quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Testemunho Político



Durante seis anos acompanhei e colaborei com a Presidente de Câmara de Baião, Doutora Emília Silva. Fui seu colaborador na área do planeamento, arquitectura e desenvolvimento local. Foram anos de intenso trabalho e programação política. Foram muitas ideias, muitos projectos e muitas as obras que se realizaram nesta terra para a qualidade daqueles que viviam ou escolhiam Baião para sua segunda residência.

As reúniões que tivemos foram muitas horas a discutir ideias, programas e projectos para implementar nas suas vilas e restantes freguesias. Tivemos a oportunidade de realizar um protocolo entre o  Director do Curso de Arquitectura da ESAP, Prof./Arqto Nicolau Brandão e a  Câmara Municipal de Baião na pessoa da Exma Presidente Doutora Emília Silva que estabelecia uma parceria entre ambas as instituições nas áreas da arquitectura, do urbanismo e do ordenamento. Coube-me a mim a coordenação técnica e cientifica de todos os trabalhos. Por dois motivos: o primeiro porque era professor no Curso de Arquitectura; e a segunda porque residia desde 1999 na freguesia de Ovil com a minha familia. Aliás, alguns dos filhos foram registados como naturais de Baião.

A partir daí todos os anos uma equipa de 5 a 8 alunos finalistas de arquitectura vinham para o concelho de Baião. Ficavam hospedados na Pousada da Juventude na Casa de Chavães e procediam a realização de trabalhos de arquitectura, urbanismo e planeamento aplicados às necessidades e às realidades do concelho de Baião em absoluta sintonia com o Gabinete da Câmara de Baião.

Foram muitos os trabalhos realizados no âmbito deste protocolo.Destaco o projecto de Turismo de Montanha para as Aldeias de Currais e Almofrela, o projecto de Albergue para a Escola Primária em Mafomedes, o estudo e levantamento para a qualificação urbana da Vila de Campelo, o Plano de Pormenor para o Campo de Futebol de Prenhô, o desenho de toda a frente de água de Ribadouro, o desenho da nova Igreja Paroquial de Campelo, a nova centralidade Eiriz/Gove, os novos espaços verdes e industriais, bem como todo o projecto para a Vila de Campelo que pretendia projectar Baião para o ANO 2000.

Mais tarde com o apelo da Doutora Emília Silva fui o responsável pela sua candidatura, elaborando programas e dando esclarecimentos pelos vários cantos do concelho. Foram muitos debates, comícios, sessões de esclarecimento.

A Doutora Emília Silva foi para mim um exemplo de servir, de trabalho e dedicação a uma causa, a uma terra e a uma população. Fez imenso por Baião. Dedicou uma parte importante da sua vida a um projecto, mas acima de tudo a uma Terra que ama como poucos a amam, e a serviu como poucos a serviram.

Infelizmente!... Foram muitos aqueles que da Terra se serviram e servem, mas que nada lhe acrescentaram.

O seu mandato autárquico foi uma lição de dedicação a um Povo e a um Terra, - Baião. Foi com muita mágoa que vi e senti a derrota da Dr Emilia Silva.

Com todo aquele cenário populista e a rondar a ordinarice daqueles que tocaram bombos e dançaram noite dentro a queimar caixões e a soltar impropérios a uma Senhora que se dedicou de alma e coração a todos eles.

Foi sem duvida uma noite longa e muito triste e violenta.

Lembro a noite a seguir às eleições que ditaram a mudança de atores políticos em Baião. Estavamos em casa da Doutora Emilia. Era necessário organizar o PSD na oposição. O PSD ao fim de doze anos de mandato na Câmara não estava preparado para lutar na oposição.

Deste modo, a Doutora Emilia convida-me a mim  e a outros companheiros para nos filiar mos no PSD de Baião. Era urgente organizar o PSD local de forma a fazer uma oposição séria e implacável ao populismo e tachismo do PS vitorioso.

A minha resposta natural seria não.

Mas depois de ter estado ao lado desta grande senhora a trabalhar para e por Baião não podia ter outra resposta que não fosse assinar a proposta e filiar-me no PSD de Baião. Tinha clara consciência que não seria um período fácil nem uma luta limpa. Mas as obras e os projectos pendentes assim o exigiam.

Tinha-mos dois problemas.
O primeiro problema: a nova gestão do PS centrado no jovem político José Luís Carneiro. Que inicia uma forma de fazer política centrada no populismo, na intimidação e no clintelismo.

