quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A Purga no PSD...em nome da filiação e do clientelismo



O PSD ferido de morte por causa dos resultados eleitorais começa a dar sinais de irracionalidade e de oportunismo partidário.
Abriu a época de caça contra todos aqueles que não concordaram com as decisões que conduziram o PSD a uma situação de irrelevância política, social e cultural nestas últimas eleições. Perante os desastres das eleições do dia 29 de Setembro, os dirigentes do PSD, após um certo período de nojo, deviam  proceder a um debate interno de forma a identificar quais as desta derrota eleitoral.

Mas não.

O PSD preferiu optar por encontrar um bode expiatório que justifica-se a sua própria falta de estratégia e de sabedoria na selecção dos seus candidatos. Sem escamotear o facto de o governo ser muito impopular devido às medidas de cortes e mais cortes por causa do memorando da Troika.

Seria racional que um partido como o PSD opta-se pela via da análise, da critica interna e da discussão, que possibilita-se identificar os erros da estratégia seguida e que levou à quase erosão do PSD a nível local. Mas não, optou pela via mais fácil e mais redutora. Identificar todos aqueles que não apoiaram as listas oficiais dos directórios distritais. E a partir daí, dar inicio a uma purga sem limites e sem justificação. Que levará o PSD para uma situação de erosão e de implosão como partido relevante no contexto da vida política nacional.

Hoje, em alguns jornais já se falava sobre essa purga. Da existência  de listas com centenas de nomes propostos para serem erradicados do PSD.

Esta noticia se for verdade, coloca o PSD perante a sua própria existência biológica de partido. Pelo facto, de todo este processo conduzir a uma espécie de ajuste de contas entre grupos e facções dentro do PSD.

Os aparelhos únicos responsáveis pela hecatombe de 29 de Setembro vão ver aqui a oportunidade de fazer uma purga interna, correndo com todos aqueles que sempre tiveram outra posição, outra estratégia e outra ambição para o Partido e para Portugal.

Eu próprio tive a oportunidade numa das últimas Assembleias Distritais do PSD Porto, alertar para o facto de o partido e a direcção distrital estar a implementar uma estratégia para as autárquicas de 29 de Setembro tendo como base as lideranças locais, isto é, os presidentes das Comissões Politicas de Secção. Situação que conduziria o partido para um fechamento face à sociedade civil. Ainda por cima, com um governo do PSD e CDS-PP com muito desgaste e impopularidade. Os resultados estão aí a provar as minhas duvidas.

Instalou-se no PSD um clima de terror, de instrumentalização e de policiamento.
As liberdades estão cassadas no interior do PSD. O partido não terá a força e a energia renovadora para conseguir ultrapassar este processo de expulsão e de caça a todos aqueles que não alinharam com Marcos Antónios Costas, Aguiares Brancos, Virgilios Macedos e todas as outras figurinhas menores que foram derrotadas nas últimas eleições locais.

Será que o Dr Pedro Vinha da Costa vai mandar expulsar os eleitores de Matosinhos para o concelho do Porto, por não lhe terem confiado o voto? Será que o Dr. Menezes vai propor que se expulse o Povo da Afurada porque não deu o voto ao seu "único herdeiro"? Será que o Enfermeiro Luís Sousa vai abandonar Baião por ter conduzido o PSD local a um estado de insignificância?

Será que o Dr Virgilio vai expulsar o bom povo tripeiro porque não votou nos seus padrinhos políticos?  A irracionalidade tomou conta dos directórios políticos do PSD e teima em asfixiar qualquer tipo de renovação interna do PSD. Nada que nos seja estranho, pois, sempre tivemos essa noção de que dificilmente o PSD se renovaria a partir da queda eleitoral. Mas esta gente miúda e insignificante que "manda" no partido não tem a inteligência e a humildade suficiente para abandonar o lugar pelo seu pé.

Mais, o PSD onde perdeu. Perdeu por sua e exclusiva responsabilidade. O caso de Gaia, Porto, Matosinhos, Paços de Ferreira, Gondomar, etc. A falta de estratégia, o medo em enfrentar os directórios locais que estão na base do directório distrital levaram o partido para uma situação de clausura social e cívica. O partido não se abriu à sociedade e não teve a capacidade de acolher outras sinergias, outras personalidades independentes. O partido optou, e optou mal pelo aparelhismo e pela lógica interna da conservação dos poderes.

Seria pedir nobreza política a quem não sabe viver em democracia interna e entende a vida partidária como um instrumento não para servir a Nação e o seu Povo. Mas está nos partidos como se estes fossem um instrumento de acesso a carreiras bem pagas e a lugares de influência na vida pública.

Lugares estes e carreiras estas que nunca lhes estariam destinadas pela ausência de mérito e pela falta de capacidades intelectuais e técnicas que esta gente miúda não possui. A única marca de água é serem todos, mas todos filhos da Jota SD....

O PSD caminha assim para a sua evidente implosão e irrelevância....

Aliás, este governo é o seu reflexo mais genuíno e mais exemplificativo. Com Passos Coelho o PSD perde em dimensão social, política e cultural.

No nosso distrito o PSD também se foi enclausurando numa espécie de casulo partidário. Esta situação fez do PSD um partido refém de castas, de lobbies, de interesses, de figuras locais e regionais que trocam entre si os lugares de decisão e de comando. Uma espécie de vira de cruz ao serviço da mesma seita e da mesma estratégia.

Todos gostaríamos que os partidos como o PSD tivessem essa força regeneradora, mas perante a necessidade de se avaliar e de se mudar. O PSD optou por ir à caça às bruxas como forma de encontrar uma causa que justifique as suas péssimas opções e estratégias.

No PSD Porto. O Dr Virgilio é o primeiro culpado desta derrota. Foi ele que definiu e implementou a estratégia e a agenda para as eleições locais de 29 de Setembro.

Foi ele e a sua equipa que Identificaram e Aprovaram em Assembleia Distrital as suas escolhas e os seus programas. Escolheram aqueles que segunda a sua leitura eram os mais competentes e os melhores candidatos.

O Dr Virgilio Macedo perdeu e perdeu muito. Agora, seria normal que coloca-se o seu lugar à disposição dos militantes de forma digna e democrática.

Mas não, parece ter optado pela procura de um bode expiatório. Afinal, a culpa é de todos aqueles que durante meses antes das suas escolhas consideravam que a sua estratégia estava errada e que levaria a este resultado.

Mas, é claro que o Dr Virgilio Macedo prefere continuar no "tacho" e lançar as chamas pelos militantes. Incendiando o partido a nível distrital, local e nacional.

Cenário ideal se justificarem derrotas, não pela incapacidade dos seus candidatos mas por uma causa alheia, - os traidores ao partido e à causa.

A que o povo chama de "tachito"....

Eles ficaram sem o "tachito"... Como diria um comentador na noite de 29 "o PSD vai pegar fogo...ficou muita gente desempregada".




1 comentário:

Anónimo disse...

Caro amigo Sr. Professor Matos,
Li com toda a atenção o conteúdo do seu artigo, mas desta vez não vou fazer qualquer comentário sobre o mesmo, uma vez que se trata de matéria interna do seu (!?) Partido.
No entanto vou acompanhar com todo o interesse o desenrolar dos acontecimentos deste processo.
Um grande abraço de pura amizade.
Gomes