus técnicos. Onde estavam estes candidatos? Silenciosos nas filas de trás. Calados e resignados a uma futilidade sem nexo e sem pudor. E agora apresentam-se como pessoas capazes de liderar a mudança? a reforma? com que capacidades, com que conhecimento.

Outras estavam mais preocupados em discutir e em insultar os poderes que lhes bloqueavam interesses e mais valias urbanas dos territórios familiares. A política dos interesses. Publicamos a News Letter do partido e o seu blog. Contudo nada fizeram para lhe dar continuidade. Não tiveram a capacidade de assumir um programa e uma estratégia com a sociedade local e as suas instituições.

É mais fácil fazer umas visitas patéticas, tirar umas quantas fotos e colocar no face ou na página da candidatura. Tudo tão patético e tão vazio de conteúdo e de programas. Contrariamente, tinha-mos programado a Organização de um Forum com pessoas competentes a nível local, regional e nacional  para a partir daí elaborar uma Agenda BAIÃO XXI,  para os próximos vinte anos. Nas áreas do ambiente, do planeamento, da economia, do turismo, do emprego, da coesão social, da animação cultural, da educação e saúde, agricultura e floresta.

Quem não conhece a Terra que quer governar. Não serve, mas serve-se da Terra e dos poucos cargos que a terra lhes pode dar! Ninguém pode governar aquilo que não conhece e não quer conhecer.

Apresentei ao Presidente da Comissão Política estratégias e programas alternativos, calendários e formas de programação que assentavam na racionalidade de meios e de instrumentos. Nada disso foi considerado relevante. A sua agenda era pessoal e local. O importante era a sua figura o seu hedonismo pessoal e politico. A afirmação da sua figura política no interior do PSD local e distrital. Afastamo-nos! Claro que sim!

Neste momento seria mais fácil continuar calado, afastado do processo e assistir à derrocada do PSD de Baião. O problema é que isso significa uma perda de alternativa politica e um enfraquecimento da vida autarquica em Baião.

 Assim sendo, não me posso calar e esperar pela desgraça. Sinto que o próximo resultado eleitoral vai ser muito difícil para o PSD a nível nacional e a nível local. Lamento, que não se tenha evitado esta situação em Baião.

O candidato a Presidente da Assembleia Municipal pelo PSD merece-me toda a consideração. Mas não tem perfil para estar na vida pública e na liderança política. É demasiado bondoso e comprometido com as pessoas para fazer rupturas e alavancar mudanças fortes e profundas. Não tem esse perfil. Aliás, nenhum dos candidatos tem esse perfil de liderança e de afirmação programática e política.

Meu caro Luís Sousa, lamento que o PSD tenha atingido este nível de divisão interna e se tenha afastado da população de Baião.

Claro que me podem acusar que assim estou a prejudicar a candidatura do PSD em Baião. Pode ser verdade. O que eu duvido que assim seja. Dificilmente se transformam derrotados em vencedores. Esta gente foi sempre derrotada nas urnas. O Povo de Baião não os quer lá! Ponto final...

Contudo demonstro coragem e liberdade em relação às máquinas do caciquismo partidário. Se o fizesse depois das eleições podiam-me acusar de oportunismo político. O que seria legitimo, pois não o tinha feito na hora própria. Pessoalmente seria mais fácil, mas era um ato de hipocrisia e de cinismo político. Com o qual não me identifico nem me reconheço.

Assim, demonstro que não estou dependente de nenhum "tachito" ou de nenhuma promessa de um qualquer lugar em nome da coesão e da conservação dos mesmos no poder. Pelo contrário afronto esses lugares e essa forma oportunista de estar na politica.

O que me preocupa é a qualidade de servir Baião e o seu Povo.
Nada Mais!

5 comentários:

Anónimo disse...