O segundo problema: do nosso lado um punhado de militantes liderados pelo jovem político Nuno Sá Costa, ex- juventude social democrata. Manteve sempre uma posição de ambiguidade face à liderança da Doutora Emilia Silva.

Um punhado de militantes que vinham da Jota e que espreitavam por uma oportunidade para assaltar o poder em Baião. Militantes que nunca ocuparam lugares de destaque no mandato da Dr Emília Silva.

A minha relação com este grupo sempre foi de grande tensão. Primeiro porque não tinha relação com eles, nem fora militante das jotas. Segundo, era um académico ao serviço da praxis política. E acima de tudo, não me reconhecia nesta gente pequena e interesseira, que jogava na intriga e no controle da Juventude Social Democrata uma forma de tomar conta do poder agora vago.

A antiga Presidente de Câmara não se revia também nesta gente, nem lhes dava cobertura. Nem foram beneficiados com os tachos que gostavam de ter tido na gestão municipal durante os seus mandatos. Olhava para eles com desprezo e com desconfiança. Era uma gente sem grande peso político na terra e fora  dela.Sem relevância técnica, cultural e política.
Aliás, foram algumas as vezes em que essa tensão veio a público.Com criticas em jornais contra a antiga presidente de Câmara.

Esta realidade era para mim um estimulo, pois não me revia nesta "gentinha".
Portanto quando tive oportunidade de me opor o fiz com toda a minha força e empenho. Tive o prazer de os afrontar em debates internos e na comunicação social. Ganhei algumas das disputas eleitorais a este pequeno núcleo.

Mas, o momento mais forte e mais digno foi a nossa vitória para a Assembleia Distrital do Porto.

Depois da nossa lista ter sido impugnada pelo "grupinho" dos amigos do Nuno Sá Costa na Distrital.

Foram marcadas novas eleições pelo Conselho Nacional de Jurisdição porque considerou ter havido burla e má fé nas anteriores.E ganhamos com maioria absoluta. Este processo levou à demissão do Nuno Sá Costa de Presidente da Comissão Política do PSD de Baião e a eleições.

Aqui, um dos elementos do grupinho de Sá Costa entra em conflito com o Vereador e antigo candidato à Camara de Baião nas listas do PSD, o Eng Carlos Póvoas (agora candidato nas listas do CDS PP).

Durante este período dois candidatos apresentam intenção de organizar listas para a CPC doPSD. Carlos Póvoas e Luís Sousa. Do nosso não houve interesse em fazer uma candidatura. Na altura eu era o secretário da Mesa do Plenário e não considerava abandonar essa função.

É nesta altura que os "amiguinhos" que sempre conspiraram contra a Doutora Emília Silva se dividem e entram em luta pelo controle do PSD de Baião. Esta guerra interna leva Carlos Póvoas, António José Carvalho e Nuno Sá Costa a uma tentativa de lista. Mas não conseguem organizar os apoios necessários.

Luís Sousa aproxima-se da nossa facção e acaba por ter o nosso apoio. E ganha as eleições.

Neste cenário aceito ser o Vice-Presidente desta Comissão Política, sabendo que não posso confiar em todos os membros que faziam e ainda fazem parte da Comissão Política.

Alguns dos seus membros eram aliados do Nuno Sá Costa e funcionavam com uma espécie de "furões" infiltrados na CPC.

As reuniões eram de uma falsidade e hipocrisia. Ninguém confiava em ninguém, nem confia em ninguém. Uma grande parte dos membros nunca apareceu ou deu qualquer contributo para a Terra ou para o PSD de Baião.

Ninguém queria nada de nada. A Comissão Política funcionou at home, na pessoa do seu Presidente Luís Sousa. Era essa a estratégia.

Este cenário leva a grandes tensões entre o Presidente da Comissão Política e o Vereador Carlos Póvoas. Para isso colaborou o segundo vereador do PSD Gil Rocha. Que fazendo parte do grupinho minoritário, jogava silenciosamente na influência de Luís Sousa.

Acenando com a possibilidade de abandonar o lugar na vereação e da possibilidade de Luís Sousa subir a vereador na Câmara de Baião. Nesta jogada e neste pacto já estava selado o acordo entre ambos para a composição das listas para as Eleições Autárquicas de 29 de Setembro de 2013. No fundo tudo se conservaria da forma anterior.

