segunda-feira, 21 de outubro de 2013

OS POLÍTICOS ESTÃO LOUCOS!


Ainda não tive a oportunidade de fazer uma leitura critica e analítica da Proposta de Lei de Orçamento para 2014. Mas por aquilo que fui registando e lendo a partir de outras fontes e comentários, este OE 2014 pode bem ser a faísca que vai incendiar a sociedade e levar a grandes lutas e movimentos sociais.

Por toda a Europa a insatisfação é latente e preocupante. Aquando de uma visita ao estrangeiro, mais propriamente a Bruxelas e a Paris constatei que havia por aquelas terras do centro da Europa um silêncio desconcertante pelas políticas e pela ausência de liderança europeia. Falando com um casal amigo professores na Universidade de La Cambre, cidade de Bruxelas que teve a amabilidade de me hospedar durante seis dias, a conversa ia sempre para a apatia e a mediocridade do Monsieur Barroso. Esta figura não despertava nestes amigos confiança e perfil de liderança. Era pouco considerado pelas elites da cidade.

Em Paris o mesmo silêncio e a mesma insatisfação. Claro que Paris é uma festa e consequentemente estes sentimentos são mais camuflados pelos turistas que entram e saem da cidade. Mas, nos bairros mais populares e nas zonas residenciais lá estava a insatisfação e a revolta. Paris está no limite da explosão social e politica. O melhor exemplo, deste estado de conflito social e de revolta, encontrou eco na expulsão de uma menina de etnia cigana que em pleno passeio escolar é retirada e enviada para o seu país de origem sem mandato humano que o justifique. Esta situação levantou os jovens franceses para a luta social por direitos humanos e civilizacionais. Afinal, a França de Montesquieu, de Rousseau e de Voltaire não morreram e estão lá no seu genes civilizacional.


Em Portugal, também lá fomos caminhando contra os direitos e os valores sociais e civilizacionais. Um Estado que governado por um "bando de delinquentes" (na célebre expressão do ex-presidente da República Dr Mário Soares) vai cortando nos direitos e atirando todo um povo e uma nação para a pobreza e exclusão. Nas nossas cidades, o silêncio e a resignação estão a dar lugar à tomada de consciência de que o governo da República é inconstitucional, que governa à margem da Lei e age como um "fora da lei". O país está em eminente convulsão social e política. A Europa está em ruptura com os estados membros e com os seus povos e caminha para a sua desintegração.

Estes políticos são loucos.

Os Políticos estão loucos e encaminham as suas nações e os seus povos para o suicídio colectivo. Em segredo e de forma anti-democrática os senhores que governam o planeta decidiram empobrecer os estados e consequentemente os seus povos. Enclausuraram a social democracia num liberalismo tchateriano e ultra-liberal, abandonando os valores e os princípios da social democracia europeia. Colocaram os Estados em situação de dependência e assistência financeira e a partir daí foram destruindo o Estado-Social. Rompemos contratos sociais, aprofundamos as injustiças e afasta-mo-nos da equidade social. É o regresso às velhas formas de desigualdade e de exclusão social; a existência da dicotomia entre pobres e ricos. Aparece novamente o discurso da fatalidade social e da punição colectiva.

Em Portugal, durante estas últimas décadas o Estado fez um esforço por diminuir as formas de desigualdade social, económica, cultural e política. Desde o 25 de Abril que se foram tomando medidas políticas inclusivas e desta forma abrindo a escola a todas as classes sociais sem excepção. Esta política de democratização social e económica do acesso à Escola, promoveu uma maior mobilidade social e diversidade na formação de jovens quadros. Foi possível na mesma Escola sentarem-se ao mesmo lado, na mesma sala, no mesmo recreio o filho do pedreiro e o filho do doutor.

Hoje, penso que começa a ser mais difícil constatar esta realidade social. Aliás, hoje já nem o filho do doutor tem possibilidade de acesso a um ensino e formação universitária gratuita e de qualidade. Com uma política de retrocesso de direitos e regalias sociais, com a desvalorização do trabalho nos países do sul da Europa, vamos aprovando as políticas de exploração e de mão-de-obra escrava dos países que emergem num capitalismo global que reduz o trabalho a uma lógica de mercado desregulado. A Europa ao aceitar a entrada de produtos oriundos da China, de países asiáticos e da América do Sul sem limitações nem regulação está a dar aprovação à exploração de homens, de mulheres e de crianças que trabalham mais de 12 horas de trabalho sem regalias e sem direitos sociais. Um Capitalismo selvagem liderado pela alta finança que controla os directórios dos países ocidentais.