Caro amigo Sr. Professor Matos Rodrigues,
Como é óbvio, não vou tecer qualquer comentário às questões internas do seu Partido (?!), apenas para lhe dizer que em Baião o que está a dar é a política espectáculo: ao que isto chegou!
Uns aproveitam – se das festas religiosas que se realizam um pouco por todo o Concelho integrando as respectivas procissões em lugar destaque para se mostrarem ao povo como se fossem uns “autênticos anjinhos”: hipócritas sem limites!
Outros propõem –se como mordomos para realizarem tais festas religiosas com o pretexto de não deixarem desaparecer tais tradições, com se todo o povo fosse parvo e não compreendesse que a verdadeira intenção de tais mentores é o “ caça ao voto a qualquer preço”: são uns verdadeiros ilusionistas não são?
Os que ainda não vai assim há muito tempo diziam que eram alérgicos à politica, que a política para eles não lhes dizia qualquer respeito, agora como são candidatos a vários órgãos autárquicos do concelho aparecem por aí em todos os eventos festivos, desde concursos pecuários, garraidas romarias e outros, “a distribuírem muitos sorrisos, apertos de mão aos cavalheiros e beijinhos às Senhoras como querendo dizer ao Povo que agora chegou a nossa vez ”: é preciso ter muita lata não é?
E já agora como estamos em pré- campanha eleitoral e como tudo serve para o “ caça ao voto” alguns decidem distribuir “condecorações” a cidadãos que já exerceram funções autárquicas como se os mesmos tivessem sido uns autênticos heróis: heróis de quê?
Os políticos especialistas na demagogia e no folclore político, esses dão tudo por tudo para dar a ideia interior e exteriormente de que o concelho de Baião vive num autêntico conto de fadas!
Como é sabido, o Concelho de Baião tem uma das mais altas taxas de desemprego a nível do distrito do Porto;
A fuga de jovens e menos jovens para a emigração e não só, é uma realidade indesmentível deixando este município cada vez mais deserto;
O pequeno e médio comércio local devido ao cada vez mais reduzido poder de compra dos Baioneses muito dele viver situações altamente preocupantes, podendo muitas casas comerciais a curto ou a médio prazo fechar portas;
A fome é infelizmente uma realidade que cada vez mais bate à porta dos cidadãos de Baião;
Há cidadãos e cidadãs que já não compram os medicamentos que lhes são prescritos por não terem dinheiro para tal;
Há outros Baioneses em total desespero pelo facto de terem a sua vida totalmente arruinada com o acumular de dívidas;
Há a ameaça real por parte do poder instituído, PSD/CDS, em encerrar (destruir) vários serviços públicos em Baião.
Perante esta dura realidade, eu pergunto:
Por que razão é que a classe política dominante do concelho (PS/PSD e CDS) evita a todo custo falar nestes graves e dramáticos problemas?
Têm medo, ou não lhes convém politicamente?
Querem dar a entender ao Povo de que os partidos políticos que representam localmente nada têm a ver com a situação inquietante em que se encontra o concelho e o País?
Quais foram os partidos políticos que nos governaram desde 1976 até à presente data tanto a nível concelhio como a nível nacional que nos estão a empurrar cada vez mais para uma eminente banca rota?
Para concluir, devo dizer ao meu caro amigo que enquanto tiver voz e seja em que circunstancias for, ninguém me calará. Continuarei a combater com todas as minhas forças esta falsa democracia ” mascarada de ditadura” ao serviço dos grandes interesses instalados local e nacional.
Gomes





Fernando Matos Rodrigues disse...

Meu caro amigo Belmiro Gomes,
Sabe que admiro a sua verticalidade e a sua independência política. Sempre esteve ao lado dos problemas das pessoas de Baião. Denunciando ou lutando para melhores dias. O amigo é um lutador numa terra onde as pessoas dependem muito dos favores, dos tachos, dos lugares na administração local e regional. Contudo, penso que ninguém lhe nega esse sentido de serviço público para com o Bem Público. Infelizmente, as pessoas ainda têm algum medo de votar PCP. De qualquer forma vá em frente como sempre o fez. Com admiração e muita estima. Brevemente, estarei aí em cima na Casa do Souto a passar umas férias apareça para falarmos e beber um copo.
Grande abraço
Fernando Matos Rodrigues

Anónimo disse...

É de facto simples e acutilante dizer verdades cruas e duras. Nunca imaginei que Baião pudesse chegar tão "longe"... e tão depressa! Esta gente, pouca e vã implodindo-se, como que se protegendo em bunker, caminha inebriada ... com um destino.. qual ?

Anónimo disse...

afinal até é fácil transmitir a verdade qd é directa e acutilante,
Nunca pensei que Baião chegasse tão "longe" e tão depressa, mas qd estes "artífices" se implodem no seu egocentrismo, e se refugiam no seu bunker, o seu caminho já é curto...

Fernando Matos Rodrigues disse...

Em relação às Listas que o PSD apresenta a este acto eleitoral, sofrem de vários problemas: o primeiro - a Renovação tão falada por parte do Dr Luís Sousa, ficou na gaveta. Pois, os primeiros seis ou sete candidatos aos órgãos são todos já políticos de carreira; segundo - Novidade tambeém não deve estar a falar do Dr Nuno Sá Costa; Dr Fatima Azevedo, Drº Adriano, Dr Carvalho, etc. e etc. Juventude, quando se colocam os mais jovens e com currículo em sétimo lugar para a assembleia. Está tudo explicado. Para além, das listas não terem sido discutidas, analisadas e aprovadas em Plenário. O partido foi desprezado e ignorado.