Com a ressalva de o antigo candidato e agora Vereador Eng Pòvoas ficar de fora!...
Pois se assim não fosse seria um obstáculo a sua estratégia. Estratégia deles!...
Pòvoas cai!...


Nada! Mesmo nada iria mudar com este novo ato eleitoral.
Excepto a queda e o afastamento do vereador do PSD Carlos Póvoas.

As pessoas estavam na expectativa de que novas pessoas e novos candidatos aparecessem nas listas do PSD.
Nada disso!...

Aparecem exactamente os mesmos. Deixando de lado o vereador do PSD Carlos Póvoas, que entretanto com a pressão do Presidente da Comissão Política Luís Sousa e a ajudinha de Gil Rocha e de Nuno Sá Costa conseguem o desejado. Deitar fora o Engº Carlos Póvoas.

E a partir daí afirmar Luís Sousa como natural candidato.Esta cena é demonstrativa do maquiavelismo e da falsidade e intriga que reina na política local ao serviço de gente pequena que em nada serve o Bem Público e a Causa Baião!

Mesmo assim, lá fui colaborando com a CPC. Com a elaboração de estudos sobre a Reforma das Freguesias, do PDM, etc. A elaboração de uma Agenda para Baião. A realização de um Contrato InterGeracional com Baião e o PSD. A realização dos Roteiros, etc.

Como fui verificando que as pessoas na Comissão Política do PSD Baião estavam mais preocupadas nas listas à Camara e à Assembleia e Freguesias do que em organizar e planear acções e programas políticos para o desenvolvimento do concelho e das suas populações. Comuniquei ao Senhor Presidente da Mesa do PSD Baião, Doutor Nuno Costa Lobo que me demitia de Vice-Presidente da Comissão Política do PSD de Baião. Tive a oportunidade de o fazer por escrito via email, e mais tarde via telemovel por uma questão de cordialidade.  Informando o Presidente da Comissão Política do PSD de Baião das razões do meu afastamento.

Depois de entregar a minha demissão.

Conclui que nao havia mais nada a fazer no PSD de Baião e pedi a minha transferencia de militante para outra secção do PSD mas na Cidade do Porto. Abandono assim a minha ligação ao PSD de Baião.

Contudo, gostava de deixar aqui a minha gratidão para com todos os companheiros e amigos que comigo estiveram na luta por uma Terra mais próspera e a Pensar um Baião melhor para todos. Em especial um grande e sentido abraço para com a Senhora Doutora Emília Silva. Uma grande senhora, uma grande mulher, uma grande presidente.

Hoje, a Doutora Emília é também uma grande Amiga.








4 comentários:

Anónimo disse...

A verdade finalmente reposta parabéns pela coragem e determinação em desmascarar as pessoas interesseiras de baiao e do PSD. O que querem é o ministério da saúde!

Fernando Matos Rodrigues disse...

Agradeço as palavras. Infelizmente, assistimos a alguma deslocação de interesses para a Àrea da Saúde. Com a colocação de familiares em lugares de destaque nas chefias da saúde. As redes continuam a funcionar e o aparelho distrital aí está a funcionar em prol do caciquismo e clientelismo dos favores e dos tachos. Continuamos a promover gente menor e sem ligação às àreas que governam. A política distrital é assim. Abraço

Anónimo disse...

Admiro a sua coragem nomeadamente ter sido capaz de mencionar nomes...
Mas a política é isto mesmo : " Hoje uns, amanhã outros".
Sá Carneiro também teve os seus problemas e ficou lembrado para sempre entre os militantes e simpatizantes do PSD.
Até sempre, Doutor.

Fernando Matos Rodrigues disse...

Caro amigo,
Estou de consciência tranquila. Em relação a este processo de Eleições Locais 2013, nunca falei nem nunca pedi a ninguém do partido lugar em nenhuma das listas. A minha preocupação nunca foi essa, mas acima de tudo dotar o PSD de Baião de instrumentos e de competências para escolher os melhores e os mais competentes. Aliás, seria ridiculo pedir ou solicitar algum lugar, porque com o curriculo que tenho académico, profissional e de intervenção pública a nível nacional e internacional não precisa de pedir mas de afirmar a minha vontade. Nada disso se passou nem nada disso me preocupou ou preocupa. Reconheço que ao Presidente da Concelhia do PSD e actual candidato à Câmara isso era a sua agenda e a sua certidão de vida politica e publica. Bem como do seu grupinho de gente menor e sem dimensão pública e politica. Abraço a todos