Os jovens turcos da política nacional são o braço deste capitalismo selvagem e desumano. Servem o capitalismo globalizado e desrespeitam as nossas Leis e a nossa Constituição. Governam à margem da lei e falam em nome de um Povo que não é o mesmo que garante a independência da nossa Pátria.

O mesmo se passa no direito à cidade, à habitação e ao emprego. Os políticos aliados a um capitalismo liberal e selvagem agravam as assimetrias e promovem a exclusão e a politização das sociedades. Aprovam e promovem políticas legitimadoras da exclusão social e do empobrecimento dos Povos. Destruindo o Estado e impedindo que o mesmo Estado pode ser um agente de equidade e de coesão entre os seus povos, as suas classes e as suas corporações e instituições.

Estamos perante uma grave crise politica e do estado. O governo governa à margem da Lei e da Constituição. O Presidente da Republica deixou de representar o Povo, a Nação e fala em nome de uma pátria, que não é a Pátria de Junqueiro. A República está órfã de representação política e vive perante uma profunda crise de Estado.

Mas, anda um perfume no ar....de esperança e de luta social.




2 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro amigo Sr. Professor Matos,
Li com toda a atenção o seu artigo, e não fico nada surpreendido com o seu conteúdo, porque num comentário que fiz aqui no seu blogue há cerca de dois meses afirmava categoricamente que a europa e mundo caminhavam perigosamente para um beco sem saída, ou melhor dizendo; a caminho do abismo.
Este capitalismo selvagem que nos tem governado tanto a nível nacional, europeu como até mundial não tem escrúpulos, tudo lhe serve para empurrar a maioria dos seres humanos para a total escravatura.
Reportando – me ao que se passa no nosso País e para aqueles que não têm a memória curta sabem muito bem quem foram os partidos políticos e respetivos dirigentes que a partir do ano de 1976 nos empurraram para esta gravíssima encruzilhada em que nos encontramos. Toda a gente sabe quem foram os partidos políticos e os seus dirigentes que fizeram a integração europeia e assinaram vários tratados altamente lesivos para a nossa soberania sem o Povo português ter sido devidamente consultado para o efeito; é mentira?
E para testemunhar do que fiz referência anteriormente convém aqui lembrar o seguinte:
Em 20 de Março de 1997 o economista Deputado na Assembleia da República e Secretário Geral do PCP Dr. Carlos Carvalhas fez uma intervenção política no hemiciclo sobre a criação da moeda única em que entre outras questões dizia o seguinte:
A CRIAÇÃO DA MOEDA ÚNICA É ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE PARA SERVIR OS DIRETÓRIOS DAS GRANDES POTÊNCIAS EUROPEIAS E PARA DESMANTELAR O ESTADO SOCIAL.
Na altura da intervenção do parlamentar comunista na A. da República a direita (PSD/CDS) e uns que para aí há que se intitulam de esquerda mas que de esquerda não têm rigorosamente nada, acusaram Carlos Carvalhas do mais ingrato que havia, só que decorridos quase 17 anos a mesma continua altamente atualizadíssima.
Por isso meu caro amigo Sr. Professor Matos chegamos a esta desgraçada situação por causa duma elite politiqueira que se transformou nestes últimos 37 anos num serventuário e “autênticos lambe botas” deste capitalismo terrorista que suga o nosso Povo até ao tutano.
Abraço amigo!
Gomes

Fernando Matos Rodrigues disse...

Caro amigo Gomes,
as suas palavras são sábias e demonstram que a memória é o único instrumento eficaz para combater a mediocridade e a ignorância dos interesses que levam a nossa Pátria para um abismo sem retorno.Infelizmente,o nosso povo andou entretido com as obras e as festanças do regime. Andava tudo louco pelo consumo das viagens, dos acessórios, dos lustres e dos carrões. Trocava-se de carro como quem ia à missa ouvir "o pai nosso e o credo"...Eram sinais de demagogia, de fuguetório, de "cagança". E o nosso Povo lá foi na "cagança" e na "festança". Como diria o poeta "fraco povo faz fraco rei e fraco rei faz fraco reino"....Enfim, cá estamos no pico da ressaca. O Povo perdeu os anéis e as festanças, já vendeu os lustres e fica somente a incredulidade de não saberem objectivar a realidade.